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Por Escrito

O dia em que Jesus visitou a minha casa

Por Lucas Sá
 
De origem carente, mas digna, Vinhoto, Vinhaça, Tiborna e Restilo são os últimos representantes de uma longínqua geração de artistas burlescos que manejavam como ninguém a sagrada arte de se viver bem a vida. Nascidos e criados na pacata cidadezinha de Loia de Jão de Belo, foram educados – e muito bem-educados, diga-se de passagem - em casa pelos seus pais. 
 
As preciosas lições de ética (as mais aguardadas) eram ensinadas com extrema euforia pelo patriarca que, deixando o cansaço acumulado pela tripla jornada de trabalho, conservava em todo o tempo um enorme vigor pela vida e ensinava noite afora acerca da arte de viver com sabedoria. 
 
A casa pequena não era motivo de tristeza face ao largo quintal que, por sua vez, era o cenário das mais lindas emoções que alguém poderia acumular. Na hora do almoço, antes de comer, um agradecimento especial era direcionado à galinha Clotilde, uma exímia botadora de ovos que a todos alimentava. Um dia Clotilde se foi. Ela era quase da família, choramingou Vinhaça. Todos choraram... Daí, num dia de escassez, ao comerem o último ovo de Clotilde, veio a preciosa lição da matriarca: “se a comida é pouca, adicione mais farinha e sempre reparta”.
 
O pé de ora-pro-nóbis, sempre farto, junto com fubá, se transformava num rico mingau que aquecia as noites frias. Restilo, mais jovem dos irmãos, ficava de prontidão à beira do fogão de lenha esperando a rapa crocante do fubá encrostado no fundinho da panela. 
 
Da arte do jogral, vieram preciosas lições da Tia Sara Kalen. De jeito grosseiro e bronco, a Tia Sara costumava amolecer ao final e, entre muitos causos e casos, acabou deixando um legado importante na vida dos irmãos Vinhoto, Vinhaça, Tiborna e Restilo. Quando esta tomou a delicada decisão de se mudar para uma outra cidade, todos choraram, mas, ao final, a decisão se mostrou oportuna. 
 
Quando a fase adulta se apresentou, vieram os questionamentos aos corações dos apegados irmãos. 
 
De trejeitos simples, mas não simplórios, os irmãos sabiam como ninguém versar a arte da vida. Sabiam como ninguém manter o sorriso aberto em qualquer situação. Com beleza rara e muita disposição, Vinhoto, Vinhaça, Tiborna e Restilo começaram, paulatinamente, a perceber cada dia mais os olhares fulminantes de preconceito das pessoas que não aceitavam vê-los felizes e a melhorar. 
 
Um dia, Vinhaça teve que consolar Restilo, que aos prantos se lamentava por ter ouvido coisas terríveis sobre a vida. Era o mais novo e não sabia lidar com a arte apreendida de seus pais: a perseverança. 
 
Por sua vez, Vinhoto, sempre confiante de que a vida era mesmo bela, dizia vigorosamente para que toda casa pudesse ouvir: Pois eu sei que jamais eu provado serei, além do que eu possa suportar...
 
Embora a desconfiança e preconceito dos moradores de Loia de Jão de Belo fosse quase que esmagadora, a família se mantinha unida e feliz. Embora todos acreditassem que os irmãos não dariam em nada e que não passavam de um resto, inúteis e sem préstimo, Vinhoto, Vinhaça, Tiborna e Restilo permaneciam sempre confiantes. 
 
Num dia certeiro, daqueles que ficam para sempre na memória, um visitante decidiu pousar na pacata cidade de Loia de Jão de Belo, após o seu cavalo branco fatigar com a longa viagem. Os moradores, sempre esnobes, não sabiam que aquele visitante era o Rei da Coisa Toda, que reunia sob o seu domínio todos os reinos do Norte, Sul, Leste e Oeste. 
 
Como de costume, os arrogantes moradores da pacata cidadezinha de Loia de Jão de Belo negaram ao desconhecido visitante alguma hospitalidade, deixando-o avulso sob a noite fria e descoberta da praça de esportes. Todavia, após mais um dia de extenuante trabalho no canavial, voltava o patriarca para sua casa ansiando encontrar seus pares. 
 
Ao ver aquele Homem, sob a praça fria a se desaconchegar, prontamente ofereceu a sua casa para ali pousar, mas foi logo alertando: “É humilde e com pouco recursos, mas alegria e boas histórias não irão te faltar. Um prato de sopa para você e capim para o seu cavalo igualmente irei providenciar”.
 
Não sabia o patriarca quem era aquele Homem, mas sempre disposto a fazer o bem a qualquer que fosse, daria de comer e beber a qualquer um necessitado.
 
Ao chegar em casa com aquele desconhecido, a matriarca logo estranhou, mas, após alguns poucos minutos, passou a cantarolar (sua marca registrada) e todos tiveram uma noite inesquecível. 
 
Pela manhã, já recuperado o alazão, e antes de prosseguir com a sua viagem, o Homem se revelou para toda a casa. Meu nome é Jesus, sou o Rei da Coisa Toda e vocês foram os únicos a me receber. Fizeram a mim sem esperar algo em troca. Sem barganha o fizeram e, por esta razão, entregarei a vocês o bordão de embaixadores do meu reino. 
 
Todos ficaram boquiabertos, após a grande revelação. “O Rei da Coisa Toda pousou na minha casa”, pensou em voz alta o patriarca. “Será que gostou do meu mingau?”, exclamou agitada a matriarca. No fim, todos relaxaram ao ver que o Rei era simples e acessível como uma pomba. 
 
Antes de montar no alazão, o Grande Rei colocou o Brasão Real sob o marco principal da humilde casinha e fez uma promessa à família: Devo prosseguir minha viagem e resolver alguns assuntos da Coisa Toda, mas anseio revê-los em breve. Quando retornar a Loia de Jão de Belo, e tendo concretizado a minha missão, levarei todos vocês para morarem comigo no meu castelo.
 
Nem precisa dizer o que aconteceu depois...
 
• Lucas Sá é servo de Cristo na Igreja Batista Central de Venda Nova, onde lidera a Rede de Jovens, futuro pai, apaixonado pela história de sua família, advogado e escreveu essa história para homenagear a sua tia Sandra.

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