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Opinião

Além dos rankings acadêmicos — A busca por nos tornar supérfluos

Por Paulo Ribeiro

Fui recentemente incluído novamente nas duas listas dos “Top 2% Scientists˜ (recentes e ao longo da vida).  Uma honra que, na minha idade, recebo com gratidão e também com uma perspectiva relutante, amadurecida pelo tempo e pela experiência.

Títulos e rankings não carregam o mesmo peso que um dia tiveram. O que mais importa hoje é se meu trabalho pode inspirar e apoiar jovens cientistas — não na corrida para chegar ao topo a qualquer custo, mas no cultivo da dedicação, da integridade e da paciência, no lugar da pressa.

Se há algum valor nesse reconhecimento, espero que esteja em mostrar que a vida científica não é uma corrida de velocidade, mas uma longa jornada, na qual persistência, curiosidade e caráter contam mais do que vitórias rápidas.

Algo de que me sinto quase orgulhoso é o fato de que, na primeira metade dos meus 50 anos de carreira, trabalhei na indústria e em pequenas instituições de artes liberais nos Estados Unidos, ensinando engenharia de graduação. Isso significa que a produção científica e o reconhecimento não são necessariamente frutos do trabalho em grandes e famosas universidades ou centros de pesquisa.

Meu desejo é que a próxima geração de cientistas não apenas nos supere em resultados, mas também na sua integridade e no exemplo que deixarem para aqueles que os seguirão.

Listas como essas podem criar uma espécie de cortina de fumaça, atraindo a atenção para os números de citações, enquanto escondem o brilho de muitos pesquisadores verdadeiramente criativos e cientistas dedicados, cujo impacto não pode ser medido apenas por métricas (eu conheço muitos deles). Ao mesmo tempo, que destacam outros que sabem navegar habilmente dentro das regras de avaliação.

Não é sempre fácil, mas procuro seguir o conselho de C S Lewis:
  • Minha própria profissão — a de professor universitário — é perigosa nesse sentido. Se formos realmente bons, devemos sempre trabalhar para o momento em que nossos alunos estejam prontos para se tornarem nossos críticos e até nossos rivais. Devemos ficar felizes quando esse momento chegar.

Mas Lewis não para aí; continua, usando palavras como o bisturi de um cirurgião, expondo o que está por baixo:
  • Devemos buscar nos tornar supérfluos. Quando, então, poderemos dizer ‘Eles já não precisam mais de mim’. Essa deveria ser a nossa recompensa. Mas o instinto, em sua própria natureza, não tem poder para cumprir essa lei. O instinto deseja o bem de seu objeto, mas não simplesmente; apenas o bem que ele próprio pode dar. Um amor muito mais elevado — um amor que deseja o bem do objeto como tal, de qualquer fonte que esse bem venha — deve intervir e ajudar ou domar o instinto antes que ele possa fazer a abdicação. E, claro, muitas vezes isso acontece. Mas quando não acontece, a necessidade voraz de ser necessário satisfará a si mesma, seja mantendo seus objetos carentes, seja inventando para eles necessidades imaginárias. Fará isso de maneira ainda mais impiedosa porque pensa (em certo sentido com razão) que é um Amor-dádiva e, portanto, considera-se ‘altruísta’.

Abraços, Paulo.
Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao

Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
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