Opinião
30 de julho de 2025- Visualizações: 5745
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Como pensar sobre a ética de Deus e o problema do mal?
A Ética de Deus – normas da ação divina e o problema do mal
Por Arthur Henrique S. dos Santos
O problema do mal é amplamente reconhecido como um dos principais desafios à crença em Deus. Resumidamente, existem filósofos que argumentam que o mal e o sofrimento – ou talvez a quantidade e a intensidade do mal que existe no mundo – colocam em xeque a existência de um Deus perfeitamente bom, onipotente e onisciente. Esse tema é muito debatido em materiais da filosofia analítica da religião. Na própria série Filosofia e Fé Cristã, o Manual Oxford de Teologia Filosófica aborda esse problema em três capítulos. Mas será que não existem pressupostos que precisam de mais atenção? Por exemplo, como a visão que assumimos sobre a ética de Deus impacta nossa reflexão acerca do problema do mal? No livro A Ética de Deus, nova publicação da Editora Ultimato em parceria com a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), Mark C. Murphy, professor de filosofia religiosa na Universidade Georgetown, se dedica a lidar atentamente com a relação entre a ética da agência divina e o problema do mal.
REVISTA ULTIMATO – LIVRA-NOS DO MAL
O mal e o Maligno existem. E precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.
O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos outros com o mal] e porque pedimos para sermos livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse assunto a sério?
É disso que trata a matéria de capa da edição 413 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mal e a Justiça de Deus – Mundo injusto, Deus justo?, N. T. Wright
» O Deus Que Eu Não Entendo – Para compreender melhor algumas questões difíceis da fé cristã, Christopher J. H. Wright
» Não imite o que é mau, por Ronaldo Lidório Saiba mais:
» Série “Filosofia e Fé Cristã”
» A filosofia afasta as pessoas de Deus? Perguntas e respostas fundamentais sobre filosofia, Painel
Por Arthur Henrique S. dos Santos
O problema do mal é amplamente reconhecido como um dos principais desafios à crença em Deus. Resumidamente, existem filósofos que argumentam que o mal e o sofrimento – ou talvez a quantidade e a intensidade do mal que existe no mundo – colocam em xeque a existência de um Deus perfeitamente bom, onipotente e onisciente. Esse tema é muito debatido em materiais da filosofia analítica da religião. Na própria série Filosofia e Fé Cristã, o Manual Oxford de Teologia Filosófica aborda esse problema em três capítulos. Mas será que não existem pressupostos que precisam de mais atenção? Por exemplo, como a visão que assumimos sobre a ética de Deus impacta nossa reflexão acerca do problema do mal? No livro A Ética de Deus, nova publicação da Editora Ultimato em parceria com a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2), Mark C. Murphy, professor de filosofia religiosa na Universidade Georgetown, se dedica a lidar atentamente com a relação entre a ética da agência divina e o problema do mal.Para fazer isso, Murphy, em primeiro lugar, analisa o conceito de Deus a partir da tradição do filósofo medieval Santo Anselmo. Para a tradição anselmiana, Deus é o ser cujas perfeições são todas elevadas a seu nível máximo intrínseco. Por exemplo, Deus não é apenas conhecedor, Deus é onisciente; Deus não é apenas bom, ele é perfeitamente bom. A partir dessa maneira de compreender Deus, Murphy tenta compreender qual o núcleo da ética de Deus, isto é, como devemos pensar sobre as razões de Deus para agir de uma maneira em vez de outra. Ao fazer isso, ele defende – de modo bastante rigoroso – que Deus tem uma ética própria distinta das normas morais às quais suas criaturas estão sujeitas.
Isso tem uma implicação central para o debate acerca do problema do mal. Boa parte dos filósofos que debatem sobre tal questão, seja a favor ou contra a existência de Deus, tendem a adotar uma posição que trata Deus como se ele estivesse sujeito às mesmas normas morais que nós, suas criaturas, estamos sujeitos. Contudo, Murphy sugere boas razões para pensarmos que talvez isso seja um pressuposto problemático. E, se Murphy estiver correto, isso significa que os argumentos contra a existência de Deus que partem do mal e do sofrimento estão fadados ao fracasso. Afinal de contas, tais argumentos seriam embasados em uma visão da ética de Deus que eles não poderiam presumir. Assim, o trabalho de Murphy implica que não é possível usar o problema do mal para argumentar contra a existência de Deus.

Dito isso, gostaria de elencar alguns motivos pelos quais a leitura da obra de Mark Murphy vale muito a pena para teólogos, filósofos e até cristãos em geral que tenham interesse em temas da teologia filosófica. Em primeiro lugar, A Ética de Deus é um exemplo primoroso da reflexão filosófica séria e rigorosa acerca de Deus, de modo que pode levar o leitor a compreender melhor o que significa Deus ser perfeitamente bom e perfeitamente amoroso. Em segundo lugar, a obra oferece uma ótima alternativa para pensar uma resposta teísta ao problema do mal. Em contextos de igrejas nas quais os jovens têm dúvidas intelectuais sobre a fé cristã, inclusive sobre o problema do mal, essa obra se torna imprescindível para líderes cujo coração pastoral deve levar ao cuidado amoroso com esses jovens. E, em terceiro lugar, uma das teses mais interessantes de Murphy é a de que o amor de Deus é algo contingente: Deus poderia não nos amar, mas ainda assim ele livremente nos ama. Refletir filosoficamente sobre isso não é útil apenas intelectualmente, é algo que deve nos encher de louvor e admiração por um Deus que livremente decidiu nos amar. E, em meio a todo o rigor filosófico, A Ética de Deus nos leva ao louvor e à admiração por esse Deus amoroso.

Dito isso, gostaria de elencar alguns motivos pelos quais a leitura da obra de Mark Murphy vale muito a pena para teólogos, filósofos e até cristãos em geral que tenham interesse em temas da teologia filosófica. Em primeiro lugar, A Ética de Deus é um exemplo primoroso da reflexão filosófica séria e rigorosa acerca de Deus, de modo que pode levar o leitor a compreender melhor o que significa Deus ser perfeitamente bom e perfeitamente amoroso. Em segundo lugar, a obra oferece uma ótima alternativa para pensar uma resposta teísta ao problema do mal. Em contextos de igrejas nas quais os jovens têm dúvidas intelectuais sobre a fé cristã, inclusive sobre o problema do mal, essa obra se torna imprescindível para líderes cujo coração pastoral deve levar ao cuidado amoroso com esses jovens. E, em terceiro lugar, uma das teses mais interessantes de Murphy é a de que o amor de Deus é algo contingente: Deus poderia não nos amar, mas ainda assim ele livremente nos ama. Refletir filosoficamente sobre isso não é útil apenas intelectualmente, é algo que deve nos encher de louvor e admiração por um Deus que livremente decidiu nos amar. E, em meio a todo o rigor filosófico, A Ética de Deus nos leva ao louvor e à admiração por esse Deus amoroso.
- Arthur Henrique S. dos Santos é graduado e mestrando em filosofia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
REVISTA ULTIMATO – LIVRA-NOS DO MALO mal e o Maligno existem. E precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.
O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos outros com o mal] e porque pedimos para sermos livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse assunto a sério?
É disso que trata a matéria de capa da edição 413 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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» O Mal e a Justiça de Deus – Mundo injusto, Deus justo?, N. T. Wright
» O Deus Que Eu Não Entendo – Para compreender melhor algumas questões difíceis da fé cristã, Christopher J. H. Wright
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» Série “Filosofia e Fé Cristã”
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