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Palavra do leitor

O reino deles é desse mundo: o marxismo “cristão” (parte 1)

“- A Igreja Católica se posicionou em geral a favor do “Sim”…

-Porque às vezes os fiéis são mais importantes do que seus pastores, e os pastores claudicam. Esses 6,5 milhões de votos [pelo “Não”], alguém disse com muita razão, são os votos de um país crente, de um país que zela por seus valores e não compactua com o materialismo histórico, a de um país que não se deixa manipular, mas muito menos se deixa manipular pelo materialismo histórico, pela ruína da família, pela ruína dos valores espirituais. Quando os membros das Farc se declaram marxistas-leninistas, não se esqueçam que isso é materialismo histórico, cuja meta futura é a sociedade sem classes, sem família e sem religião”.

Fernando Londoño Hoyos (advogado, economista e ligado ao Partido Conservador Colombiano, referindo-se ao plebiscito que ocorreu na Colômbia, por ocasião dos acordos negociados em Havana entre o governo de Juan Manuel Santos e as Farc, transmitido pelo programa La Hora de La Verdad, em 10 de outubro de 2016)

Essa compreensão da radical incompatibilidade entre valores espirituais e materialismo histórico, que está tão clara no contexto colombiano, parece pouco conhecida no contexto brasileiro. Habitualmente, debates que envolvem algum aspecto relacionado à política são tratados como debate político puro e simples, em que qualquer opinião é entendida como expressão de partidarismo. Deve-se, portanto, advertir que aqui não é o caso já que se expõe apenas esclarecimentos sobre conceitos.

Apesar da possibilidade de que cristãos individualmente, ou mesmo a igreja como um todo, se manifestem em contradição com a missão cristã, isto não quer dizer que seus exemplos devam ser julgados adequados do ponto de vista da doutrina. Assim, o exame lógico dos princípios cristãos é conclusivo quanto à certeza de que o materialismo necessariamente se opõe ao cristianismo e o nega. A metafísica materialista defende em sua versão mais radical que nada existe de espiritual mas apenas matéria, ou que a dimensão espiritual da realidade é efeito resultante de causas materiais. No caso do materialismo histórico, como ficou conhecida a doutrina marxista, isso significa que os conteúdos da consciência humana não passam de ilusão resultante da posição ocupada nas relações de produção, mais exatamente na luta de classes. Crenças e valores bíblicos tidos como sagrados são reduzidos a uma compulsiva falsificação ideológica da realidade, a cumprir a perversa função de garantir e legitimar a dominação burguesa sobre a classe explorada.

Ainda que rebaixado a este significado tão indigno e humilhante já por Karl Marx, o cristianismo passou a tolerar e mesmo se deixar seduzir pelo materialismo por influência de autores chamados revisionistas que reorientaram estrategicamente o movimento revolucionário ao longo do século XX. A perseguição à religião parecia trazer mais dificuldades do que a fecunda ideia de gradualmente conquistá-la para seu manejo como instrumento na disseminação do marxismo na cultura de cada sociedade. Algumas das referências mais famosas que seguiram tal tendência foram Antonio Gramsci, George Lukács, Ernest Bloch e os adeptos da Teoria Crítica, também conhecidos como a “Escola de Frankfurt”. Evidentemente não se trata de aliar-se à religião tradicional para conservar seus fundamentos, mas de aos poucos esvaziá-la de todo o seu horizonte transcendente. Alinhado à finalidade da transformação da sociedade, ditada pelos marxistas, o cristianismo se converteria finalmente num representante do espírito laico e imanentista, no fundo, do ateísmo.

Para lograr uma tal façanha o marxista encara o rebanho cristão assim como um missionário lida com os nativos no campo. No estado em que se encontra a cultura presente, há símbolos, valores e todo um vocabulário convencional que a mensagem missionária assume como ganchos, por via dos quais se aproximam as referências do pregador e dos ouvintes. Assim, por exemplo, o amor ao próximo, a compaixão e a caridade, são usados pelo proselitismo marxista para alegar uma suposta preocupação em comum com a igreja no tocante à pobreza e aos sofrimentos humanos a ela associados. Porém, ao contrário da responsabilidade ética individual em que consiste cuidar dos pobres para a igreja, a abordagem marxista opera um monumental desvio de direção. Já não se trata mais de ações que assistem diretamente ao pobre mas de um combate feroz às chamadas classes dominantes e ao modelo de sociedade que afirmam beneficiá-las. É, portanto, a redução do valor cristão à adesão a certa vertente partidária e engajamento num movimento estritamente político. Desde esta perspectiva, passa a fazer sentido a defesa de ditadores genocidas, campos de concentração e paredões de fuzilamento do passado e do presente em nome da compaixão cristã, por incrível que isto possa parecer para quem ainda não se converteu a esta apostasia.
Campinas - SP
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