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Colunas — Caminhos da missão

Pandemia, gravidez, missões: tudo junto

Ultimato entrevistou Mila Gomides, que vive na Tailândia. Ela e o esposo, Tiago, servem no plantio de igrejas no país. O casal tem uma filha e espera outra – as duas únicas netinhas dos avós, que ficaram no Brasil. Mila fala sobre sua experiência como mãe e missionária no campo transcultural durante a pandemia.


Tiago e você têm a pequena Sophia (4 anos) e estão esperando outra menina, tudo em meio à pandemia. Como têm lidado com esses desafios?
Tentar engravidar durante a pandemia é um ato de fé. É um momento de a nossa confiança em Deus ser testada, moldada e, pela graça dele, esticada. Eu creio que o Senhor é o doador da vida e ele sabe as necessidades de cada geração. Não quero aqui ausentar a responsabilidade humana, mas Deus dá a medida certa de coragem, de sabedoria e de cuidado que precisamos para continuar a gerar vida durante uma pandemia que tem causado tantas mortes.

Logo no início da pandemia, alguns cogitaram que voltássemos ao Brasil. Mas Deus confirmou que deveríamos ficar. Logo em seguida soubemos da nova gravidez. Permanecer foi providência divina, pois o país tem tido uma conduta severa de combate à Covid-19.

Você mencionou que “a Tailândia iniciou condutas severas de combate à Covid-19 e se transformou num dos lugares com menos mortes do planeta”. Essa situação se mantém? Como os tailandeses têm visto a presença de brasileiros no país?
Sim. No país todo foram 75 mortes desde o início da pandemia. Mesmo assim, a conduta continua severa. Como os tailandeses têm medo de contrair Covid, começaram a olhar para muitos estrangeiros como irresponsáveis. Se eles nos conhecem e percebem o nosso cuidado para com eles, ficam mais aliviados. Tiago teve alguns episódios em que o trataram rispidamente quando descobriram que ele é brasileiro; falaram que em nosso país não cuidamos uns dos outros, por isso temos tantos casos de contaminação e de morte. Tudo isso eleva a importância do nosso testemunho de amar ao próximo como a nós mesmos.

A força do testemunho como família no campo facilita e aproxima do povo ou dificulta e distancia? De que forma?
Facilita muito. Eu fui missionária solteira, casada e sem filhos e, agora, com filhos. Nunca tive tanta oportunidade de relacionamentos com as pessoas locais como agora. Sophia chegou na Tailândia ainda muito nova, 2 anos e meio, e não via diferença entre estrangeiros e tailandeses. Em todos os lugares a que vamos, existem oportunidades de diálogo por causa dela. Durante meses, os adultos do nosso bairro não se lembravam do nosso nome e nos chamavam de ‘os pais da Sophia’. Agora, na gravidez, mulheres começam a conversar comigo assim que me veem com o barrigão.

Sendo o budismo a religião da grande maioria na Tailândia, como isso influencia a criação de Sophia?
Ser uma pessoa boa é muito enfatizado, mas existe o lado do medo, da ausência de Deus, e muitos outros ensinos contrários à Palavra. Quando morei no interior, aprendi que alguns pais ensinam os filhos que, se não obedecerem, terão uma reencarnação ruim ou poderão virar seres inferiores. Sophia começou a falar de monstros e fantasmas, que fazem parte da crença popular, e logo tivemos de intervir. Ela nos pergunta sobre os muitos altares e templos. Quando ela aprendeu a história de Daniel, que ele não se prostrou à imagem de ouro, entendeu melhor que existem outros deuses e Deus. E que, mesmo assim, Deus nos envia para aquele povo para testemunhar a Verdade, enquanto somos amigos deles.

Leia mais:
» Versão ampliada da entrevista “Pandemia, gravidez, missões: tudo junto”

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