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Palavra do leitor

Deus escreve certo, por linhas tortas?

Deus escreve certo, por linhas tortas?

‘’A oração deve nos levar a, somente, ser, sermos nós e não querermos fazer, fazer para convencer a Deus’’.

A realidade de nossos tempos parece não suportar ouvir a palavra ‘’fracasso’’. Sem sombra de dúvida, somos inundados, dia a dia, minuto a minuto, por todos os lados, por essa busca a direção do sucesso, de ser bem sucedido, de ser aprovado, de nunca errar, de não olhar para baixo. Até parece ser o único caminho a ser seguido, por cada um de nós. Mesmo aqueles marcados por um estilo diferenciado de viver, em retiros espirituais, a par das alternâncias e oposições, das paixões e dos anseios, desenham os contornos de uma espécie de sucesso. Nada de fracasso, nada de faltas, nada de falhas! Agora, ser humano, implica adentrar no palco de situações e eventos nem sempre com critérios de uma lógica de os justos, os certos, os bons, os corretos recompensados e, os opostos, não. É bem verdade, desde nossa tenra infância, acabamos enredados por essa ditadura do provar, do competir, do mostrar, da troca disso para receber aquilo, da conquista (por afeto, por atenção, por amor, por compaixão, por dignidade) e, de forma alguma, queremos ser vistos, como fracassados e estandartes do fracasso. Acreditamos no autocentrismo, na autonomia, no fazer o que quero e pronto, como enredos de uma vida, com significado, entretanto, os turbilhões, as tensões, os não (s), as derrocadas podem nos abrir para novos caminhos, sem nos confinarmos em um eu egoísta e cruel: conosco e com o próximo. Lá no fundo, aspiramos a maximização perpétua do sucesso e da conquista e fugimos do fracasso, das falhas e das faltas, como o diabo da cruz. Vale dizer, mesmo com tais constatações, estamos sujeitos a enfrentar e passar por esses eventos. Muitas vezes, um casamento desmorona, embora tivesse ocorrido a presença da fé, do amor, da dedicação, da doação, do partilhar e o resultado se fez no divórcio, se fez nas cicatrizes da alma, se fez no por qual não pode ter sido de outro jeito. Muitas vezes, o acesso de uma criança, diante de um compêndio de referencias morais, de cuidados, de oportunidades, não a privou de ser um adulto derrotado, arruinado, atormentado. Muitas vezes, todos os esforços e recursos despendidos pela ciência, não puderam salvar vidas de uma doença. Muitas vezes, a inclinação de pessoas públicas pela justiça e pelo respeito ao ser humano, não exerceram os meios adequados para reduzir os bolsões de excluídos, de miseráveis, de indigentes. São essas e outras pontuações de fracassos, malgrado não tenham sido motivados diretamente, mas por terceiros. Evidentemente, não afirmo e muito menos reafirmo uma teoria do fracasso, do sofrimento, da desgraça, do dissabor para nos levar a Deus, nos ensinar algo, nos fazer melhores, porque nem sempre acontece. Diametralmente oposto, não estamos imunes aos fracassos, mas não são a última e a única palavra. Digo isso, porque famílias não desistem, médicos não desistem, cientistas não desistem, juristas não desistem, mães não desistem, empreendedores não desistem, amigos não desistem, pastores não desistem, você não desiste. De certo, o adágio popular, a qual diz que Deus escreve certo, por linhas tortas, cai, como uma luva, na vida, no ministério e na trajetória de Jesus. Afinal de contas, a vida de Jesus pode ser tido como um fracasso, sem precedentes. O seu ministério se pautou no amor e no se importar, na feitura de milagres e maravilhas, no partilhar e multiplicar, entretanto, qual foi a consequência? As pessoas não o deveriam considerar como um ícone da justiça e da dignidade? Não foi bem assim, condenado a crucificação, desprezado, em prol de Barrabás, todos seus atos e escolhas não desaguaram em um abrupto e facínora fracasso? O cenário do ministério de Jesus, com o céu enegrecido, com o silêncio mórbido do abandono, interrompido pelas gargalhas dos zombadores, o suicídio de um dos doze, a traição estampada de outro, a fuga dos demais e o fim de uma proposta de viver para o outro. Cadê o seu Deus e Pai? Cadê suas boas novas? Cadê um novo tempo? Simplesmente, sobrava o fracasso e mais nada. O fracasso faz parte da vida de cada um de nós, não venho dizer o destino do fracasso. Os fracassos sejam grandes ou pequenos podem nos levar a carregar o peso da culpa, do abandono, da deserção, como algo incurável, torturador ou nos abrir caminhos para recomeçar. O fracasso nos apresenta a questão de mudar a rota, alterar posicionamentos, de rever a agenda, como pode nos lançar aos calabouços do desespero ou da anulação de si mesmo (como o ocorrido com Judas). Noutro lado, o discípulo Pedro, em meio aos estilhaços, refez sua agenda, percebeu que não dá para ler a vida, a ferro e fogo, como tudo ou nada, a qual o orientou a compreender que ser humilde não representa ser tolo e isso o ajudou a ser a pedra da consideração, pelo qual a igreja se ergueu. A escolha de Pedro o fez envolto pela incerteza, pela insegurança, pela sensação de que tinha de ser punido e banido, como se Deus tivesse um registro para anotar, tanto nossos sucessos quanto nossos fracassos, para jogar na nossa cara (olha, te perdoei, tudo bem, mas). Não há como negar, o fracasso nos causa vergonha, nos envergonha, sentimo – nos desapontados, portadores de deficiências, figuras inúteis e não merecedoras. Sempre é de bom parecer ressaltar, o evangelho de Jesus, o Cristo, nos remete a um Deus com uma forma singular de que não se vale das nossas medidas de sucesso e fracasso, não põe o ser humano, nesse pêndulo, nesse bem me quer e mal me quer. Novamente reitero, viver não nos isenta das falhas, das faltas e dos fracassos, contudo, nos abre caminhos para uma esperança que nos faz ir adiante, resgata nossa identidade de filhos, de seres humanos, de feitos para boas novas. Talvez, o que mais nos assola, passa e perpassa por essa ilusão de sermos oniscientes, onipresentes e onipotentes, porque não somos: não. Quantas pessoas se martirizam, por querer reger sua historia, dentro do sistema – ‘’sucessos e fracassos’’, ‘’de receber os créditos, em tudo’’, ‘’de nunca ouvir o adverbio não’’, e como essa lista de conquistas e conquistas nos atribui um estado de stress e ansiedade. Deveras, o ministério de Jesus não se limitou, até sua crucificação, em função de que escolheu a bondade, a entrega, a esperança, não sem esforço, mas com a coragem e a honestidade para reconhecer não ser a causa de tudo, o centro de tudo. Por fim, o fracasso incomoda, nos faz cabisbaixos, aparentemente eliminados, desqualificados e, sem hipocrisia, a boa mão do Senhor se dispõe a levantar nossa face e declarar nossa criação para boas novas.
São Paulo - SP
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