Eu, o cachorro e a mulher

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Em junho de 2016 fui ao Rio dar umas voltas e já reservei a passagem da volta para a noite do outro dia, as 22h30. A viagem de ida foi tranquila, cheguei lá de manhã, procurei um hotel próximo à Rodoviária, me instalei e depois saí para tomar um ônibus e conhecer alguns pontos da "Cidade maravilhosa". Saí da Rodoviária, passei no centro, nas praias e fui até a Barra da Tijuca. Passei no Flamengo, em Ipanema, Botafogo, Leblon, Copacabana e num túnel famoso que fica próximo à Favela da Rocinha. Na Barra da Tijuca desci do ônibus, tomei um lanche e depois voltei para a Rodoviária e para o hotel. Na quinta feira à noite tomei o ônibus de volta. Sentei na primeira poltrona e quando eu estava me ajeitando entrou uma senhora com uma caixa tamanho médio, sentou na poltrona da janela e colocou aquela caixa entre nós diminuindo sensivelmente o meu espaço. Conversando com ela fiquei sabendo que naquela caixa tinha um cachorro. O leitor já deve ter imaginado a minha reação. Resumindo: foi uma viagem péssima, incômoda e até hoje eu me pergunto: por que permitem levar animais dentro de ônibus? Detalhe: a mulher estava indo para o Mato Grosso. Esse episódio marcou muito a minha vida e mudou a minha opinião em relação ao que fazem neste país quando o assunto é viagem de ônibus e creio que com outras viagens também. Alguém poderia alegar: "Você não pagou a passagem, portanto pode viajar de qualquer jeito". Não paguei a passagem por direito legal com base no fato de eu ter mais de 60 anos e ser aposentado e isto é para todas as pessoas que se adequam a esta situação, inclusive a senhora que viajou ao meu lado. Eu nunca pensei que em um ônibus, em pleno Século XXI pudessem viajar animais misturados aos passageiros. Segundo aquela senhora me disse, o motorista permitiu porque o animal que tinha vindo até ali no bagageiro estava em posição incômoda. Então por que permitiu que ela levasse o animal? Nos ônibus deveria ter um local próprio para aninais viajarem. Resumindo: o animal (que não tem culpa de nada) acabou tomando o espaço de um passageiro que pagou "a vida toda" por seu espaço no ônibus. Esse imbróglio acabou me acompanhando desde então. Pensei em procurar uma autoridade para me informar e ainda penso nisto, pois imagino que isto ainda deve estar acontecendo por este imenso País. Essas experiências danosas acabam abrindo outros precedentes e de repente vão levar porcos, galinhas e até outros animais maiores em ônibus que deveriam levar apenas passageiros. Neste País a gente não sabe até onde vão os nossos deveres e os nossos direitos, parece que tudo aqui é relativo. Fico imaginando um ônibus, ou mesmo um trem transportando pessoas e animais cruzando esta país-continente de Norte a Sul. O mal cheiro, o barulho misturados às necessidades fisiológicas que todos têm. Vão ter que fazer banheiro para animais, ou eles usarão os banheiros dos humanos? E a alimentação deles como fica? Digo isto porque se uma pessoa pode levar, os direitos são iguais para todos. Sou um cidadão que pensa e escreve, posso ter a cara e até o corpo de bobo, mas não sou bobo. Nem os políticos conseguem me enganar facilmente, embora eu já tenha sido enganado algumas vezes por confiar em seres humanos que, na verdade, são desumanos. Fiz uma viagem péssima, a metade do meu espaço foi ocupada por uma caixa contendo um animal, sem falar no mal cheiro que exalava. Estava muito cansado, dormi um pouco, mesmo encolhido e torto. Finalmente cheguei em Campinas e pude, finalmente, esticar as pernas. Depois pensei que, provavelmente, muitas pessoas passam por situação idêntica por esse Brasil onde existem tentas leis, mas o cidadão continua sendo tratado, muitas vezes, pior do que um animal. Isto não é um protesto: é algo que eu queria partilhar com os meus leitores que aqui me acompanham há mais de 12 anos semanalmente e de forma ininterrupta. Fiquem todos com Deus!

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Opinião do leitor