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Opinião

Quem tem ouvidos para ouvir...

Ele ouve as crianças e acredita que toda igreja saudável deveria ouvi-las também. O teólogo canadense Dan Brewster está há mais de 30 anos envolvido com a Compassion Internacional – uma organização cristã que atende e ajuda crianças em vulnerabilidade social em todo o mundo. Muito mais do que um tipo de “apêndice” da igreja ou um ministério menor, para Dan, ouvir e cuidar integralmente das crianças é base para a sustentabilidade da igreja como manifestação do reino de Deus hoje.

Dan Brewster faz parte de um grupo de executivos cristãos envolvidos em organizações sociais como Tearfund, Visão Mundial, Cristo para la Ciudad, Movimento Teologia da Criança, entre outros, que têm investido esforços no sentido de influenciar a igreja para que ela cumpra um papel relevante e essencial no resgate e restauração de crianças, famílias e comunidades afetadas pela injustiça social e violência ao redor do mundo. Ele insiste em dizer que no trabalho de defesa da criança há um espaço que apenas a igreja é capaz de ocupar.

Leia a seguir algumas das reflexões de Dan sobre Deus, a criança e como ela precisa ser vista em nossas igrejas.

Ouvir a criança é responsabilidade da igreja se ela quiser ser obediente a Jesus

Dan Brewster afirma que temos lido o texto bíblico sem dar a devida importância ao que ele tem a dizer sobre a criança. Por isto, temos sido desobedientes a Jesus no que diz respeito a elas.

“Alguns acreditam que a Bíblia tem muito pouco a dizer sobre as crianças. Mas, um exame mais minucioso das Escrituras — um com a criança em mente — revela que as crianças são muito importantes no texto bíblico. Crianças desempenham um papel significativo à medida em que a mensagem da Bíblia é revelada. Deus ama e protege as crianças. A Bíblia demonstra que as crianças são extremamente perspicazes em compreender as coisas de Deus. Ele as usou, várias vezes, como mensageiras ou modelos — especialmente quando os adultos pareciam ter se corrompido demais e se tornado surdos para ouvir ou responder.

Os discípulos discutiam entre si sobre quem seria o maior no reino por vir. Jesus, conhecedor desta discussão, pegou uma criança em seus braços e declarou: ‘Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.’ Mt 18.3

Se encaramos Jesus com seriedade, devemos então prestar atenção nisto. Raramente presta-se a devida atenção à criança que Jesus insere no meio desta discussão. Para muitas igrejas hoje as crianças são a "grande omissão”! Falhamos em ver como a teologia e a prática cristãs estão intimamente ligadas à criança, são ilustradas por ela, e só podem ser compreendidas se a inserirmos no centro de nossas reflexões.
Nossas prioridades estão atrapalhadas na igreja. Subvalorizamos o potencial das crianças tanto como objetos e também como agentes da missão.

A Bíblia ensina claramente que é preciso levar as crianças a sério, porque com certeza Deus o faz! Talvez nada entristecesse mais à Jesus do que o fazer uma criança “tropeçar”. Em Mateus 18:5-6, Jesus diz que aquele que fizesse com que um dos pequeninos pecasse, deveria ter uma pedra de moinho atada ao seu pescoço e que deveria ser afogado nas profundezas do mar. Jesus não tinha nenhuma paciência ou consideração por qualquer um que agisse de forma perversa com as crianças.
Qualquer que seja a realidade encontrada na vida de uma criança, Deus a considera preciosa. As Escrituras são ricas em princípios que ilustram este fato.”

Para Dan Brewster, uma igreja cristocêntrica é também uma igreja que sabe acolher e valorizar a presença das crianças em seu meio (e aqui ele inclui, na medida do possível, todas as crianças de uma comunidade, ricas ou pobres, saudáveis ou não, socialmente vulneráveis ou bem amparadas). E isto tem consequências práticas como o uso do espaço, dos recursos e do tempo em cada igreja local.

Ouvir a criança é responsabilidade da igreja se esta quiser desfrutar de comunhão em comunidade

Dan Brewster crê que as crianças são elementos essenciais e indispensáveis para qualquer comunidade de fé.

“Antes de mais nada, as crianças são um sinal da bênção de Deus. Elas são uma parte essencial da comunidade da aliança. Na verdade, as atitudes e a abertura para o aprendizado típicas das crianças ilustram a relação que Deus quer ter com os adultos. Jesus usa as crianças como exemplos da dependência humilde que o reino de Deus exige dos adultos. Assim também, suas famílias e comunidades devem valorizá-las e ensiná-las sobre os caminhos e sobre a palavra de Deus.”

O missiólogo afirma que apesar de serem grandes presentes, são também vulneráveis e precisam do nosso amparo. Ele cita o trabalho do Dr. Vinay Samuel, do Oxford Centre for Mission Studies. Para este, a criança exibe ao nascer duas características básicas: vulnerabilidade e transcendência.

“Deus se coloca do lado dos vulneráveis e considera as crianças dignas de proteção. Quando crianças são negligenciadas, abusadas ou vitimadas, Deus se entristece. Jesus defende fortemente a necessidade de protegê-las.

Mas porque são transcendentes, as crianças parecem ter uma percepção inata da melhor forma de servir a Deus. As crianças são adoradoras. Elas foram projetadas para louvar a Deus. O louvor não é algo aprendido à medida que crescem — ele faz parte de sua natureza e finalidade, hoje. As crianças louvam a Jesus mesmo quando os adultos o rejeitam. Além disso, na Bíblia as crianças provam que podem ser agentes escolhidos para a missão de Deus. As crianças são não só aqueles que seguem, mas também aqueles que Deus envia para exercer liderança. O próprio Deus escolheu entrar neste mundo como um bebê, numa família e comunidade, não como rei, sumo sacerdote ou rabino.

O fato que teólogos e a Igreja ignoraram estas realidades bíblicas pode ter implicado em graves consequências na nossa compreensão geral das Escrituras e no entendimento relativo às crianças. Concordo com meu amigo, Dr. Keith White quando ele pergunta,
‘E se tivermos ouvido errado ou negligenciado a revelação de Deus sobre crianças e a infância? E quanto aos possíveis efeitos de tal processo na história e na vida atual e nas formas de ser da igreja? E se afinal, nosso padrão não for sal e luz neste mundo? E se a nossa visão do reino dos céus tiver se tornado um reflexo pálido do que Jesus revelou?’
Será possível desfrutar de comunhão em comunidade sem levar em conta a visão de Deus em relação à criança? Que mudanças práticas precisamos implementar em nossas igrejas para que elas espelhem a visão bíblica das crianças vivendo em comunidade? São perguntas muitíssimo importantes para Brewster.

Ouvir a criança é responsabilidade da igreja se esta quiser ser relevante para a sociedade

Brewster acredita que Deus tem em grande conta a capacidade das crianças de compreender a fé e de participar nas atividades relativas à redenção e que isto as torna grandemente relevantes para qualquer comunidade e para a sociedade em geral.

“Pense em como a história de Israel seria diferente, se, por exemplo, a irmã de Moisés, Miriam — ela mesma ainda uma criança – não tivesse resgatado Moisés do Rio Nilo!

Ou então pense na mensagem dura que Deus tinha para Eli, o líder espiritual de Israel. O capítulo 3 de I Samuel nos informa que Deus deu esta mensagem para Samuel ainda menino. O versículo 7 nos diz que Samuel ainda não conhecia ao Senhor: ‘A palavra do Senhor ainda não lhe havia sido revelada.’ Sendo assim, Eli era a única voz espiritual que Samuel conhecia. No entanto, Deus confiou ao menino uma mensagem de julgamento muito difícil de se entregar. Eu lhe pergunto, você confiaria tal mensagem a uma criança? Claro que não — mas Deus o fez. Fica claro então que ele tem uma atitude diferente da nossa para com as crianças.

Ou considere ainda o relato de uma jovem levada cativa para o trabalho servil, e que sabendo como Deus usava a Eliseu, insiste com o poderoso general sírio Naamã que vá ter com o profeta e peça a cura. Conforme o relato de II Reis 5, a jovem que poderia ter se tornado amarga e ressentida, age com carinho e boa vontade: 'Se o meu senhor procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra.' O coração dela estava cheio de compaixão.

O conhecimento e fé da menina, associados à sua familiaridade com o trabalho de Deus realizado por Eliseu permitiram-lhe exercer um impacto importante sobre sua nação naquela geração. Era ainda era muito jovem. Vivia em uma terra estrangeira com pouquíssima posição social ou liberdade. No entanto, a fé e a confiança desta menina causaram um impacto que levou Naamã e sua família a experimentarem uma transformação integral. Fica claro a partir do texto que ela pode ter até ajudado a promover uma reconciliação e a paz entre as duas nações adversárias.”

De acordo com Brewster, Jesus, já no Novo Testamento, também manifesta uma grande consideração em relação à capacidade das crianças de entender a fé. Não é fato novo, considerando-se que Moisés, Josué e Neemias incluíram as crianças em momentos históricos importantes do povo de Israel, é um fato reafirmado.

“Ele próprio é visto "maravilhando" os anciãos religiosos quando ainda era um menino de 12 anos de idade. Jesus repreendeu os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei quando estes o questionaram sobre o louvor vindo da parte das crianças e a consideração delas para com Jesus. Uma vez no meio de palavras duras sobre arrependimento e juízo, Jesus parou, aparentemente impressionado com o fato de que de alguma forma no esquema divino, de alguma forma, estas verdades estavam ocultas do “sábio” e “entendido” mas eram reconhecidas pelas crianças, ‘Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelaste aos pequeninos.’ Você já parou para pensar sobre o que é que as criancinhas compreendem e que nós adultos não conseguimos entender? Será algo inerente ao espírito delas que não dá para ser articulado? Ou será simplesmente uma capacidade de confiar e interagir, algo que talvez seja muito mais difícil para nós adultos?

E isto tem uma repercussão muito prática para a igreja que quer ser relevante na sociedade que a cerca. Para ele, não há forma mais eficaz de ter impacto sobre uma comunidade do que olhar para as crianças, especialmente as que estão sofrendo, e enxergar nelas tudo o que Deus vê, tanto a sua transcendência como a sua vulnerabilidade, e agir em favor delas.

*Holistic Child Development é um programa de mestrado e doutorado implementado com a ajuda da Compassion em seminários e instituições de ensino teológico em vários países. Este programa está disponível para o Brasil. Interessados devem fazer contato com a Compassion Brasil.

Sobre Dan Brewster
Dan Brewster é diretor do Holistic Child Develelopment Ministries (Ministério de Desenvolvimento Integral da Criança*) da Compassion Internacional, caminha com a Compassion International há 31 anos, é doutor em missiologia pelo Fuller Seminary e mora com sua esposa Alice, em Penang, Malásia. Trabalhou muitos anos na África e América do Sul. Sua principal contribuição para o movimento evangélico global tem sido na área de defesa da criança (“advocacy”).

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