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Palavra do leitor

Meu pecado favorito!

"Não espere muito das pessoas, espere que sejam humanas e, logo, imperfeitas, como você’’.

Texto de Levítico 19.18

Se há ou poderíamos eleger um pecado favorito, arriscar-me-ia a nomear a vingança, como o meu pecado favorito. Faço essa afirmação, por vir travestido de um senso de justiça, de um acervo de justificativas e considerações. Indo a literatura, o Mercador de Veneza, ato 3, cena 1, escrito por Shakespeare, apresenta o personagem Shylock, ao descrever a vingança como parte da nossa natureza, como algo necessário e esperado: ‘’Se nos espetas, não sangramos? Se nos fazes cócegas, não devemos nos vingar?’’. Em contrapartida, ao ler o texto de Levítico 19.18, direciona-nos para amar o próximo como a nós mesmos e não nos vingarmos. Então, a partir da mensagem extraída, acima, faz-se necessário relevarmos quem nos ofendeu, deixar para lá, porque o tempo cura tudo e o acerto final será com Deus? Afinal de contas, todos somos imperfeitos, sujeitos a vacilos e equívocos, a maus momentos e a reprováveis escolhas? Vou adiante, a vingança não pertence ao Senhor e ponto final? Será que devo ou devemos deixar para lá mesmo, deixar tudo como está ou por isso mesmo? Acredito, com toda a propriedade, as escrituras procuram nos preservar de sermos reféns, em nosso ser, com o ofensor na condição de domínio sobre nós. Obviamente, ninguém, aqui, pede para ser sangue de barata, fingir que nada aconteceu, em função de que aconteceu. Simplesmente, quanto mais alimento a espera de haver um revide, seja por meio da justiça de Deus ou de outros meios, delego a quem me ofendeu ainda mais poder sobre mim.

Nessa linha de raciocínio, bastaria reconhecer o perdão de Deus, conosco, e estendermos para os outros, de que devemos perdoar setenta vezes sete? A resposta para essa encruzilhada, esse aparente beco sem saído semântico, encontra-se em compreender a diferença entre o não desculpar e o perdoar, porque ao perdoar não deixo de atentar para a maneira como agiram com impulsos egoístas e de indiferença, sem integridade e decência, mas em favor de si mesmo, de olhar para os lados e, apesar dos pedaços, poder se refazer. O ofensor não merece tanta projeção, tanto desperdício de tempo e recursos, você não merece carregar uma esperança mórbida, morta e mortífera, de se ver como um nada, com pena de si mesmo (a), como um zero a esquerda. A partir das colocações feitas, adentro nos enredos narrativos da história crua e nua de José e seus irmãos, vendido pelos irmãos, levado para ser escravo no Egito e, lá, chega a posição de governador e, durante um período de escassez, aonde havia recursos apenas no local que o outrora irmão desprezado exercia uma condição de liderança. Eis a oportunidade de José ir a desforra, de dar a volta por cima, de confirmar a justiça e mostrar que estava certo. Os irmãos de José movido por atos desprezível e cruel, sórdido e deplorável, e não teria o ofendido, o lesado, o enganado, o prejudicado descarregar todo seu ressentimento, viver sua vingança e acertas as contas? O interessante por José escolher reconciliar-se com sua família, embora com as cicatrizes, e seguir adiante. Quem já não escutou relatos de entes familiares que romperam e não se falam a anos. Talvez, lá no fundo, buscamos a vingança, como uma forma de reaver o poder, o controle perdido, por nos concebermos sem nenhuma condição, diante de quem nos enganou, nos traiu, nos machucou, nos decepcionou, nos desrespeitou, como se tivesse um domínio sobre nós e tentarmos derrubar isso, a todo e qualquer custo. Sejamos honestos, não dispomos de instrumentos para reescrever o ocorrido, ocorreu, e a virtude de se refazer envolve deletar ou remover quem nos ofendeu de nossa alma, de nosso ser e saírmos do estado de vítima e de coitados para protagonistas de nossa própria vida. Isso nos ajuda a não perder nossa integridade, a sermos inteiros, sem a intenção de dizer que tudo vai se apagar das nossas memórias e lembranças, entretanto, quando vier não serei mais tomado pelo ressentimento e muito menos pelo rancor. Volto a dizer, não digo para aceitarmos o termo desculpas, no caso apresentado, como se situações ruins, graves e danosas são devido as imperfeições das pessoas e devemos deixar para trás, para lá, não. De certo, não, em função de as pessoas serem responsáveis por suas escolhas e decisões. Deve ser anotado, quando a bíblia falar de e sobre perdão, remete-nos a não sermos um campo de infecções, em nossa mente, em nosso espírito e em nossas emoções, por poder nos levar a suspeitar de tudo e de todos, de não separar quando for necessário criticar, mas sem generalizações (de grupos, de etnias, de povos, de raças, de tribos, de nações, de pessoas, de credos).

O perdão pode reconciliar, como também nos levar a caminhos distintos, poupa-nos de consumir nossa existência, com aquilo que não traz nada de vida, permite-nos, chorar, irritar-se, indignar-se e nos presta o favor de fazer um bem para nós mesmos.
São Paulo - SP
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