Palavra do leitor
- 31 de julho de 2019
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Como a mais bela tribo, dos mais belos índios não ser atacada por ser inocente
O título acima remete a uma conhecida canção do rock brasileiro: "Índios", da banda Legião Urbana, uma composição de Renato Russo, que trata de temas que envolvem as crenças pré colombianas, os conceitos pré existencialistas de Nietzsche e especialmente a Trindade Cristã. Sobre Deus, a letra expressa a possível indagação de um indígena quando do conhecimento da narrativa bíblica:
"Quem me dera ao menos uma vez / Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três / E esse mesmo Deus foi morto por vocês / Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste".
A canção inclui aspas em seu título, presentes nos encartes dos álbuns Dois e Música Para Acampamentos. As aspas servem para denotar que o título refere-se não somente aos primeiros habitantes do Brasil, mas à simplicidade infundida no povo brasileiro desde seus primórdios, sendo sempre ludibriado.
"Índios" é paulatinamente escrita a fim de encontrar a metáfora do amor entre a mitologia e a história, narrando o encontro do divino com o humano e do homem com o seu semelhante.
Sabemos que o homem foi o ápice da Criação: Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. (…) Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn1:26-27). Por esse princípio, todo ser humano traz em sua essência parte da divindade, e por outro, mantém um status de igualdade ante seus semelhantes.
O assassinato de liderança indígena Emyra Wajãpi, no último 26 de julho, em um ataque de garimpeiros ao povo Wajãpi, no estado do Amapá, por ocasião de uma invasão armada à sua aldeia, somados aos recorrentes discursos de ódio e agressão por parte de autoridades governamentais, demostram um governo que, ainda que indiretamente, por omissão ou ação, estimula a violência e a morte.
"Quem me dera ao menos uma vez / Como a mais bela tribo / Dos mais belos índios / Não ser atacado por ser inocente"
Os índios descritos no poema representam não somente os brasileiros, mas os "povos do Sul" de um modo geral. Simbolizam a desigualdade entre países ricos e pobres. Expressam a divisão econômica através do capital e a questão da alteridade e do outro.
Recordemos que quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: "Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer" (Mt 25:45).
O Brasil encontra-se em um triste momento histórico, onde professores, defensores de direitos humanos, indígenas e quilombolas são vistos como inimigos ou como razão de nosso atraso. Vemos aqueles que, em virtude de suas funções, deveriam cumprir o papel de defensores do povo brasileiro, levantando dúvidas sobre o assassinato, antes mesmo das investigações, inclusive proferindo uma série de acusações face aos movimentos de defesa dos povos indígenas.
Dessa maneira, ao olhar para si mesmo, o ser humano percebe o mundo que o rodeia: "Nos deram espelhos e vimos um mundo doente".
Porém, na prática do Reino de Deus, os critérios éticos centrais que orientam o comportamento das pessoas são o amor (Mt 22:37-39), a justiça, a misericórdia e a fidelidade ao projeto do Pai (Mt 23:23). Esse também foi o centro da prática profética no antigo Israel: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?" (Is 58:6-10); "Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos" (Oseias 6:6).
Que possamos então contribuir para a mudança desse mundo, a começar por nós mesmos e que nos manifestemos denunciando toda forma de violência e opressão, lutando pela manutenção de direitos e a defesa dos vulneráveis, para que possamos oferecer uma perspectiva de futuro ao nosso povo:
"Quem me dera ao menos uma vez / Explicar o que ninguém consegue entender / Que o que aconteceu ainda está por vir / E o futuro não é mais como era antigamente".
Lembremos as palavras de Paulo: "não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)
Afinal, Deus é conosco, não Deus comigo. Deus manifesta o amor no cuidado do próximo. Todo "Amor" de Deus que despreza o próximo afetado é iniquidade.
"Quem me dera ao menos uma vez / Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três / E esse mesmo Deus foi morto por vocês / Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste".
A canção inclui aspas em seu título, presentes nos encartes dos álbuns Dois e Música Para Acampamentos. As aspas servem para denotar que o título refere-se não somente aos primeiros habitantes do Brasil, mas à simplicidade infundida no povo brasileiro desde seus primórdios, sendo sempre ludibriado.
"Índios" é paulatinamente escrita a fim de encontrar a metáfora do amor entre a mitologia e a história, narrando o encontro do divino com o humano e do homem com o seu semelhante.
Sabemos que o homem foi o ápice da Criação: Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. (…) Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn1:26-27). Por esse princípio, todo ser humano traz em sua essência parte da divindade, e por outro, mantém um status de igualdade ante seus semelhantes.
O assassinato de liderança indígena Emyra Wajãpi, no último 26 de julho, em um ataque de garimpeiros ao povo Wajãpi, no estado do Amapá, por ocasião de uma invasão armada à sua aldeia, somados aos recorrentes discursos de ódio e agressão por parte de autoridades governamentais, demostram um governo que, ainda que indiretamente, por omissão ou ação, estimula a violência e a morte.
"Quem me dera ao menos uma vez / Como a mais bela tribo / Dos mais belos índios / Não ser atacado por ser inocente"
Os índios descritos no poema representam não somente os brasileiros, mas os "povos do Sul" de um modo geral. Simbolizam a desigualdade entre países ricos e pobres. Expressam a divisão econômica através do capital e a questão da alteridade e do outro.
Recordemos que quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: "Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer" (Mt 25:45).
O Brasil encontra-se em um triste momento histórico, onde professores, defensores de direitos humanos, indígenas e quilombolas são vistos como inimigos ou como razão de nosso atraso. Vemos aqueles que, em virtude de suas funções, deveriam cumprir o papel de defensores do povo brasileiro, levantando dúvidas sobre o assassinato, antes mesmo das investigações, inclusive proferindo uma série de acusações face aos movimentos de defesa dos povos indígenas.
Dessa maneira, ao olhar para si mesmo, o ser humano percebe o mundo que o rodeia: "Nos deram espelhos e vimos um mundo doente".
Porém, na prática do Reino de Deus, os critérios éticos centrais que orientam o comportamento das pessoas são o amor (Mt 22:37-39), a justiça, a misericórdia e a fidelidade ao projeto do Pai (Mt 23:23). Esse também foi o centro da prática profética no antigo Israel: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?" (Is 58:6-10); "Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos" (Oseias 6:6).
Que possamos então contribuir para a mudança desse mundo, a começar por nós mesmos e que nos manifestemos denunciando toda forma de violência e opressão, lutando pela manutenção de direitos e a defesa dos vulneráveis, para que possamos oferecer uma perspectiva de futuro ao nosso povo:
"Quem me dera ao menos uma vez / Explicar o que ninguém consegue entender / Que o que aconteceu ainda está por vir / E o futuro não é mais como era antigamente".
Lembremos as palavras de Paulo: "não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)
Afinal, Deus é conosco, não Deus comigo. Deus manifesta o amor no cuidado do próximo. Todo "Amor" de Deus que despreza o próximo afetado é iniquidade.
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