Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

Ubuntu.

A palavra ubuntu, advinda do dialeto africano, nos oferece a expressão de que uma pessoa só pode ser uma pessoa através de outra pessoa. Dou uma pincelada, ser humano somente acontece, quando me encontro e completo, com outro ser humano. Afinal de contas, ninguém nasce pronto, acabado, perfeito e esse processo de encontro com o outro, nos forma, como seres de sentimentos, de afetos, de razão, de imaginação, de desejos, de vontades, de transcendência, de fé.

É bem verdade, em meio a uma realidade direcionada e marcada pelo individualismo, pela força, ao invés da compreensão, do sucesso, ao invés da lealdade, da ambição desenfreada, ao invés da compaixão, da crença do ser solitário, ao invés do partilhar e compartilhar, como creditar e acreditar na condição viável de ubuntu? Ora, ao falar de ubuntu, chego a conclusão de que ser gente, de que ser pessoa, de ser humano e de que minha humanidade adquire sentido, destino e motivo de ser, de viver, de fluir e confluir, quando percebe o quanto o outro a completa e complementa, sem incorrer numa perda de particularidades e peculiaridades, de cada um.

Vou adiante, não existo, porque penso, como detalhou o filósofo Rene Descartes, mas sim, porque pertenço e atinjo a percepção de que vivemos uma profunda ruptura e desordem, em função de insistir na auto – suficiência, na autonomia, no indivíduo senhor de si mesmo, todavia, a consequência disso tem sido nossa desumanização, a propagação de uma fé e de uma espiritualidade aversiva a ouvir e considerar o outro. Quer queiramos ou não, somos seres de escolhas e eleições, que tem sua personalidade e história construída, dentro de uma sucessão de vivências e decisões, com outros seres humanos, com a natureza, com o próprio universo, com o nosso íntimo.

Sem hesitar, ubuntu nos aponta para diferenças e sutis nuances ou diversidades ou idiossincrasias. Em outras palavras, faz menção a dons, a vocações, a habilidades que nos tornam dependentes e interdependentes, levam – nos a uma reciprocidade, a uma troca, a um aprendizado mútuo e, tudo isso, com o propósito de atender nossas necessidades, satisfações, nossa busca por segurança e norte. Aliás, ubuntu aborda o quanto os atributos espirituais, mas que só obtem valia, quando encarnados nas inter – relações humanas, como justiça, misericórdia, generosidade, piedade, compaixão, hospitalidade, solidariedade, fraternidade, amor, esperança, dedicação, reconciliação, restauração e outros.

Não há como negar, eis uma interpenetração de ubuntu com Jesus Cristo, a Graça do kairos para todos, porque na sua ausência, coisas são mais importantes, conquistas passam a ser cultuadas, como a presença impactante do inefável, do divino, do maravilhoso, do grandisoso, a retenção, a acumulação de reconhecimento. Entrementes, o ser imagem e semelhança de Deus, pelo qual nos conduz a sermos respsonsáveis e tratarmos, cada ser humano, com o respeito, acima de conceitos, condicionantes e categorizações compromissados e comprometidos a separar pessoas, por causa de questões sociais, ideológicas, de gênero, políticas, religiosas e outras.

Deveras, ubuntu traz a tona a dignidade humana, como valor germinal de todos os demais valores sejam de ordem intrínseca e ou extrínseca, porque, lá no fundo, todos somos seres humanos, imagem e semelhança de Deus, alcançados pela justiça restauradora e reconciliadora, não para pertencer a uma religião, com seus dogmas, com suas doutrinas, com suas teologias. Em direção oposta, pertence a humanidade, como seres humanos, seres de inspiração e criação, como imagem de vida a ser praticado.

É bem verdade, em tempos de um mercantilismo do ser humano, ubuntu nos questiona sobre como tratamos os fracos, com generosidade ou com exploração; os desiludidos, com manipulações e com a intenção de os fazer marionetes de idealismos seculares ou transcendentais. De certo, o ser humano apresenta um exponencial, um colossal e um inegável progresso, nos mais amplos e difusos setores do conhecimento científico e tecnológico, todavia, isso parece que não derrubou os arames farpados, entre judeus e palestinos; não removeu os escombros, na Síria; não se lembra de que os refugiados merecem esperança e não confinamentos em prisões e lançados a todas as formas de violências; não conseguiu firmar enredos de inter – relação dialogal e outros exemplos que resumem um vazio ensurdecedor e emudecedor de não tratarmos os outros como devem ser vistos, interpretados e tratados: seres humanos, imagem e semelhança de Deus, a consumação da trajetória de Jesus Cristo.

Tristemente, ubuntu acaba por ser descartado, considerado uma perda de tempo e recurso. Ademais, as palavras de Jesus, tudo está consumado, decreta que o ódio não se vence com ódio, a indiferença com indiferença, a rejeição com rejeição, o desprezo com desprezo, mas com esse amor, sem nos alienar, ciente de nossas fragilidades e sem jogar fora que somos muito mais que partes de um sistema de uma alegria artificial, feliz 2019.
São Paulo - SP
Textos publicados: 204 [ver]

Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.