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Palavra do leitor

Artigo publicado em resposta a Todo cristão deve estar aberto a uma compreensão cada vez mais exata da verdade

Homossexualidade: duas leituras da Bíblia - parte II

Nisso reside o ponto de partida de inúmeras dificuldades de interpretação e não menor número de erros de hermenêutica: quando nós, leitores modernos (estou pensando em nosso mundo ocidental) lemos a Sagrada Escritura de acordo com nossa mentalidade e em nossa própria língua, ambas estruturadas à moda ocidental e moderna, inconscientemente forçamos o texto bíblico escrito à luz de uma mentalidade inteiramente diferente.

Com efeito, quantas vezes o que temos por boa exegese não passa de mera “eisegese” (projeção). Quantas vezes, ao ler a Sagrada Escritura, achamos que estamos partindo dela, quando na verdade estamos apenas “introduzindo nela” a nossa maneira de pensar atual, ulterior e moderna.

Na história da exegese, o ponto de vista sociológico encontrou seu lugar há muito tempo. A atenção que a “Formgeschichte” deu ao ambiente de origem dos textos (“Sitz im Leben”) é um testemunho disso: reconhece-se que as tradições bíblicas levam a marca dos ambientes sócio-culturais que as transmitiram.

Os textos religiosos estão unidos por uma conexão de relação recíproca com as sociedades nas quais eles nascem. Esta constatação vale evidentemente para os textos bíblicos. Conseqüentemente o estudo crítico da Bíblia necessita de um conhecimento tão exato quanto possível dos comportamentos sociais que caracterizam os diversos ambientes nos quais as tradições bíblicas se formaram. Esse gênero de informação sócio-histórica deve ser completado por uma explicação sociológica correta que interprete cientificamente em cada caso, o alcance das condições sociais da existência.

Representante dessa corrente sociológica de interpretação bíblica, Bruce MALINA nos propõe que:

CITO: “Modelos de linguagem em nível mais alto do que a sentença derivam do sistema social do emissor ou escritor. Sem um bom entendimento do sistema social que dá origem a modelos variados de discursos, frequentemente chamados “formas literárias” pelos estudiosos da Bíblia, tais modelos são mal interpretados ou, simplesmente não são entendidos.

O que estou sugerindo é que a Bíblia é necessariamente mal compreendida se seu leitor/intérprete não está fundamentado em uma apreciação dos sistemas sociais nos quais seus escritos surgiram. Além disso, todas as atitudes, valores e interações comportamentais descritas na Bíblia são mal compreendidas, ou, simplesmente não são compreendidas, sem uma suficiente apreciação e entendimento do sistema social declarado e refletido nos escritos Bíblicos.

Até mesmo itens concretos como casa, pátio, xícara, ovelha e cabra possuem significados que se perderam e/ou foram substituídos pelo leitor contemporâneo. A situação interpretativa é ainda mais desesperançosa se considerarmos valores abstratos como paz, riqueza, pobreza, humildade e amor.

O leitor da Bíblia que deseja entender estes termos é deixado com a opção de ler de acordo com os significados e cenários dominantes em nosso sistema social, ou de aprender a Bíblia em termos de cenários apropriados aos sistemas sociais familiares aos autores bíblicos. O que certamente impõe aprender sobre outros sistemas sociais e suas estruturas e valores que podem diferir radicalmente do nosso.” FIM DA CITAÇÃO – Bruce Malina. O EVANGELHO SOCIAL DE JESUS – O Reino de Deus em perspectiva mediterrânea. PAULUS, São Paulo, 2004. p. 15

A nossa questão não é "quais são os textos bíblicos que condenam a homossexualidade?". Qualquer um pode fazer a lista e citá-los. A questão é "como interpretar esses textos?", "como determinar aquilo que estes textos querem realmente dizer.

Como afirmei acima, a homossexualidade (na verdade, a sexualidade humana em geral) só recentemente tem sido objeto de estudo científico; o que nos autoriza a pensar que ela fica à margem da Bíblia, da tradição e da reflexão teológica. Sabemos hoje muito mais do que S. Paulo ou do que os Padres da Igreja sobre a fisiologia e a psicologia da atividade sexual.

Afirmar que tais textos condenam a homossexualidade é incorreto. Quando dizemos "homossexual" exprimimos uma compreensão sociológica e psicológica da orientação sexual que não existia,nem aos tempos da composição do Levítico, nem nos primórdios do Cristianismo.
São Paulo - SP
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