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Palavra do leitor

Esquerda-direita, volver!

Em reação ao texto da Norma Braga, "Por que não sou de esquerda", publiquei um texto em meu blog: andrevhs.blogspot.com

Seria meu grande prazer tê-lo publicado em resposta. Obrigado.

Segue um pedaço dele abaixo:

Esquerda-direita, volver!

Se há uma virtude que vale a pena perseguir é a seguinte: a de escrever bem.

Você, Norma, que nunca conheci, detém esta virtude. Fala das coisas do cristianismo de forma pujante, vigorosa, com vontade mesmo de lhe conferir seu lugar real (ou, pelo menos ideal) no mundo: no centro dos debates.

Contudo, no que me parece um visível arroubo de contrariedade em relação à cena política nacional atual, esta mesma autora lança-se a comentários que, ao meu ver de leigo, mas de pessoa interessada, são também amadores e mal colocados no que se refere ao que ela chama de "esquerda". Portanto, eu diria que nada é mais justo do que, em meio ao amadorismo, eu também me lançar à crítica.

O primeiro ponto a se tratar é o da origem da palavra esquerda e suas designações que tenham referência, não a direções físicas, anatômicas ou cardinais, mas de claro viés político. Mas antes, é claro, deve-se tentar explicar o porquê da esquerda como a "sinistra".

Ao que parece, na Inglaterra, desde o século XIII surgiu a ideia de esquerda como “oposta à direita”, e até como “fraco, tolo”, sentido este que veio na esteira das transformações das palavras do Germânico antigo, do Holandês medieval, do Frísio, do Letão antigo e de toda sorte de outras variantes das antigas línguas do coração da Europa. Interessante notar que, naqueles tempos, diferentemente do que Norma nos faz pensar, “left” podia significar “limp” (mole), “dangle” (frouxo).

Por outro lado, a “esquerda” encontrou o grego e o latim em posição distinta daquela esposada acima: do grego “aristeros”, retira-se, grosseiramente aqui, o significado “o que é melhor”; do latim, “sinister”, oposto a “dexter”, acabava por ser palavra utilizada como “contrário, desfavorável”, ao mesmo tempo que foi extrapolada para o italiano guardando o mesmo significado que é a nossa esquerda: esquerda.

Essa longa introdução pra dizer o seguinte: o sentido político só surge com “la gauche” da Revolução Francesa, em 1791, na Assembleia Nacional. Para entender a simplicidade e mesmo a beleza da origem, ajuda-nos Michel Vovelle:

“A destruição do Antigo Regime institucional e social era o prenúncio do importante texto da Declaração dos Direitos do Homem que apareceria algumas semanas mais tarde.
Foi a primeira etapa de um gigantesco trabalho de transformação e de renovação da França que essa Assembléia irá realizar.

Antes de relembrá-lo, vamos pôr as coisas em seu devido lugar. Trazida de Versalhes no dia 6 de outubro de 1789 por um cortejo de mulheres, a família real encontra-se agora em Paris, no Palácio das Tulherias. A Assembléia Nacional reúne-se próximo dali e começa a ter suas primeiras experiências políticas: ainda não se fala em partidos, mas os grupos já entram em confronto: à direita ficam os contra-revolucionários e aristocratas, ou “negros”; no centro ficam os patriotas constitucionalistas, onde oradores como Mirabeau e Barnave se valorizam; e, à esquerda, alguns democratas, como Robespierre, se destacam.” (Vovelle, M. A Revolução Francesa explicada à minha neta. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 2005)

Se só a mim, não sei, mas fica clara a posição geográfica do grupo democrata. Não só isso. A própria manifestação política que determinaria as bases de uma nova França e que daria à revolução um sentido, contava com, pelo menos, três grupos, de diferentes ideologias. Vovelle parece sugerir (à sua neta) que não é apenas recomendável, mas saudável, que haja pluralidade de engajamento político. Assim, tão orgânica quanto a direita, tão “braço” ou “mão” quanto a direita, é a esquerda. E, mesmo ali, há uma posição de centro. Todos no mesmo jogo político, com participações antagônicas e (por que não?) complementares, justamente por seres opostas.

A leitura mais crua que seja da formação da Assembleia Nacional francesa, ao lado do movimento de Independência dos EUA, faz saltar aos olhos que as nossas bases políticas, tomadas de empréstimo em algumas coisas, têm em sua raiz uma esquerda bastante coerente, oposta às arbitrariedades e privilégios do Antigo Regime. Democratas bem diferentes do DEM e de outros partidos organizados de direita de hoje. Antes de um governo, ou mesmo das definições de sua linha de atuação e direção, a discussão foi feita, ou, pelo menos pretendida, nos moldes da pluralidade, da participação.

Mas não devemos ficar emperrados no final do tal “século das luzes.” Tanta água correu desde lá, que é impossível olhar a esquerda como monolítica. Andando pelo século XIX, é o trabalho de Marx e de Engels que alertará para o fantasma que assombra a Europa, um fantasma vermelho, bem mais desagradável que o “bom velhinho”. Falemos sobre isso apenas muito brevemente, pois o leitor já...
Niterói - RJ
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