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22 de junho de 2018
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Eu lia a Bíblia e falava de Jesus. Do que eu precisava ser perdoada?
Por Amanda Almeida
Quem me conhece hoje costuma perguntar se eu “nasci na igreja”. Na verdade, o que aconteceu foi que minha família era católica bastante nominal até que minha mãe foi para a igreja evangélica lá pelos meus 7 ou 8 anos. É por conta dessa época que sei de cor várias músicas da Aline Barros e da Cassiane, já que os cds das duas não saíam do som de casa.
Nessa época comecei a conhecer os personagens bíblicos nas lições da escola dominical, a decorar as canções do coral infantil e a folhear a primeira Bíblia que ganhei. Fui me ambientando a esse contexto religioso, e ir à igreja passou a ser uma atividade que eu gostava bastante.
Fui crescendo e falando de Jesus para as pessoas, porque ele parecia mesmo um cara muito legal que todo mundo devia conhecer. Mas o cerne da questão é que esse cara muito legal morreu numa cruz por nós porque a morte era o preço a pagar pelo perdão dos nossos pecados. E eu era uma menina que ia à igreja, lia a Bíblia e falava de Jesus para as pessoas. De que pecado eu precisava ser perdoada?
Ao contrário de todos os testemunhos de ex-usuários de drogas, ex-adúlteros, ex-ladrões e tudo mais que ilustrava as histórias de transformação por conta do evangelho, minha vida era bem pacata e eu era uma adolescente bem certinha. Era como se Deus nem precisasse se preocupar muito comigo, já que eu não dava muito trabalho. Sempre que eu ouvia aquelas histórias, ficava até incomodada por não ter um “ex” impactante pra contar também.
O que só fui entender de verdade lá pelos 17 anos é que não adiantava muito meu comportamento certinho combinar com o que se espera de alguém que está na igreja. Não adiantava eu não ter vivido uma fase de adolescente rebelde, nem não ter tido uma grande crise de fé até aquele momento. O que importava mesmo era que meu coração, uma terra na qual ninguém mais pisava além de eu e Deus, precisava de um “ex” enorme.
Quando eu pensava na minha vida, ela era minha. O que eu queria fazer com ela, o que motivava minhas decisões, os princípios que eu considerava importantes, tudo isso era majoritariamente meu. Minhas ações podiam combinar com a igreja, mas minhas motivações não combinavam com aquelas de quem teve o coração transformado por Cristo. Eu precisava passar a ser uma ex-egoísta, para dizer o mínimo.
Mudei de igreja na época do vestibular e comecei a fazer parte do ministério de universitários de lá. A comunhão com aquele pessoal ajudou muito na mais do que necessária tarefa de mudar a forma como vejo o mundo. Se tem um versículo que marca essa fase pra mim certamente é “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”(Rm 12:2).
Eu precisava mudar a forma como via a mim mesma. Precisava reconhecer que levar uma vida centrada em mim e nos meus interesses, por mais que resultasse em um bom comportamento, não era glorificar a Deus; era pecado. Eu precisava da graça de Cristo não como um conceito interessante e abstrato, mas como o que ela de fato é: o poder capaz de me libertar do pecado e me reconciliar com Deus.
Hoje o cenário é completamente diferente. Meu nome significa “digna de ser amada”, e se tem algo que sei que não mereço é esse amor de Deus. Quando penso na minha vida, não é a mim que ela pertence, mas sim àquele que me amou primeiro, mesmo quando eu ainda era tão orgulhosa e egoísta. Em resposta a esse amor, com um coração cheio de gratidão, vivo tentando, só por hoje, também ser ex.
• Amanda Almeida, 25 anos. É jornalista na editora Ultimato.
Imagem ilustrativa: Photo by Edwin Andrade on Unsplash

Nessa época comecei a conhecer os personagens bíblicos nas lições da escola dominical, a decorar as canções do coral infantil e a folhear a primeira Bíblia que ganhei. Fui me ambientando a esse contexto religioso, e ir à igreja passou a ser uma atividade que eu gostava bastante.
Fui crescendo e falando de Jesus para as pessoas, porque ele parecia mesmo um cara muito legal que todo mundo devia conhecer. Mas o cerne da questão é que esse cara muito legal morreu numa cruz por nós porque a morte era o preço a pagar pelo perdão dos nossos pecados. E eu era uma menina que ia à igreja, lia a Bíblia e falava de Jesus para as pessoas. De que pecado eu precisava ser perdoada?

O que só fui entender de verdade lá pelos 17 anos é que não adiantava muito meu comportamento certinho combinar com o que se espera de alguém que está na igreja. Não adiantava eu não ter vivido uma fase de adolescente rebelde, nem não ter tido uma grande crise de fé até aquele momento. O que importava mesmo era que meu coração, uma terra na qual ninguém mais pisava além de eu e Deus, precisava de um “ex” enorme.
Quando eu pensava na minha vida, ela era minha. O que eu queria fazer com ela, o que motivava minhas decisões, os princípios que eu considerava importantes, tudo isso era majoritariamente meu. Minhas ações podiam combinar com a igreja, mas minhas motivações não combinavam com aquelas de quem teve o coração transformado por Cristo. Eu precisava passar a ser uma ex-egoísta, para dizer o mínimo.
Mudei de igreja na época do vestibular e comecei a fazer parte do ministério de universitários de lá. A comunhão com aquele pessoal ajudou muito na mais do que necessária tarefa de mudar a forma como vejo o mundo. Se tem um versículo que marca essa fase pra mim certamente é “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”(Rm 12:2).

Hoje o cenário é completamente diferente. Meu nome significa “digna de ser amada”, e se tem algo que sei que não mereço é esse amor de Deus. Quando penso na minha vida, não é a mim que ela pertence, mas sim àquele que me amou primeiro, mesmo quando eu ainda era tão orgulhosa e egoísta. Em resposta a esse amor, com um coração cheio de gratidão, vivo tentando, só por hoje, também ser ex.
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