Palavra do leitor
- 01 de janeiro de 2020
- Visualizações: 559
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Utopias: por que nossa história não pode ser fracassada?
Descobri esses dias, de uma forma muito sem querer, quem foi Silva Jardim.
Mais do que o nome de uma avenida no centro de Curitiba e talvez também de alguma cidadezinha no Rio, citada pela voz robótica-irritante do Waze, Silva Jardim foi uma frustração. Na transição império-república no Brasil, tentou ser influente na política e tinha o sonho de presidir a constituinte, em 1891. Fazia propaganda da república, mas não chegou nem a assumir algum cargo político. Protestou, denunciou irregularidades e fraudes da eleição, mas de nada adiantou. Decepcionado, foi pra Europa e visitou o Vesúvio, na Itália. Caiu numa fenda próxima à cratera. Foi tragado pelo vulcão.
É a típica história de vida que não queremos ter. Afinal, todos nós estudamos, trabalhamos e planejamos o nosso futuro fazendo o possível para evitar qualquer resquício de tragédia.
Contudo, não percebemos o quanto estamos imersos numa grande utopia. A utopia que nos faz pensar, egoisticamente, que tudo deve ser muito bom. E com isso sustentamos quem somos, nos tornamos ou queremos ser; pensamos que merecemos sair da universidade já estáveis em uma profissão; desejamos ter um relacionamento impecável, como os de cinema; queremos mostrar que não somos insignificantes. A insignificância nos perturba.
Nisso vem o evangelho para escandalizar com sua verdade: não há como se preocupar em ser servo e ao mesmo tempo em ter reputação. E diante de muitos exemplos bíblicos, dou destaque a Paulo, que sem dúvida foi, para o senso comum, um "fracassado" diante de tantas tragédias.
Paulo, já no primeiro capítulo de Romanos começa dizendo: "Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas..." (NVT), expressando que sua missão de viver o apostolado e de pregar as boas-novas era norteada pela afirmação de quem ele era: servo. O servo não se preocupa com sua reputação diante dos outros, mas apenas em agradar o seu senhor. Ele pode ter sonhos e planos, mas todos eles estão submissos a vontade de seu senhor.
Talvez a nossa vida já tenha todo um projeto. Se não, pelo menos temos algumas ideias. Entretanto, devemos dar menos prioridade àquilo que alimenta o ego – sucesso, estabilidade, satisfação constante – para encararmos o que é realidade. O evangelho é a realidade a ser vivida, que não nos promete a vida de utopias que desejamos, mas as "frustrações" advindas da obediência e da pregação do que é escândalo. Não há como fugir das tragédias! Mas como Paulo e tantos outros, temos a honra de viver com rumo e direção, pois a utopia nos deixa perdidos em um caminho sem sentido, de busca incessante por coisas que nunca acontecerão e, então, frustração.
E no fim, placas de ruas mudam, pessoas passam, vulcões entram em erupção. Porém, sempre há um legado a ser deixado, mas que não é sobre nós. Se somos servos, apontamos para o Senhor, que apesar da nossa irrelevância, nos dá direção e sentido para a vida. O mesmo Senhor que não é utópico, mas real.
Mais do que o nome de uma avenida no centro de Curitiba e talvez também de alguma cidadezinha no Rio, citada pela voz robótica-irritante do Waze, Silva Jardim foi uma frustração. Na transição império-república no Brasil, tentou ser influente na política e tinha o sonho de presidir a constituinte, em 1891. Fazia propaganda da república, mas não chegou nem a assumir algum cargo político. Protestou, denunciou irregularidades e fraudes da eleição, mas de nada adiantou. Decepcionado, foi pra Europa e visitou o Vesúvio, na Itália. Caiu numa fenda próxima à cratera. Foi tragado pelo vulcão.
É a típica história de vida que não queremos ter. Afinal, todos nós estudamos, trabalhamos e planejamos o nosso futuro fazendo o possível para evitar qualquer resquício de tragédia.
Contudo, não percebemos o quanto estamos imersos numa grande utopia. A utopia que nos faz pensar, egoisticamente, que tudo deve ser muito bom. E com isso sustentamos quem somos, nos tornamos ou queremos ser; pensamos que merecemos sair da universidade já estáveis em uma profissão; desejamos ter um relacionamento impecável, como os de cinema; queremos mostrar que não somos insignificantes. A insignificância nos perturba.
Nisso vem o evangelho para escandalizar com sua verdade: não há como se preocupar em ser servo e ao mesmo tempo em ter reputação. E diante de muitos exemplos bíblicos, dou destaque a Paulo, que sem dúvida foi, para o senso comum, um "fracassado" diante de tantas tragédias.
Paulo, já no primeiro capítulo de Romanos começa dizendo: "Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo e enviado para anunciar as boas-novas..." (NVT), expressando que sua missão de viver o apostolado e de pregar as boas-novas era norteada pela afirmação de quem ele era: servo. O servo não se preocupa com sua reputação diante dos outros, mas apenas em agradar o seu senhor. Ele pode ter sonhos e planos, mas todos eles estão submissos a vontade de seu senhor.
Talvez a nossa vida já tenha todo um projeto. Se não, pelo menos temos algumas ideias. Entretanto, devemos dar menos prioridade àquilo que alimenta o ego – sucesso, estabilidade, satisfação constante – para encararmos o que é realidade. O evangelho é a realidade a ser vivida, que não nos promete a vida de utopias que desejamos, mas as "frustrações" advindas da obediência e da pregação do que é escândalo. Não há como fugir das tragédias! Mas como Paulo e tantos outros, temos a honra de viver com rumo e direção, pois a utopia nos deixa perdidos em um caminho sem sentido, de busca incessante por coisas que nunca acontecerão e, então, frustração.
E no fim, placas de ruas mudam, pessoas passam, vulcões entram em erupção. Porém, sempre há um legado a ser deixado, mas que não é sobre nós. Se somos servos, apontamos para o Senhor, que apesar da nossa irrelevância, nos dá direção e sentido para a vida. O mesmo Senhor que não é utópico, mas real.
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
- 01 de janeiro de 2020
- Visualizações: 559
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Revista Ultimato
- +lidos
- +comentados
- Razão da fé não é fé da razão
- Graça ou obras?
- Você nunca perderá sua Salvação #01
- Porque Deus é bom
- "Pastoral" nos dois sentidos!
- Cruz: perdão ou tolerância?
- Antoine de Saint-Exupéry: 80 anos da partida do piloto poeta
- Somos santos ou não?
- Feliz dia da verdade
- Haverá algo que esteja no seu devido lugar ou no seu estado?