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Por Escrito

Pandemia, gravidez, missões: tudo junto

Entrevista com Mila Gomides*
 
Mãe missionária fala sobre sua experiência no campo transcultural durante a pandemia

Ultimato entrevistou Mila Gomides, que vive na Tailândia. Ela e o esposo, Tiago, servem no plantio de igrejas no país. O casal tem uma filha e espera outra – as duas únicas netinhas dos avós, que ficaram no Brasil. Mila fala sobre sua experiência como mãe e missionária no campo transcultural durante a pandemia.

Há quanto tempo você está na Tailândia como missionária e quais têm sido suas principais atividades aí?
 
Há dez anos, eu cheguei pela primeira vez como solteira, depois fiz viagens de curto prazo para cá casada, e, há um ano e meio, chegamos como família. No total, são 3 anos em que sirvo em solo tailandês como missionária, e 10 anos de história e relacionamento com este povo que tanto amamos. Atualmente, somos uma família servindo a igreja local, com o foco em plantio de igrejas na Tailândia.
 
Tiago e você têm a pequena Sophia (4 anos) e estão esperando outra menina para fevereiro, tudo em meio à pandemia. Como tem lidado com esses desafios?
 
A bebê se chamará Victoria, para lembrarmos que todos os bebês nascidos durante a pandemia são vitoriosos. Tentar engravidar durante a pandemia é um ato de fé. É um momento de a nossa confiança em Deus ser testada, moldada e, pela graça dele, esticada. Eu creio que o Senhor é o doador da vida e ele sabe as necessidades de cada geração. Não quero aqui ausentar a responsabilidade humana, mas Deus dá a medida certa de coragem, de sabedoria e de cuidado que precisamos para continuar a gerar vida, numa pandemia que tem causado tantas mortes.
 
Como moramos fora, tivemos que lidar tanto com os desafios na Tailândia quanto com a preocupação de nossos familiares e parceiros no Brasil. As únicas netinhas dos nossos pais estão aqui.
 
A pandemia aqui começou antes do que no Brasil. Logo no início, alguns cogitaram que voltássemos ao Brasil. Mas Deus confirmou que deveríamos ficar. Logo em seguida, soubemos que estávamos grávidos. Permanecer na Tailândia foi um meio da providência divina, pois o país tem tido uma conduta severa de combate ao COVID-19. Passamos por um lockdown no mês mais quente do ano, sensação térmica de 50 graus em nossa casa. O calor não diminuiu a energia da Sophia – precisamos ser ainda mais criativos em oferecer atividades para ela.
 
Durante a gestação, como a população está cuidadosa, não me alarmei, mas tenho tomado bastante cuidado com a prevenção. Nesta segunda onda, as mães missionárias que moram no interior e fazem pré-natal na capital precisam fazer quarentena quando retornam da consulta. Nós antecipamos a nossa mudança para a capital para evitarmos os imprevistos no pré-natal e no parto, devido às exigências de quarentena ou possível lockdown.
 
A conduta severa nos transmite segurança, mas apresenta outros desafios. Agora, esperando um novo bebê, alguns hospitais proibiram a presença do pai ou acompanhante durante o parto, mesmo que eles não tenham COVID, por receio da transmissão do vírus. Aqui já é tudo tão diferente... Tiago e eu queríamos muito estar juntos no parto! Tivemos que trocar de hospital durante o pré-natal e, graças a Deus, nosso novo hospital permitirá a presença do Tiago no parto, mas são pouquíssimos os hospitais que permitem.
 
Outro desafio é sermos intencionais no que estamos ensinando para a Sophia nesta pandemia. Esta pandemia marcará e moldará a vida de nossos filhos em sua percepção de Deus e em seu relacionamento com ele. Sophia pede máscara para sair de casa, aprendeu a orar pelos doentes e, quando nos viu empacotando cestas básicas para os irmãos mais pobres, isto a impactou. Ela sabe que Deus está em missão e que ela também está com ele.
 
Você mencionou que “a Tailândia iniciou condutas severas de combate à COVID-19 e se transformou num dos lugares com menos mortes do planeta”. Esta situação se mantém? Como os tailandeses têm visto a presença de brasileiros?
 
Sim. Estamos agora na segunda onda, mas são muito menos casos que no Brasil. No país todo, foram 72 mortes desde o início da pandemia. Mesmo assim, a conduta continua sendo severa. Como os tailandeses têm medo de contrair COVID, eles começaram a olhar para muitos estrangeiros, e brasileiros, como irresponsáveis. Se eles nos conhecem e percebem o nosso cuidado para com eles ficam mais aliviados. Mas, no meio da rua, eles ficam tensos; alguns já até desviaram de nós, pois acham que não somos tão cuidadosos para evitar a transmissão como eles. Os tailandeses são sempre simpáticos, mas Tiago teve alguns episódios de tailandeses em lugares públicos o tratarem rispidamente quando descobriram ele era brasileiro, e falarem que, em nosso país, não cuidamos uns dos outros, por isso temos tantos casos de contaminação e morte. Foram poucas vezes, mas podemos sentir a percepção deles. Tudo isso eleva a importância do nosso testemunho de amar ao próximo como a nós mesmos.
 
E na família extensa: seus pais, sogros e outros familiares entendem o chamado missionário de vocês, mesmo com o sacrifício da distância e dos riscos?
 
Hoje sim, graças a Deus. Mas foi uma construção de anos. Eles são seguidores de Jesus, mas tinham muitas preocupações no início. Depois de quase dez anos em missões, meus pais e familiares já viram tanto da fidelidade de Deus, que hoje estão convictos de nosso chamado e do poder daquele que nos enviou.
 
A força do testemunho como família no campo facilita e aproxima do povo ou dificulta e distancia? De que forma?
 
Facilita muito. Eu fui missionária solteira, casada sem filhos e agora, com filhos. Nunca tive tanta oportunidade de relacionamentos com os locais como agora. Apesar de não ter mais o tempo disponível que tinha antes de me relacionar com os locais, pois tenho que cuidar da família, as nossas filhas são as que mais abrem portas. Sophia chegou na Tailândia ainda muito nova, 2 anos e meio, e não via diferença entre estrangeiros e tailandeses. Ela se relacionava com todos igualmente. E não se intimidava por não saber a língua ainda. Fazia amizade muito rápido. Em todos os lugares em que vamos, existem oportunidades de diálogo por causa dela. Por meio das crianças, chegamos aos pais e familiares dos amiguinhos delas. Sophia foi a primeira a ganhar um nome tailandês em nossa família, porque já tinha muitos amiguinhos. Durante meses, os adultos do nosso bairro não se lembravam do nosso nome, e nos chamavam de os pais da Sophia. Agora, na gravidez, mais uma vez tenho oportunidades diárias de diálogo. Mulheres começam a conversar comigo assim que me veem com o barrigão.
 
Sendo o budismo a religião da grande maioria aí, como ele influencia a criação da pequena Sophia?
 
O budismo está presente em todos os aspectos da cultura. Na Tailândia, a maioria das escolas ensinam a religião, os alunos precisam cumprir os preceitos budistas, como as “orações” diárias na escola, e outros valores morais são transmitidos também. Ser uma pessoa boa é muito enfatizado no budismo aqui, mas existe o lado do medo, da ausência de Deus, e muitos outros ensinos contrários à Palavra. Quando morei no interior, aprendi que alguns pais ensinam aos filhos que, se não obedecerem terão uma reencarnação ruim ou poderão virar seres inferiores. Sophia começou a falar de monstros e fantasmas, que fazem parte da crença popular, e logo tivemos que intervir. Ela vê os altares ou os templos e logo nos pergunta o que são. Quando ela aprendeu a história de Daniel, que ele não se prostrou à imagem de ouro que o rei queria, ela entendeu melhor que existem outros deuses e Deus. Mas que, mesmo assim, Deus nos envia para aquele povo para testemunhar a Verdade, enquanto somos amigos deles.
 
Precisamos orar muito por nossos filhos e pedir muita sabedoria a Deus. Como pais, optamos em não a enviar para a escola ainda. Somos muito intencionais desde cedo em ensinar sobre a Bíblia e sobre o relacionamento com Jesus. Quando ela for para a escola, será um novo desafio.

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