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Palavra do leitor

Precisamos falar sobre suicídio

Nos últimos meses o mundo evangélico brasileiro tem se debruçado num debate acalorado sobre um inquietante tema da sociedade contemporânea: o suicídio. Para além das situações específicas – isto é, a morte de pessoas, o que por si só exige todo nosso respeito e cuidado no trato da questão – é muito importante refletirmos sobre o quadro geral da controvérsia.

Segundo dados da OMS (Organização mundial para a Saúde) cerca de 800.000 pessoas morrem por suicídio anualmente em todo o mundo. Cerca de uma pessoa a cada 40 segundos. Esta já é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo. No Brasil os números não são menos alarmantes : em torno de 11.000 pessoas a cada ano suicidam-se; sendo que este número vem numa crescente nos últimos cinco anos, já chegando a quase 12 mil por ano.

Esses dados não deixam dúvidas que, apesar do enorme quantitativo de acontecimentos como esses, esta é uma questão ainda vista sob o prisma do tabu, especialmente entre os cristãos evangélicos brasileiros, e por isso envolta num perigoso silêncio. Quando então o suicídio envolve pessoas ligadas a lideranças eclesiásticas, a situação ganha tons de tragicidade. A condição de invisibilidade desta questão tanto denuncia a pouca preocupação da igreja brasileira com um problema tão sério, como indica a necessidade urgente de cada comunidade estar mais atenta a condição integral de cada pessoa: espiritual, social, mas também emocional.

O que de fato precisa ser bem esclarecido é que o suicídio é um problema de saúde, e como tal deve ser encarado com toda a seriedade profissional que se exige. Aqui se encontra o cerne da questão que se debate no meio evangélico brasileiro atualmente. Enquanto religiosos estiverem discutindo a questão com mais autoridade do que médicos ou psicólogos, estaremos convivendo em ares de uma sociedade medieval nesse debate. A falta de conhecimento prévio sobre essa temática faz com que vários pontos de vista – alguns inclusive com uma suposta áurea de interpretação infalível do texto sagrado – sejam apresentados sem levar em consideração um aspecto central: o suicídio é parte de todo um conjunto de situações que envolvem o adoecimento psíquico de um indivíduo.

Ao invés de ficarmos discutindo sobre aspectos de puro tecnicismo teológico, é mais relevante conscientizarmo-nos de que, muito provavelmente, próximo a nós há alguém em forte sofrimento psicoemocional , e que nossa atenção e cuidado hoje, podem evitar tragédias já há muito anunciadas.

Já houve uma época em que, ou por uma pura ignorância prejudicial ou por uma hermenêutica bíblica deliberadamente perniciosa, pessoas foram julgadas pecadoras por serem portadoras de determinadas enfermidades (Jo 9.2). A culpabilização da vítima é um sórdido argumento antigo.

É hora de encararmos o suicídio, de quem quer que seja, pelo que ele é: um ato extremo, que dá visibilidade ao enorme sofrimento, muitas vezes silencioso, que um determinado sujeito enfrenta. Não importa como alguns desejam qualificá-lo: patológico, heroico, religioso, demoníaco ou, até mesmo, irrelevante; o suicídio é um problema sério, que não pode ser desconsiderado socialmente, muito menos romanceado por algum argumento religioso-filosófico.

Cuidemos da vida e dos vivos, pois a promessa mais inovadora dos evangelhos, é a vida que não tem fim.

Thiago Brazil, casado com Danielly, pai de Thaíssa e Gabrielly. Pastor da AD Cambeba Ministério Templo Central em Fortaleza-CE. Doutor em Filosofia, Professor Efetivo da UECE.
Caucaia - CE
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