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Palavra do leitor

Ele não lavava as mãos, mas os pés

Jesus não estava isento da sujeira deste mundo, ele também precisou se limpar. A religião judaica (Jesus foi um judeu) apresentava alguns rituais para purificação, relacionando a sujeira ao pecado. A purificação do pecado (o que exigia derramamento de sangue) possibilitava uma pessoa tornar-se, santa (separada dos impuros). Livre das impurezas ela poderia assim ter comunhão com um Deus puro. Então ela se tornava duplamente livre: livre do pecado, que a aprisionava e livre em Deus, que lhe abria um universo novo – o seu Reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Os fariseus exageraram na dose em sua suposta busca por santidade. Os rituais de purificação se multiplicaram exponencialmente e passaram a ocupar o centro da religião empurrando o juízo, a misericórdia e a fé para a periferia. Jesus não pactuou com eles nisto. Por isso eles se admiraram e o censuraram: “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão” (Mt 15:2). O mestre, como uma criancinha do primário, devolveu a provocação: “Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?”

Nossa igreja (de tradição) evangélica vive uma crise terrível, no Brasil e no Mundo. Faustini a descreve como um Titanic que vai de encontro com um iceberg, apontando dez pontos dignos de reflexão. Para Gondim o movimento evangélico está no final de um ciclo. Ele aponta três razões para isso, onde a crise de identidade se situaria no âmago da questão. Augustus Nicodemus considera o estado da igreja alarmante. (E pelo que tenho experimento na Europa nesses dez anos, posso assegurar que essa situação não é um “privilégio” brasileiro).

Alguns (e confesso que às vezes me encontro no meio deles) não aceitam de bom grado críticas sobre a igreja. Mas o fato é que a situação é tão gritante que não temos mais como tampar o sol com a peneira. Temos que dar ouvidos a toda e qualquer crítica, de fora ou de dentro dos muros eclesiásticos! Temos que analisá-las e tentar mudar o curso, antes que o naufrágio aconteça.

Sem dúvida alguma nossa identidade está vazia de significado. Evangélico, na melhor das hipóteses é o cristão que não é católico. Um elemento positivo, “cristão” e um negativo, “não católico”. Como o elemento positivo, “cristão” há séculos já perdeu seu sentido, na maioria das vezes o caráter negativo é o preponderante. Conseqüentemente somos identificados mais por aquilo que não fazemos: não fumamos, não bebemos, não transamos, não usamos cruzes, e assim por diante. Uma identidade baseada em negação não é uma identidade própria mas uma anti-identidade. O pior, tudo isso não são preconceitos dos "incrédulos", mas refletem a nossa triste realidade...

Afinal, o que queremos negar? De que estamos fugindo? Do que queremos nos limpar?

Jesus não tornou-se conhecido pela sua higiene. Ele se misturava com os impuros e mais tarde levou seus discípulos a dar um gigantesco salto cultural (para a sociedade judaica da época) e comer com gentios. Me admiro sempre em pensar que Jesus também se deixou batizar - simbolicamente também uma purificação de pecados. O batismos, porém, se distigüia dos rituais da lei, pois além de estar ligado à confissão e ao arrependimento não era um rito oficial. Por que esta identificação tão íntima do Messias com os pecadores?

O Mestre se humilhou ainda mais ao lavar os pés dos discípulos. Poderíamos traçar aqui infinitos paralelos espirituais e filosóficos sobre aquela atitude de Jesus. Muito há que ser aprendido desta passagem tão profunda do Evangelho de João, mas para este momento retenhamos somente o seguinte: a humildade servil (de um mestre) é o que traz purificação para o seio da igreja.

E você, que exerce liderança em sua comunidade, assumirá seu papel nessa faxina, ou como Pilatos, se isentará de sua responsabilidade, se contentando em lavar somente as próprias mãos?
Fürth - EX
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Site: http://teologia-livre.blogspot.de/

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