Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

O pregador como um semeador interativo

Procure entender a parábola do semeador, imaginando o pregador como um trabalhador que espalha suas sementes. O que leva a semente a germinar? Qual a responsabilidade do semeador contemporâneo para alcançar com eficácia a sua geração? Confira a segunda parte deste intrigante artigo.

A pregação eficaz tem de fazer sentido

Muitas pregações podem ser melhor compreendidas se o sermão simplesmente for elaborado visando comunicar numa linguagem e com conceitos que façam sentido aos seus ouvintes. Portanto, não basta apenas você ser um bom pesquisador da Palavra de Deus, saber de cor todos os detalhes históricos do texto bíblico ou mesmo conhecer a fundo as línguas originais. Tudo o que conseguirá num trabalho assim é apresentar uma "pregação enciclopédica", com o máximo de informação e o mínimo de unção.

Mas o outro extremo também é muito perigoso e deve ser evitado: unção sem base teórica ou exegética [1] compromete a qualidade final da pregação. Observe o roteiro-exemplo de sermão a seguir.

Título: A parábola do filho prodígio (Lc 15.11-32)

Introdução: A perícope fala sobre um jovem que queria mais do que o pai lhe havia dado. Ele pediu a herança antes que o pai perecesse.

I - O pecado do filho prodígio: afastou-se do pai para buscar as concupiscências da carne.
II - A conseqüência do pecado.
III - O arrependimento: levantou-se e foi ter com o seu pai. 

Passos para o encontro com o pai: (a) Passou um caminhão; (b) O filho prodígio pegou carona; (c) O filho prodígio viu o pai fumando cigarro, nervoso, esperando por ele; (d) O pai recebeu feliz o filho prodígio. Conclusão: Você é o filho prodígio! Arrependa-te e volte para a casa do Pai.

Note que esta mensagem pode até ser pregada com muita "unção" em sua performance. Mas, o que há de errado no roteiro acima? Comece observando o título dado ao jovem da parábola: "filho prodígio". Todos sabemos que a palavra prodígio tem um significado muito diferente da palavra pródigo. Ah, você não sabe a diferença? Então olhe para os lados, disfarça e veja o que diz o dicionário Houaiss.

Prodígio – s.m. [...] 3. pessoa que apresenta alguma habilidade ou talento fora do comum; portento. adj.s.m. 4. que ou o que possui excepcional inteligência ou talento para sua idade (diz-se de criança).

Pródigo – adj. 1. que dissipa seus bens, que gasta mais do que o necessário; gastador, esbanjador, perdulário. [...].

Parece incrível, mas aquela mensagem já foi pregada na face da terra. O pregador era leigo e já contava certo número de décadas em sua vida. Imagino que ele se lembrou aqui do "menino prodígio", o protegido do Batman, do seriado da década de sessenta, em que Adam West encarnou o homem-morcego (com barriguinha saliente e tudo!). Só faltou o pregador terminar a mensagem com o seguinte apelo: "Conseguirão os nossos heróis escapar com vida de mais este sermão? Não perca! No mesmo Bat-púlpito, na mesma Bat-igreja".

Seria muito mais clara e objetiva a comunicação se o pregador leigo do exemplo acima tivesse optado por "traduzir" as palavras mais difíceis para a forma de falar comum dos seus ouvintes. Por exemplo: trocar perícope por trecho de sentido completo, perecesse por morresse, concupiscências por desejos etc. Até mesmo a palavra pródigo poderia ser evitada, pois a maioria das pessoas tem uma noção equivocada de seu significado. Devido mesmo à parábola do filho pródigo, muitos pensam que pródigo significa perdido. O título poderia ser, por exemplo, "a parábola do filho gastador". Facilitaria muito a vida do ouvinte, além de enfatizar a "tradução" correta de pródigo.

Não é só de palavras difíceis e mal empregadas, entretanto, que é feito este exemplo de sermão. No final, os passos dados pelo filho "prodígio" para se encontrar com o seu pai são, no mínimo, fora de contexto. Numa época em que as pessoas andavam a pé, montados em animais ou em carroças, imaginar um caminhão para dar carona ao filho e ainda inventar que o nervosismo do pai se traduziu no ato de fumar cigarros é "criativo" até demais. É como se o pregador estivesse dizendo que o pai tem o coração cheio de amor, os braços abertos para receber o filho arrependido e os pulmões cheios de enfisema.

Uma palavra muito importante para quem deseja pregar/semear mensagens bíblicas relevantes é "contextualizar". Mas só abordarei este assunto na próxima edição.

Paz e bênção!

Nota [1]: Exegese: comentário ou dissertação que tem por objetivo esclarecer ou interpretar minuciosamente um texto ou uma palavra da Bíblia.

Leia a 3ª parte desse artigo.
São Gonçalo - RJ
Textos publicados: 7 [ver]

Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.