Opinião
04 de maio de 2016- Visualizações: 3694
comente!- +A
- -A
-
compartilhar
Família: diferença e complementaridade
Há muita discussão acadêmica a respeito do significado do termo “família”, que varia desde as concepções culturais às pós-modernas. Entretanto uma coisa é absolutamente certa: só nos tornamos plenamente humanos dentro de um contexto familiar!A construção deste grupo social começa com uma dimensão do mistério que chamamos “paixão”, isto é, quando duas pessoas se conectam, sem saber exatamente o que as atrai, e decidem partilhar juntas da caminhada da vida. Este mistério leva a outro, ao transformar unidades em uma unidade – algo difícil de se pensar em nossa forma ocidental, cartesiana e linear de reflexão!
É exatamente essa unidade que reflete a “Imago Dei”, pois Deus é uma tri-unidade relacional que nutre uma misteriosa paixão pelo ser humano! Neste sentido, o início da família é algo intrinsecamente espiritual, embora a sociedade secularizada queira transformar essa essência em uma instituição e desvirtuar o sentido de unidade em uma “república conjugal”, num retrocesso ao eu-autocentrado (focado em si mesmo) – única coisa que não era boa em toda a criação!
Tornar-se família pressupõe dois elementos essenciais: diferença e complementaridade. O crescimento de um organismo só se dá "em relação a" e isso pressupõe a diferença. Já a complementaridade se dá no reconhecimento da incompletude e da limitação de si enquanto "indivíduo" – reconhecendo a necessidade do outro (seja na vivência íntima a dois, seja na vivência comunitária) para a plenitude.
A família também é o espaço da vivência do amor incondicional, pois sem a presença do outro seriamos incapazes de vivenciar a dimensão relacional e o mistério de ser amado em toda a nossa vileza e sordidez.
Esse espaço do amor incondicional é âmbito perfeito para a geração da vida – que se traduz tanto nas novas vidas gestadas e cuidadas, como na vida plena, fruto das relações harmoniosas. Essa vida é outro mistério que nos assombra, gerada a partir de duas células que ao se unirem formam uma nova unidade (outra unidade de unidades), sendo esta unidade preenchida com o sopro divino — Ruah (algo de Deus em cada ser).
O reducionismo da vida à dimensão exclusivamente biológica, retirando desta a dimensão do mistério, autoriza o controle obsessivo sobre a mesma e a fantasia de determinação de quando ela se inicia e quando pode ser interrompida.
A vida gerada precisa ser cuidada até atingir sua maturação e maturidade, sendo que o melhor lugar para este cuidado afetivo é no contexto de segurança que se oferece ao ser em desenvolvimento e no modelo de amor sacrificial e incondicional. Maridos e esposas devem garantir aos filhos que eles se amam incondicionalmente e que permanecerão juntos, dando assim liberdade para os filhos desenvolverem plenamente todas as suas capacidades. Quando a maior preocupação dos pais é deixar legados patrimoniais, os filhos correm o risco de se tornarem apenas gestores de uma “empresa familiar”, onde o afeto já não se manifesta de forma espontânea e contínua, e apresentarão sintomas de toda ordem.
O desafio que se nos apresenta, como cristãos, é ter uma mente crítica e "crística" (Rm 12.2) para ultrapassar (em muito) os valores satanizados de uma sociedade que conspira contra o casamento, a família e a vida!
Nota: artigo publicado originalmente pela Aliança Evangélica Brasileira, com o título “Família: um lugar para formação do ser!”.
• Carlos "Catito" Grzybowski é psicólogo e terapeuta de casais e família. Juntamente com sua esposa Dagmar, é autor de Pais Santos, Filhos de nem Tanto. Catito também publicou, entre outros, Macho e Fêmea Os Criou e Como se Livrar de um Mau Casamento.
Leia também
Casamento e Família: encantos e obrigações (e-book gratuito)
Amar Outra Vez
Crises e Perdas na Família
04 de maio de 2016- Visualizações: 3694
comente!- +A
- -A
-
compartilhar

Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Quem são e o que querem os evangélicos na COP30
- Dicas para uma aula de EBD (parte 1): Planeje a aula e o seu preparo pessoal
- Homenagem – Márcio Schmidel (1968–2025)
- Ultimato na COP30
- Vaticano limita a devoção a Maria na Igreja Católica
- Com Jesus à mesa: partilha que gera o milagre
- Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025
- Sociedade Bíblica do Brasil dá início ao Mês da Bíblia 2025
- Geração Z – o retorno da fé?
- Dicas para uma aula de EBD (parte 2): Mostre o que há de melhor no conteúdo
(31)3611 8500
(31)99437 0043
À espera da (in)felicidade
Cultura do estupro?
E Deus criou a mulher. Ainda bem!
Por que (ainda) nos casamos?





 copiar.jpg&largura=49&altura=65&opt=adaptativa)


