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Opinião

A Teologia Dialoga Com a Filosofia?

Por Davi Bastos
 
Para Thomas H. McCall, autor de Teologia Analítica: A Teologia em Diálogo com a Filosofia, lançamento da Editora Ultimato em parceria com a ABC², a teologia pode e precisa dialogar com a filosofia.
 
Muitos filósofos afirmaram que o cristianismo é irracional. Essa tendência foi bem forte em vários segmentos filosóficos, mas caracterizou marcadamente o positivismo lógico do início do século 20. Essa forma de filosofia dominou nas universidades de fala inglesa por um tempo, e ela afirmava que a religião, a moral e a metafísica tinham um estatuto tão irracional que não conseguiam nem mesmo serem afirmações falsas. Para que pudessem ser falsas, elas precisavam fazer um mínimo de sentido, e, segundo os positivistas, essas disciplinas tinham tanto sentido quanto uma sequência aleatória de caracteres, “3hlll.na/idjzn u^ b?ve l&ls_kw FFF@$lç.;[[”, por exemplo.
 
A filosofia analítica ficou conhecida por sua associação com o positivismo lógico, e, portanto, teve sua fama bem maculada entre os teólogos e os religiosos em geral. A situação, contudo, mudou drasticamente.
 
Como nos conta McCall, a filosofia da religião e a teologia filosófica renasceram nas universidades anglófonas, e o positivismo lógico caiu em quase absoluto descrédito (ao menos em sua forma mais agressiva e contundente). O trabalho de filósofos cristãos como William Alston, Alvin Plantinga, Nicholas Wolterstorff, Marilyn McCord Adams e Robert Adams foi marcante para o renascimento da filosofia da religião dentro da filosofia analítica.
 
O filósofo ateu Quentin Smith, analisando esse período em retrospecto, afirmou:
 
A secularização do mundo acadêmico começou a se desfazer rapidamente com a publicação do influente livro de [Alvin] Plantinga sobre teísmo realista, God and Other Minds [Deus e outras mentes], em 1967. Os filósofos profissionais puderam constatar que esse livro revelava que os teístas realistas não estavam superados pelos naturalistas nos requisitos mais apreciados pela filosofia acadêmica: precisão conceitual, rigor argumentativo, erudição técnica e profundidade na defesa de uma cosmovisão original. Esse livro, seguido sete anos depois por um outro livro ainda mais impressionante de Plantinga, The Nature of Necessity [A natureza da necessidade], deixou claro que um teísta realista estava escrevendo no mais alto nível de qualidade da filosofia analítica e no mesmo campo de jogo que Carnap, Russell, Grünbaum e outros naturalistas. [...] Deus não está ‘morto’ na academia; ele voltou à vida no final da década de 1960, e agora está vivo e passa bem em seu último reduto acadêmico: os departamentos de filosofia.
SMITH, Quentin. “The Metaphilosophy of Naturalism” [“A metafilosofia do naturalismo”]. Philo 4, v. 4, n. 2, p.195-215, 2001.
 
Esse renascimento da filosofia da religião teve inicialmente uma preocupação apologética, isto é, estabelecer a racionalidade da crença na existência de Deus. Mas foi muito além disso. Logo que os filósofos começaram a discutir os argumentos para a existência de Deus, depararam-se com diversas questões sobre a própria natureza de Deus, sobre os métodos que temos para conhecê-Lo, e sobre a coerência e compreensão de diversas doutrinas cristãs, como a encarnação, a expiação e a trindade.

 
A filosofia da religião se diversificou a tal ponto que os filósofos reconheceram que o que eles estavam fazendo agora já não era simplesmente filosofia, mas era teologia. Teologia filosófica, teologia com as ferramentas e métodos da filosofia – da lógica, da metafísica, da epistemologia, da análise conceitual e de vários outros campos da filosofia.
 
McCall nos explica que esse tipo de teologia filosófica passou a ser chamado de “teologia analítica”, um campo novo e entusiasmante de estudo. O livro de McCall é um tratado introdutório sobre a teologia analítica. McCall apresenta o que é esse campo, o que ele deve ser e o que ele precisa ser. Também nos mostra o que ele não deve ser e o que ele não precisa ser. Ele responde a diversas preocupações e objeções contrárias ao projeto da teologia analítica e nos diz que a teologia analítica não precisa cair em nenhum desses equívocos.
 
Essas considerações são preciosíssimas e indispensáveis para toda e qualquer pessoa interessada em teologia ou filosofia da religião, especialmente cristãos. Mas não bastasse isso, McCall nos oferece quatro estudos de caso no livro em que ele nos apresenta de forma direta e resumida quais são as discussões na literatura hoje de teologia analítica sobre livre-arbítrio e determinismo, a dupla natureza de Cristo, fisicalismo cristão e criação e evolução. McCall também aponta caminhos e sugestões nos quais a teologia analítica deve expandir para que seja de fato uma teologia teológica (no sentido de John Webster).
 
Provavelmente este é o livro mais importante da Série Filosofia e Fé Cristã, uma apresentação inicial da teologia analítica e uma defesa de sua legitimidade e de seu valor – não por um filósofo mas por um teólogo evangélico conservador. Uma leitura importantíssima para teólogos, filósofos, pastores e líderes.
 
  • Davi Bastos é casado com Samara e pai de Moisés, Anastácia (in memoriam) e Irene. É editor da série de livros Filosofia e Fé Cristã (Editora Ultimato) e doutorando em filosofia na Unicamp. 

PARA QUE TODOS SEJAM UM – A UNIDADE DA IGREJA É POSSÍVEL?  | REVISTA ULTIMATO
 
Qual a melhor resposta para um mundo cada vez mais dividido e para uma igreja cada vez mais polarizada? Pode parecer estranho, mas a resposta bíblica é óbvia: a Unidade em Cristo. E a pergunta que se segue é: “Que unidade é essa?” Aquela pela qual Jesus orou (Jo 17.23). 
 
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