Opinião
- 14 de março de 2018
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O cenário político do Brasil em tempos difíceis
Por Christian Gillis
“Tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações [...] para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4)
Tempos difíceis
A sensação de que a vida está difícil em nosso país não é mera impressão subjetiva. São dias difíceis realmente. O que confirma o senso de angústia da população brasileira são os graves problemas de segurança (violência e assassinatos, especialmente contra negros e mulheres), a falta de moradia, os péssimos serviços de saúde pública, o transporte urbano precário, as condições paupérrimas do sistema de educação, a falta de saneamento básico e a degradação do meio ambiente.
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos sobre o sistema de produção, o mercado de trabalho e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos que dão sustentação à percepção de que os dias são difíceis: o achatamento do valor real dos salários, a redução do poder de compra, os elevados níveis de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumentos nos preços dos combustíveis (apesar do momentâneo controle da inflação), o crescimento da concentração de renda, certa estagnação da economia (estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada da política de privatizações e o fenômeno da desindustrialização que assola o país (apesar da recente baixa de juros), a falência de empresas e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits públicos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela do IRPF, por exemplo), a comprovada mobilidade social descendente (com muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enorme desigualdade social que caracteriza o Brasil.
A conjuntura econômica do início de 2018, que dá sinais de altos e baixos nos indicadores econômicos, é fator importante tanto para a estabilidade política como para as escolhas eleitorais, mas não será o critério exclusivo para determinar as opções político-partidárias.
>> A fé cristã e os desafios destes tempos difíceis <<
O cenário político no Brasil
O cenário político brasileiro é imprevisível e cheio de variantes. Há muita inconstância no horizonte e incerteza na atmosfera. Peças que hoje aparentam alguma solidez amanhã poderão mostrar-se instáveis.
A apatia e desânimo generalizados com a política, mesmo depois de muitas manifestações e panelaços, devem influenciar as próximas eleições. Diante de governos (executivos) com baixíssima aprovação e parlamentares (legislativos) de qualidade medíocre, gerados por um sistema eleitoral precário, que resiste sistematicamente a reformas qualitativas, a sociedade está cansada da velha politicagem. As perspectivas de renovação efetiva são ínfimas e a desilusão com o sistema de governança abre lacunas perigosas. A rejeição não é só à classe política, mas também aos atuais partidos políticos (que mudam o nome, mas mantêm o velho DNA de atravessadores da corrupção) e à multiplicidade de legendas, muitas de aluguel. É provável que haja uma miríade de abstenções, votos nulos e em branco.
Há um claro vácuo no espaço político atual e, na falta de liderança idônea e capaz, junto com certa confusão quanto aos rumos que estão adiante, oportunistas de toda espécie se movimentam para ocupar o poder. Enquanto a sociedade brasileira parece saber o que não quer, ainda aparenta falta de clareza quanto a que rumos seguir.
Candidatos já se oferecem, alguns saídos de tumbas, outros bem conhecidos no cenário eleitoral, uns mais radicais tentam chamar a atenção – postulando absurdos irrazoáveis – e outros dissimulando seus verdadeiros compromissos políticos e identidade ideológica. Muitos querem, na verdade, um foro privilegiado para se proteger de crimes. A maioria infelizmente busca o poder político como ocasião para benefício próprio. E, em geral, todos ocultam a face com retoques cosméticos na tentativa de tornar a aparência palatável aos eleitores. Houve até os que cogitassem andar para trás, propondo eleições indiretas ou o retorno ao arbítrio violento de uma ditadura militar. O quadro geral sugere um conjunto de insegurança e desespero político.
>> Não fiquem com medo das notícias que ouvirem <<
A polarização é crescente, pois tudo parece embaralhado e confuso. Há muita fúria, ódio, trincas e rachadura – acho que sem precedentes, no país. Fatos são interpretados de modo diametralmente oposto. Enquanto a poeira não se assenta, a ambiguidade de discernimento prevalece. Fará parte do jogo político e eleitoral de 2018 a tentativa de agitar e jogar de um lado para outro os cidadãos, arrastando-os a redemoinhos e refregas, movendo-os por ventos de notícias e correntes de fake news, pela artimanha dos meios de comunicação e redes sociais manipuladas, seja por pessoas (profissionais e ativistas voluntários) ou por robôs virtuais, todos com intenção de aparelhar e induzir o voto do eleitor (inclusive com pressão externa).
É provável que haja reviravoltas no jogo político e eleitoral – inclusive por medidas judiciais – devido à atual fragmentação da força política. Alianças surpreendentes e traições ocorrerão à medida que os fatos políticos agendados para 2018 acontecerem. Há situações que dividirão os políticos no futuro próximo. As empresas não poderão fazer doações para campanhas políticas, mas o dinheiro sairá do nosso bolso, via o enorme fundo bilionário que foi constituído para esse fim. Eventualmente haverá alguma truculência e tumulto que agitarão o cenário eleitoral. Precisamos orar por todos os investidos de autoridade para que o ideal de “vida mansa e tranquila, com piedade e respeito” (1Tm 2.2) se torne realidade no nosso país.
Um fator que pode ser decisivo nas próximas eleições é a ineficácia governamental no trato da questão social. Os efeitos nefastos das novas posturas públicas no campo social já começam a ser percebidos no esgarçamento do tecido social. O progresso social outrora obtido deteriora. O fato é que os cortes de orçamento no campo social, a desregulamentação da legislação de proteção e bem-estar aos mais vulneráveis e a reforma trabalhista – que deu maior proteção ao capital em detrimento do trabalho – resultarão na piora dos indicadores sociais aumentando a insatisfação popular com o governo e legisladores. A proposta de uma reforma da previdência que produz temor, sendo percebida pela maioria da população como prejudicial, instila receio também nos parlamentares, por ameaçar uma eventual reeleição dos que a aprovarem.
É preciso, nessa conjuntura, estabelecer critérios objetivos para escolher candidatos tanto para os cargos executivos (presidente, governador) como para os cargos legislativos (senadores, deputados federais e estaduais). As promessas de campanha precisam ser bem analisadas (de onde virão os recursos? É exequível?). Um critério muito importante a essa altura da história nacional é verificar qual o compromisso do candidato com a democracia, com a separação entre Igreja e Estado e a reforma política. É necessário evoluir do modelo de coronelismo, em que predomina o personalismo dos caciques partidários, para modelos colegiados, de governança compartilhada. De qualquer modo, antes de apertar o botão da urna eletrônica, deve-se ter alguma ciência do plano de governo proposto pelo candidato no qual se depositará sua confiança.
O compromisso absoluto com a democracia
Um dos aspectos mais perigosos do conturbado cenário político brasileiro é o arrefecimento do apreço pela democracia.
Para crescer em paz e desenvolver-se social e economicamente, o Brasil precisa se reencontrar com sua vocação democrática, com seu sentido histórico de progresso organizado, no viés da igualdade. Para isso é necessário resgatar a democracia como princípio inegociável. E as eleições são um instrumento especialmente importante no sentido de consolidar a maturidade democrática da sociedade, a cada rodada que acontecem.
>> Cidadãos do reino, cidadãos do mundo <<
Democracia significa respeitar a escolha coletiva, ainda que contrária à vontade pessoal, tolerando a diversidade de opiniões e preferências, reconhecendo que a pluralidade é uma realidade positiva da condição humana. O democrata reconhece, na síntese da vontade coletiva, o caminho a seguir seja para a cidade, o estado ou a nação.
Democracia não se constrói com bravatas, declarações inverídicas, intimidadoras, boatarias e congêneres. Imagine a qualidade de um projeto que se quer estabelecer com base na insuflação de temores inverídicos nos eleitores. A estabilidade social decorre e se consolida pela justiça! Assim, devemos descartar e desconsiderar tudo que é fantasioso, ainda que venha embalado em rótulos religiosos.
Na democracia o povo avalia o contexto e as circunstâncias e escolhe o que considera ser a melhor opção no momento. Tendo havido oportunidade para todos colocarem as suas opiniões com liberdade, é feita a escolha, e segue-se em frente. A voz das urnas não pode ser tratada de maneira intransigente e raivosa.
Naturalmente nenhum governante ou legislador está acima das críticas. Mas há formas adequadas de discordar e todos têm o direito de ter dúvidas, perguntar mais e, no fim, divergir. O democrata sabe que há meios e modos próprios para contestar e expressar alternativas. E isso, é claro, de qualquer lado! Mas, acima da eventual polarização eleitoral, estão a nação, os valores humanos e a esperança de construir, incluindo os divergentes, um futuro melhor para todos.
Urge uma mudança de atitude dos cidadãos e do conjunto da sociedade: em vez de esperar soluções advindas de políticos messiânicos, deve-se assumir a responsabilidade política e decidir o destino da nação ou estado no sentido de organizar um sistema marcado por justiça e equidade.
Os cristãos entorpecidos, especialmente, precisam recobrar a consciência de cidadania terrena, inspirados pela pátria celestial, pois são integrantes do conjunto social e corresponsáveis pelo seu destino. Este é o tempo histórico em que nos foi dado viver. Deus, em sua missão redentora, não despreza o campo político e Jesus transitou nessa esfera. A alienação, ou a deserção na participação político-eleitoral, tem efeitos nefandos sobre a sociedade toda. Como discípulos de Jesus, precisamos servir envolvendo-nos efetivamente nos processos de transformação social no nosso contexto e compartilhando a herança e valores bíblicos com o mundo ao qual somos enviados, como o Mestre fez ao ingressar na história.
• Christian Gillis é casado com Juliana e pai de três filhos. É pastor da Igreja Batista da Redenção há 25 anos e diretor para América Latina da Rede de Paz e Reconciliação, da Aliança Evangélica Mundial. Integra a governança de Miqueias Brasil.
Nota: Artigo publicado originalmente na edição de março-abril da revista Ultimato.
Leia mais
> Como orar nos dias atuais?
> A ética do amor em tempos de cólera política
“Tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações [...] para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4)
Tempos difíceis
A sensação de que a vida está difícil em nosso país não é mera impressão subjetiva. São dias difíceis realmente. O que confirma o senso de angústia da população brasileira são os graves problemas de segurança (violência e assassinatos, especialmente contra negros e mulheres), a falta de moradia, os péssimos serviços de saúde pública, o transporte urbano precário, as condições paupérrimas do sistema de educação, a falta de saneamento básico e a degradação do meio ambiente.
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profunda crise que o Brasil atravessa deixa um rastro de impactos negativos sobre o sistema de produção, o mercado de trabalho e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Há indicadores objetivos que dão sustentação à percepção de que os dias são difíceis: o achatamento do valor real dos salários, a redução do poder de compra, os elevados níveis de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumentos nos preços dos combustíveis (apesar do momentâneo controle da inflação), o crescimento da concentração de renda, certa estagnação da economia (estimativa de baixo crescimento do PIB), a retomada da política de privatizações e o fenômeno da desindustrialização que assola o país (apesar da recente baixa de juros), a falência de empresas e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits públicos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela do IRPF, por exemplo), a comprovada mobilidade social descendente (com muitos cruzando novamente para baixo da linha da pobreza), o crescimento da fome e da miséria, acentuando, assim, a já enorme desigualdade social que caracteriza o Brasil.
A conjuntura econômica do início de 2018, que dá sinais de altos e baixos nos indicadores econômicos, é fator importante tanto para a estabilidade política como para as escolhas eleitorais, mas não será o critério exclusivo para determinar as opções político-partidárias.
>> A fé cristã e os desafios destes tempos difíceis <<
O cenário político no Brasil
O cenário político brasileiro é imprevisível e cheio de variantes. Há muita inconstância no horizonte e incerteza na atmosfera. Peças que hoje aparentam alguma solidez amanhã poderão mostrar-se instáveis.
A apatia e desânimo generalizados com a política, mesmo depois de muitas manifestações e panelaços, devem influenciar as próximas eleições. Diante de governos (executivos) com baixíssima aprovação e parlamentares (legislativos) de qualidade medíocre, gerados por um sistema eleitoral precário, que resiste sistematicamente a reformas qualitativas, a sociedade está cansada da velha politicagem. As perspectivas de renovação efetiva são ínfimas e a desilusão com o sistema de governança abre lacunas perigosas. A rejeição não é só à classe política, mas também aos atuais partidos políticos (que mudam o nome, mas mantêm o velho DNA de atravessadores da corrupção) e à multiplicidade de legendas, muitas de aluguel. É provável que haja uma miríade de abstenções, votos nulos e em branco.
Há um claro vácuo no espaço político atual e, na falta de liderança idônea e capaz, junto com certa confusão quanto aos rumos que estão adiante, oportunistas de toda espécie se movimentam para ocupar o poder. Enquanto a sociedade brasileira parece saber o que não quer, ainda aparenta falta de clareza quanto a que rumos seguir.
Candidatos já se oferecem, alguns saídos de tumbas, outros bem conhecidos no cenário eleitoral, uns mais radicais tentam chamar a atenção – postulando absurdos irrazoáveis – e outros dissimulando seus verdadeiros compromissos políticos e identidade ideológica. Muitos querem, na verdade, um foro privilegiado para se proteger de crimes. A maioria infelizmente busca o poder político como ocasião para benefício próprio. E, em geral, todos ocultam a face com retoques cosméticos na tentativa de tornar a aparência palatável aos eleitores. Houve até os que cogitassem andar para trás, propondo eleições indiretas ou o retorno ao arbítrio violento de uma ditadura militar. O quadro geral sugere um conjunto de insegurança e desespero político.
>> Não fiquem com medo das notícias que ouvirem <<
A polarização é crescente, pois tudo parece embaralhado e confuso. Há muita fúria, ódio, trincas e rachadura – acho que sem precedentes, no país. Fatos são interpretados de modo diametralmente oposto. Enquanto a poeira não se assenta, a ambiguidade de discernimento prevalece. Fará parte do jogo político e eleitoral de 2018 a tentativa de agitar e jogar de um lado para outro os cidadãos, arrastando-os a redemoinhos e refregas, movendo-os por ventos de notícias e correntes de fake news, pela artimanha dos meios de comunicação e redes sociais manipuladas, seja por pessoas (profissionais e ativistas voluntários) ou por robôs virtuais, todos com intenção de aparelhar e induzir o voto do eleitor (inclusive com pressão externa).
É provável que haja reviravoltas no jogo político e eleitoral – inclusive por medidas judiciais – devido à atual fragmentação da força política. Alianças surpreendentes e traições ocorrerão à medida que os fatos políticos agendados para 2018 acontecerem. Há situações que dividirão os políticos no futuro próximo. As empresas não poderão fazer doações para campanhas políticas, mas o dinheiro sairá do nosso bolso, via o enorme fundo bilionário que foi constituído para esse fim. Eventualmente haverá alguma truculência e tumulto que agitarão o cenário eleitoral. Precisamos orar por todos os investidos de autoridade para que o ideal de “vida mansa e tranquila, com piedade e respeito” (1Tm 2.2) se torne realidade no nosso país.
Um fator que pode ser decisivo nas próximas eleições é a ineficácia governamental no trato da questão social. Os efeitos nefastos das novas posturas públicas no campo social já começam a ser percebidos no esgarçamento do tecido social. O progresso social outrora obtido deteriora. O fato é que os cortes de orçamento no campo social, a desregulamentação da legislação de proteção e bem-estar aos mais vulneráveis e a reforma trabalhista – que deu maior proteção ao capital em detrimento do trabalho – resultarão na piora dos indicadores sociais aumentando a insatisfação popular com o governo e legisladores. A proposta de uma reforma da previdência que produz temor, sendo percebida pela maioria da população como prejudicial, instila receio também nos parlamentares, por ameaçar uma eventual reeleição dos que a aprovarem.
É preciso, nessa conjuntura, estabelecer critérios objetivos para escolher candidatos tanto para os cargos executivos (presidente, governador) como para os cargos legislativos (senadores, deputados federais e estaduais). As promessas de campanha precisam ser bem analisadas (de onde virão os recursos? É exequível?). Um critério muito importante a essa altura da história nacional é verificar qual o compromisso do candidato com a democracia, com a separação entre Igreja e Estado e a reforma política. É necessário evoluir do modelo de coronelismo, em que predomina o personalismo dos caciques partidários, para modelos colegiados, de governança compartilhada. De qualquer modo, antes de apertar o botão da urna eletrônica, deve-se ter alguma ciência do plano de governo proposto pelo candidato no qual se depositará sua confiança.
O compromisso absoluto com a democracia
Um dos aspectos mais perigosos do conturbado cenário político brasileiro é o arrefecimento do apreço pela democracia.
Para crescer em paz e desenvolver-se social e economicamente, o Brasil precisa se reencontrar com sua vocação democrática, com seu sentido histórico de progresso organizado, no viés da igualdade. Para isso é necessário resgatar a democracia como princípio inegociável. E as eleições são um instrumento especialmente importante no sentido de consolidar a maturidade democrática da sociedade, a cada rodada que acontecem.
>> Cidadãos do reino, cidadãos do mundo <<
Democracia significa respeitar a escolha coletiva, ainda que contrária à vontade pessoal, tolerando a diversidade de opiniões e preferências, reconhecendo que a pluralidade é uma realidade positiva da condição humana. O democrata reconhece, na síntese da vontade coletiva, o caminho a seguir seja para a cidade, o estado ou a nação.
Democracia não se constrói com bravatas, declarações inverídicas, intimidadoras, boatarias e congêneres. Imagine a qualidade de um projeto que se quer estabelecer com base na insuflação de temores inverídicos nos eleitores. A estabilidade social decorre e se consolida pela justiça! Assim, devemos descartar e desconsiderar tudo que é fantasioso, ainda que venha embalado em rótulos religiosos.
Na democracia o povo avalia o contexto e as circunstâncias e escolhe o que considera ser a melhor opção no momento. Tendo havido oportunidade para todos colocarem as suas opiniões com liberdade, é feita a escolha, e segue-se em frente. A voz das urnas não pode ser tratada de maneira intransigente e raivosa.
Naturalmente nenhum governante ou legislador está acima das críticas. Mas há formas adequadas de discordar e todos têm o direito de ter dúvidas, perguntar mais e, no fim, divergir. O democrata sabe que há meios e modos próprios para contestar e expressar alternativas. E isso, é claro, de qualquer lado! Mas, acima da eventual polarização eleitoral, estão a nação, os valores humanos e a esperança de construir, incluindo os divergentes, um futuro melhor para todos.
Urge uma mudança de atitude dos cidadãos e do conjunto da sociedade: em vez de esperar soluções advindas de políticos messiânicos, deve-se assumir a responsabilidade política e decidir o destino da nação ou estado no sentido de organizar um sistema marcado por justiça e equidade.
Os cristãos entorpecidos, especialmente, precisam recobrar a consciência de cidadania terrena, inspirados pela pátria celestial, pois são integrantes do conjunto social e corresponsáveis pelo seu destino. Este é o tempo histórico em que nos foi dado viver. Deus, em sua missão redentora, não despreza o campo político e Jesus transitou nessa esfera. A alienação, ou a deserção na participação político-eleitoral, tem efeitos nefandos sobre a sociedade toda. Como discípulos de Jesus, precisamos servir envolvendo-nos efetivamente nos processos de transformação social no nosso contexto e compartilhando a herança e valores bíblicos com o mundo ao qual somos enviados, como o Mestre fez ao ingressar na história.
• Christian Gillis é casado com Juliana e pai de três filhos. É pastor da Igreja Batista da Redenção há 25 anos e diretor para América Latina da Rede de Paz e Reconciliação, da Aliança Evangélica Mundial. Integra a governança de Miqueias Brasil.
Nota: Artigo publicado originalmente na edição de março-abril da revista Ultimato.
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