Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Opinião

Francisco, Samuel Escobar – memória e honra

 Eles, e outros ao nosso redor, nos ensinam que é possível exercer uma liderança simples, humilde, carismática.

Por Ricardo Wesley M. Borges

Quem parte nos deixa legados. Bons, ruins e extraordinários. Francisco, um referente para além das fronteiras da igreja romana, foi um desses. Sob muitos aspectos, um líder extraordinário, que deixará suas marcas por longo tempo. Curiosamente, no luto de sua morte, observei que amigos evangélicos se sentiram na obrigação de aclarar publicamente que seus elogios ao homem Francisco não significavam uma adesão a tudo que ensinou ou representou. Deveria, creio eu, ser óbvio e evidente. Ao citar ou falar bem de alguém, sempre teremos pontos em comum e outros nem tanto. Mas parece que em tempos estranhos tem prevalecido uma mentalidade de gueto, em que por vezes somos como que censurados ao buscar construir pontes saudáveis de entendimento e cooperação, para além de nossos quintais.
 
Lembro-me ainda hoje do dia em que citei palavras de Francisco em uma rede. De pronto, um irmão lamentou o que postei. Quando lhe instei a dizer-me que parte do que Francisco havia dito ele discordava, e o porquê, ele assim me respondeu, “ah, isso que ele disse está perfeito; eu não discordo das palavras, eu discordo é da pessoa!”. Fiquei encabulado, sem saber bem como seguir naquele diálogo.
 
Poucos dias depois, também partiu Samuel Escobar. Tive a alegria de conhecê-lo pessoalmente quando eu era apenas um jovem de 22 anos, prestes a iniciar uma longa jornada de serviço no ministério estudantil, na ABU, a Aliança Bíblica Universitária, movimento afiliado à Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (IFES, em inglês), e depois servindo na própria IFES, o movimento em que Samuel foi pioneiro e um líder servo que impactou várias gerações. Ele se aproximou de mim quando eu lavava a louça depois de sua palestra, e aí se ofereceu para lavá-la junto comigo. Curioso com o apelido com que os amigos me chamavam (Malária), ele ficou feliz ao saber que meu segundo nome era Wesley. Daí, entre um prato sujo e outro, animou-me a ler bastante, em especial sobre o movimento wesleyano na Inglaterra do século 18, dizendo-me que em nossa realidade latino-americana deveríamos aprender muito sobre o que aconteceu naquele contexto e período da história. Seu jeito simples de ser, seu coração cálido e acolhedor, deixaram uma marca especial em mim ali e em todas as vezes em que depois nossos caminhos se cruzaram para servir juntos. 
 

 
Precisamos honrar a memória daqueles que partiram antes de nós, e assegurar que aprendemos algo deles. Ainda recordo conversas honestas com Samuel, nos anos que se seguiram, onde ele não romantizou o tempo em que ainda bem jovem esteve no Brasil apoiando o nascente ministério estudantil. Ele relatou lutas, conflitos na equipe, dificuldades, mas também as alegrias que teve. Samuel nos deixou exemplo importante em como lidar com as pressões de um contexto estudantil mais marxista daquela época, produzindo reflexão bíblica que era respeitosa, criava pontes, em que ele fazia a apologia de uma chave de missão diferente. Defendia que ela deveria ser distinta dos parâmetros e lentes marxistas, mas também bem diferente dos paradigmas de missão fundamentalistas que nos chegavam importados do Norte. Desse esforço de Samuel e de outros referentes da época, resultou o movimento de missão integral que deixou tantas marcas importantes em nosso país e continente.
 
Aliás, e esse é um problema ligado a como lidamos com a memória, recordo com surpresa ouvir, em meus anos vivendo no Uruguai, que aqui no Brasil havia quem chamasse o movimento da missão integral de marxista. Bastaria uma consulta simples aos anais do movimento, e a vários textos do próprio Samuel1 e de historiadores do movimento, para identificar que era uma crítica no mínimo ignorante, mas temo que inclusive desonesta. Por outro lado, houve quem “acusasse” o Samuel de ser conservador, supostamente não tão radical como outros expoentes mais revolucionários da missão integral. Infelizmente é assim. Nossa memória costuma ser por vezes seletiva, interessada, encastelada nos muros da tradição que pensamos defender.
 
Francisco, Samuel e, pela graça de Deus, outros ao nosso redor, nos ensinam que é possível exercer uma liderança simples, humilde, carismática. Esses líderes não precisam ser perfeitos, nem precisamos concordar em tudo com eles. Mas podemos honrar sua memória seguindo aquilo de precioso de suas vidas que possamos emular. Só isso já será um fio de esperança em um mundo carente de bons líderes.

Nota
  • Ricardo Wesley M. Borges serve como pastor da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo. Casado com Ruth, pai de Ana Júlia e Carolina, serviu por muitos anos no ministério estudantil da IFES.

REVISTA ULTIMATO – LIVRA-NOS DO MAL
O mal e o Maligno existem. E precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.

O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos outros com o mal] e porque pedimos para sermos livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse assunto a sério?

É disso que trata a matéria de capa da
edição 413 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Raízes de Um Evangelho Integral, Valdir Steuernagel, René Padilla [editor]
» Caminhos de Um Evangelho Integral, Valdir Steuernagel [editor]
É casado com Ruth e pai de Ana Júlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo (SP), serve globalmente como secretário adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e também apoia a equipe da IFES América Latina.
  • Textos publicados: 61 [ver]

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Opinião

Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.