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28 de janeiro de 2019- Visualizações: 2733
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Dano colateral
Marcelo Renan D. Santos
Mais lama, mais vítimas, mais desculpas, mais caos: a tragédia em Brumadinho.
Mais uma tragédia ambiental brasileira tomou conta dos noticiários internacionais no dia 25 de janeiro de 2019. Outra barragem, mais lama, muito mais vítimas. O presidente da empresa dona da barragem vai à televisão pedir desculpas e lamentar. Enquanto escrevo, um dia depois do desastre, ainda não há um número exato de vítimas fatais, mas sabe-se que serão muitas.
Como sou veterinário, recebo inúmeras convocações para atuar voluntariamente e levar doações para os animais afetados, como se tivesse havido um acidente natural, como um furacão ou terremoto, e não genocídio culposo. Enquanto isso, o caos de informação se repete, falta um plano eficaz de ação, órgãos federais se eximem de atuar em uma tragédia “apenas” estadual. De um lado, vítimas sepultadas por uma grossa camada de lama; de outro, os responsáveis pelo crime desculpando-se como se isso fosse algo a se fazer diante de uma tragédia dantesca.
Certa vez ouvi de um militar especialista em operações na selva que um grande acidente sempre é precedido por uma sucessão de erros até ocorrer aquilo que ninguém esperava, mas que era totalmente previsível. Negligência é a fórmula certa para dar errado. Enquanto isso, os congressistas se preparam para votar o pacote de facilitação do licenciamento ambiental a fim de impedir o tal atraso no desenvolvimento nacional. Aí a negligência vira lei e mais tragédias virão, mas agora respaldadas juridicamente. Afinal, o que são vidas humanas soterradas? Se for em prol do desenvolvimento econômico, vale a pena a perda, pois isso é apenas dano colateral.
Cada vez mais nos afastamos da graça maravilhosa e redentora e vamos construindo armadilhas para nós mesmos. A esperança nesse momento parece ingenuidade, mas temos de renovar a fé. Viver tendo em mente que o que mantém essa máquina destruidora é aquilo que colocamos como prioritário em nosso cotidiano e que faz de nós consumistas vorazes de bens de consumo. Por esse ângulo, participamos da tragédia, e não é do lado das vítimas.
• Marcelo Renan D. Santos, médico veterinário e ecólogo, congrega na Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória, ES.
Leia mais:
» Consequências irreparáveis da tragédia em Mariana
» Um rio de desesperança
Mais lama, mais vítimas, mais desculpas, mais caos: a tragédia em Brumadinho.
Mais uma tragédia ambiental brasileira tomou conta dos noticiários internacionais no dia 25 de janeiro de 2019. Outra barragem, mais lama, muito mais vítimas. O presidente da empresa dona da barragem vai à televisão pedir desculpas e lamentar. Enquanto escrevo, um dia depois do desastre, ainda não há um número exato de vítimas fatais, mas sabe-se que serão muitas.Como sou veterinário, recebo inúmeras convocações para atuar voluntariamente e levar doações para os animais afetados, como se tivesse havido um acidente natural, como um furacão ou terremoto, e não genocídio culposo. Enquanto isso, o caos de informação se repete, falta um plano eficaz de ação, órgãos federais se eximem de atuar em uma tragédia “apenas” estadual. De um lado, vítimas sepultadas por uma grossa camada de lama; de outro, os responsáveis pelo crime desculpando-se como se isso fosse algo a se fazer diante de uma tragédia dantesca.
Certa vez ouvi de um militar especialista em operações na selva que um grande acidente sempre é precedido por uma sucessão de erros até ocorrer aquilo que ninguém esperava, mas que era totalmente previsível. Negligência é a fórmula certa para dar errado. Enquanto isso, os congressistas se preparam para votar o pacote de facilitação do licenciamento ambiental a fim de impedir o tal atraso no desenvolvimento nacional. Aí a negligência vira lei e mais tragédias virão, mas agora respaldadas juridicamente. Afinal, o que são vidas humanas soterradas? Se for em prol do desenvolvimento econômico, vale a pena a perda, pois isso é apenas dano colateral.
Cada vez mais nos afastamos da graça maravilhosa e redentora e vamos construindo armadilhas para nós mesmos. A esperança nesse momento parece ingenuidade, mas temos de renovar a fé. Viver tendo em mente que o que mantém essa máquina destruidora é aquilo que colocamos como prioritário em nosso cotidiano e que faz de nós consumistas vorazes de bens de consumo. Por esse ângulo, participamos da tragédia, e não é do lado das vítimas.
• Marcelo Renan D. Santos, médico veterinário e ecólogo, congrega na Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória, ES.
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