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Opinião

A voz que clama

Por Carlos Fernandes e Marcos Simas

Em 1968, o Brasil e o mundo eram bem diferentes. Em pleno auge da Guerra Fria, a humanidade acompanhava, sobressaltada, as exibições provocativas de arsenais nucleares entre os Estados Unidos e a então superpotência rival, a União Soviética. Enquanto a extinta Tchecoslováquia era esmagada na chamada Primavera de Praga – um espasmo de liberdade na praticamente impenetrável Cortina de Ferro, onde o missionário holandês conhecido como Irmão André arriscava a vida distribuindo bíblias –, a contracultura atingia seu apogeu na América, sob o lema “é proibido proibir”. Sexo, drogas e rock’n’roll embalavam os sonhos (e os pesadelos) da juventude ocidental. Do outro lado do planeta, a Revolução Cultural da China endurecia ainda mais a opressão contra as liberdades individuais. A fé cristã enfrentava um momento delicado – duramente reprimida no mundo comunista, a Igreja consolidava-se em outras partes do planeta, sobretudo na Europa Ocidental e América Latina.

No Brasil, um país ainda muito pobre e às voltas com a urbanização desordenada que trouxe a miséria às periferias, o agito político ganhou contornos claros com a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, RJ. Foi a primeira reação da sociedade civil contra os rumos do regime militar, implantado à força quatro anos antes. Estudantes, artistas e intelectuais lideravam os protestos, e a luta armada contra a ditadura se organizava no campo e na cidade, movimentando os aparelhos de repressão estatal e lançando o país nos anos de chumbo. Distante dos grandes temas nacionais, contudo, a Igreja Evangélica (ainda um traço estatístico, com cerca de 5% da população) parecia muito mais interessada em questões internas – caso da disputa algo fratricida entre os protestantes tradicionais e os grupos avivados, que enfatizavam a contemporaneidade dos dons espirituais. A teologia brasileira engatinhava, e o receio das “coisas do mundo” fazia os crentes se aquartelarem em suas igrejas, praticamente sem diálogo com o entorno.

A circulação de informações que abarcasse o segmento evangélico mais amplo, praticamente inexistia, e se limitava aos boletins das igrejas e algumas publicações que acabavam desaparecendo pela falta de estrutura e qualidade. Anunciar o evangelho “direta e indiretamente”, como preconizava a primeira edição do jornal (mais tarde, revista) Ultimato, era mais do que uma vocação – tratava-se de uma necessidade, à qual o pastor presbiteriano Elben Lenz César (1930-2016) devotou grande parte de seu ministério. “Firme e delicadamente ousada” – conforme outro compromisso firmado naquele histórico número 1, de janeiro de 1968 –, a publicação foi lançada em Barbacena, MG, posteriormente fixando sua redação na também mineiríssima Viçosa, onde funciona até hoje.

O nome da revista está ligado à urgência do anúncio do evangelho ao mundo e da busca pelo seu reino, conforme o texto de Isaías 55.6: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Mas também, a uma realidade ainda em vigor na época em que Ultimato surgiu: a intolerância da Igreja Católica, praticamente hegemônica, em relação aos “bíblias”, como os evangélicos eram jocosamente conhecidos. Um padre de Barbacena dera um ultimato à rádio local, ameaçando acabar com seu programa caso a emissora permitisse à Igreja Presbiteriana de Barbacena entrar no ar. A atração radiofônica evangélica acabou morrendo no nascedouro, mas a revista, como diz a Escritura, daria frutos a trinta, a sessenta e a cem por um.

Palavras e ação

Sem bandeira denominacional ou ligação administrativa com qualquer denominação, mas compromisso com a verdade do evangelho e a higidez teológica, Ultimato cresceu e tornou-se a mais respeitada publicação de orientação evangélica do país. Hoje, são 30 mil exemplares, distribuídos em todo o território nacional aos assinantes, lideranças cristãs, instituições paraeclesiásticas e missionárias, ONGs e remessas promocionais. Ultimato consolidou-se como a revista de referência em teologia, missão e espiritualidade justamente em uma época na qual iniciativas visando ao fomento da evangelização aconteciam no Brasil e no exterior – e sempre participou ativamente de tais movimentos, seja como convidada, parceira ou apoiadora. Foi o caso de todas as edições do Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE); de pelo menos duas edições do Congresso Latino-Americano de Evangelização (CLADE); de quase todas as oito edições do Congresso Brasileiro de Missões (CBM); da Conferência Internacional de Evangelistas Itinerantes, em Amsterdã, Holanda, em 1983 e 1986, bem como o II Congresso Mundial de Evangelização, em Manila, Filipinas (1988); e reuniões da Associação de Missões do Terceiro Mundo (TWMA), na Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos e Indonésia. Ultimato foi, ainda, parte importante na organização, no ano de 1983, do Centro Evangélico de Missões (CEM), cuja sede também fica em Viçosa e é uma referência nacional nos estudos missiológicos brasileiros e transculturais. A instituição, criada para servir a qualquer denominação evangélica brasileira ou estrangeira na pesquisa e preparo para envio de missionários no Brasil e no exterior, goza de respeito e credibilidade perante a Igreja.

Uma das protagonistas da missão integral no Brasil – a abordagem missionária que busca atender ao ser humano na plenitude de suas necessidades espirituais, físicas e sociais –, Ultimato, historicamente, dedica parte importante de sua pauta a temas como combate à pobreza, infância, cidadania, ética, inclusão e solidariedade, trazendo a discussão para o centro dos debates e da ação da Igreja. Das palavras à ação, a revista é membro fundadora de entidades como Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (Renas), e realiza ações em parceria com instituições sociais de caráter mundial, como Visão Mundial e Tearfund, gigantes que atuam em apoio à infância, desenvolvimento comunitário, promoção de direitos e combate à miséria em mais de cinquenta nações. No âmbito do diálogo interconfessional, Ultimato é uma voz em defesa do diálogo entre diferentes confissões e participou da formação da Aliança Cristã Evangélica Brasileira, em 2010, a mais representativa entidade do gênero no Brasil.

Carlos Fernandes é jornalista, editor, redator e membro da Igreja Missionária Evangélica Maranata, no Rio de Janeiro, RJ.
Marcos Simas é casado com Alzeli e pai de Pedro e Clara. É editor e publicou mais de 400 obras em mais de 25 anos.

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