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Palavra do leitor

Guerreiros da sobrevivência e confissões de uma figueira

Com os olhos não apenas nas próprias necessidades, desejos, problemas e dificuldades, pode-se perceber realidades abarcando inúmeras situações cotidianas ao redor: atrocidades, opressões, refugiados buscando sobrevivência entre nós, crianças órfãs, catástrofes, desastres naturais e enchentes, corrupção, guerras, famintos, desempregados, desabrigados, doentes, mendigos, viciados em drogas, depressivos etc., etc. Então, um coração egoísta é estranhamente tomado repentinamente por um sentimento de empatia e compaixão.

Assim ocorreu a um cidadão que saía de casa cotidianamente para sua caminhada matinal. Uma das primeiras pessoas que encontrava era uma mulher (jovem senhora ou senhora jovem...) empurrando um carroceria de ferro com apetrechos da reciclagem. Misto de timidez e sisudez, seu rosto evidencia sofrimento com determinação na luta pela sobrevivência. Franzina, porém forte e firme. Não seria para qualquer um aguentar conduzir aquela carroça cheia de objetos usados e dispensados, movida a tração humana.

Ele não tinha certeza se "bom dia" era a melhor saudação, embora a forma mais pragmática social de expressar seu respeito e educação sem intuito de ultraje com "olhar de pena" a uma gladiadora de valores, que não pedindo nada a ninguém, cedo corria atrás do seu, a fim de ganhar dignamente seu sustento e pão.

Uma ânsia do cidadão era falar do grande amor do Cristo que a comprou por preço inestimável. Não mera inconformação, lembrava dos direitos fundamentais da tal Constituição da República Federativa Brasileira. Haveria outro modo da mulher não precisar se expor à chuva, frio ou neblina em pleno alvorecer para sobreviver?

Se ela ouvisse uma mensagem que expressasse o quanto era preciosa aos olhos de Deus reagiria como uma ideia vazia saturada, ironia educada, impaciência, emoção, reflexão, gratidão, impressão de assédio ou raiva pela presunção soberba da religião que faz com que uns se considerem supostamente "portadores da salvação"?

Pelas ruas da cidade você observa de tudo um pouco... Olhando os guerreiros da sobrevivência (brava gente brasileira, gente honesta, gente sofrida!) verás vendedores ambulantes (de água, doces etc.), artistas de rua ou de metrôs e ônibus, ex-dependentes químicos (vendendo seus produtos e relatando suas vidas como se pedisse apoio social para recomeçar a viver com credibilidade e honestidade), panfletistas, transportes alternativos, transportes clandestinos, aqueles que gritam seus produtos comerciais ou propagandas etc.

Uma vida financeira mais estável, melhores condições de trabalho, salário, justiça social é o que eles precisam – não evangelização, "catequização", pois a necessidade humana é de menos desigualdade econômica – e não mais "religião", diriam alguns amigos meus. E os que experimentaram a alegria da salvação em Jesus, como responderiam?

Se você tem onde reclinar a cabeça, família, dirige seu veículo, pega o trem ou metrô rumo ao seu local de trabalho estável e com direitos assegurados (ou é autônomo, empreendedor, profissional liberal, empresarial etc.), curte bons momentos em casa ou na rua, viaja, congrega, tem momentos lazer e hobby, sonha, luta, alcança... ou acessa internet a qualquer hora, mesmo com dificuldades e eventualidades dos desafios diários, a vida não lhe deu chibatadas como nos nossos irmãos mundo afora - alguns dos quais não têm o direito nem de tomar dois banhos ao dia. Assim, perto de alguns aqui talvez sejas tentado a se sentir fracassado, mas perto de outros perceberás o quanto és felizardo, privilegiado e devedor, como disse o apóstolo Paulo.

Ao contrário de Caim dizendo não ser tutor de seu irmão, "Levar as cargas uns dos outros" e "Chorar com quem chora e se alegrar com quem se alegra" é também mandamento se não nos vemos como o centro. E viver para nós mesmos é mediocridade e mera ilusão, pois como está escrito em Romanos 14:7: "Ninguém vive para si mesmo, nem morre para si. Se vivemos para o SENHOR vivemos; se morremos para o SENHOR morremos; vivendo ou morrendo somos dele.

"Quem pensa somente em si, quer ganhar um jogo que já perdeu, mas quem sabe abrir mão de si, compreendeu a vida, jogou venceu", compôs João Alexandre. Talvez por essa razão, ao longo da história déspotas, tiranos e absolutistas foram enterrados e relegados ao esquecimento, enquanto pessoas anônimas sem nenhuma sede de glória e aplausos deixaram legado vivo, sendo reconhecidas pós-morte (sem nunca buscarem), homenageados em memória, livros, canonização ou estátuas, pois serviram a Deus e aos outros com dons e talentos que a Ele devolveu.

Por vezes viajei silencioso por horas com a cabeça baixa lendo ou com fones nos ouvidos, enquanto ao meu lado alguém - amizades poderiam ser criadas e Jesus compartilhado. Prejuízo incalculável! Se Jesus está em nós, Ele será sociável. Corta o coração ouvir uma voz (canção de Stênio Marcius: "Confissões de uma Figueira") dizendo: abandona o egoísmo, ninguém é o fim de si mesmo, olhe ao redor e alimenta a multidão.
Alagoinhas - BA
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