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Opinião

C. S. Lewis, Pentecostes e os dons do Espírito

Por Rosifran Macedo
 
Num sermão, na celebração de Pentecostes, Lewis fala sobre a descida do Espírito Santo e a manifestação com o dom de línguas[1]. Embora veja como um tema embaraçador, ele fala que tem muito a aprender sobre o assunto e que o apóstolo Paulo reconhece a fonte espiritual ou sobrenatural para o fenômeno. Uma das dificuldades é que na história da igreja ele tem surgido de forma intermitente, ligado em especial aos movimentos avivalistas, com pessoas “explodindo em uma torrente” de expressões que parecem não ter coerência, e não há como garantir que em todas as instâncias tenha sido obra do Espírito Santo. 
 
Por outro lado, não há como negar que os discípulos em Pentecostes falaram, pelo poder do Espírito, em outras línguas, desconhecidas para eles, mas inteligíveis para pessoas presentes, e marcou o nascimento da Igreja, proferido por Jesus. Mas alguns acharam que eles “estavam embriagados” (At.2.13) e o incrédulo moderno explicaria como “uma histeria, uma descarga involuntária de excitação nervosa”. Lewis admite que há semelhanças entre estes comportamentos. “Parece, portanto, que devemos dizer que o mesmo fenômeno que, às vezes, é não apenas natural, mas até patológico, é em outras ocasiões... ação do Espírito Santo. E isso parece à primeira vista muito surpreendente e muito aberto a ataques.”
 
Em resposta, Lewis apresenta a teoria da Transposição, crucial no seu entendimento de toda a realidade espiritual. Existem várias dimensões existenciais (espiritual, emocional, sensorial) e os recursos da inferior são mais limitados do que da superior. As emoções são mais abundantes do que os sentidos, e para compensar os sentidos usam “a mesma sensação para expressar mais de uma emoção – até mesmo, para expressar emoções opostas”. Por exemplo, ao receber uma notícia surpreendente – aprovação num concurso ou um desastre, as respostas dos sentidos são muito parecidas – adrenalina, taquicardia, agitação; para emoções opostas, gozo intenso e tristeza profunda. A dimensão da fala é mais rica que a da escrita e se temos de escrever uma língua com muitos sons de vogais, mas temos um alfabeto com apenas cinco vogais, teremos que usar uma mesma vogal para representar sons diferentes, é o caso de avô e avó. 
 
A dificuldade é que há uma continuidade óbvia entre as experiências espirituais e naturais e a manifestação do sobrenatural apresenta os mesmos elementos do natural. Emoções, imagens e expressões espirituais não contém nada que não seja emprestado da natureza. Os místicos expressam suas emoções com linguagem que em outro contexto, como o erótico, tem um significado bem diferente. Palavras como: amado, paixão, desejo, apaixonado.
 
Sabemos que há muita simulação ou manipulação dos dons espirituais, mas temos que reconhecer que também há manifestações genuínas. Aquele que não acredita no sobrenatural irá julgar todas as experiências apenas pelas expressões naturais, descrevendo-as como embriaguez ou histeria. Já quem acredita no sobrenatural, mas não nos dons do Espírito, pode descrever como histeria ou alguma manifestação do mundo espiritual. É muito difícil alguém que não acredita nos dons conseguir fazer uma observação objetiva e discernir se são genuínas. Sigamos o conselho de Paulo: “procurai, com zelo, os melhores dons”[2] e andemos no caminho sobremodo excelente do amor. 

• Rosifran Macedo é pastor presbiteriano, mestre em Novo Testamento pelo Biblical Theological Seminary (EUA). É missionário da Missão AMEM/WEC Brasil, onde foi diretor geral por nove anos. Atualmente, dedica-se, junto com sua esposa Alicia Macedo, em projetos de cuidado integral de missionários.

Nota
1. The Weight of Glory, Harper SanFrancisco, 2001, p. 91-95
2. 1 Cor 12.31

Imagem
Pentecost (1732), por Jean II Restout | Wikimedia Commons (editada)

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