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Palavra do leitor

Ai, Ai, Agora Vai! “Ainda acabo achando algum trigo no meio desse joio!”

Parado por excesso de velocidade justificou a infração de forma inusitada: "Deus estava ao volante". Vardan Aslanyan foi perseguido pela polícia e dirigia a 150 km/h. A fuga só acabou ao bater em dois carros. Na delegacia alegou ser um “anjo”.

Por volta das 16h da tarde de sexta-feira última, aproveitando que o sinal acabara de passar para o ‘amarelo’, um sujeito que vinha atrás, numa velocidade incrível para aquele trecho, cruzou o sinal. Não deu, e pegou a ponta do para-choque de outro carro que estava logo à minha frente. O estrago não foi pequeno.

Parado pela polícia que para azar do dito cujo estava por ali, ainda podia se ler: DEUS ESTÁ NO CONTROLE.

Se fosse Arminiano, ainda poderia conjugar o verbo e colocar o tempo verbal no passado simples ou um futuro do pretérito. Se Calvinista de quatro costados, certamente o verbo jamais flexionaria.

Colecionei algumas preciosidades dessas que se lê em carros abestalhados da fé. Eis algumas, apenas as publicáveis!

“Deus é maior do que você merece”.
(‘Deus’ aí na frase é do tamanho do umbigo do declarante)

“Dirigido por mim, guiado por Deus”.
(Exemplo acabado de tautologia (vício de linguagem); isto é, expressa a mesma ideia usando palavras diferentes)

“Deus é fiel”.
Equivale a uma profundidade equivalente a declarar que “leite é branco” ou que “água molha”!

“Dívida pra mim é sagrada. Deus lhe pague”.
Mero jogo de palavras e ainda por cima com o viés de sem-vergonhice e cinismo.

“A Serviço de Deus.”
(Talvez tentando interpretar o apóstolo Paulo em Gálatas 6:2, “... levai as cargas uns dos outros...”)

“Este veículo é rastreado por Deus”.
(Já não bastasse Deus intrometendo-se em todo tipo de picuinha, Ele agora está no mercado de segurança de caminhões)

“Meus faróis iluminam a estrada e Deus ilumina meu caminho”.
(Imaginem se o carro for um fusca antigo!)

“Não fale dos seus grandes problemas para Deus, fale para os problemas do seu grande Deus”. (Querendo fazer Deus grande, acabou por nivela-Lo à miudagem do cotidiano)


“Que Deus te dê em dobro, tudo que me desejas”.
(Deus como porrete! É a variante do sujeito que, rejeitando o folheto na praia, ainda houve um “Deus te abençoe!”. Exemplo de vingança!)

“Quem dá aos pobres empresta a Deus e quem empresta ao Governo dá adeus”. Imagina o que São (Francisco de Assis diria de uma asnice deste tamanho!)

Fiquemos com “DEUS ESTÁ NO CONTROLE”.

A construção é tão sórdida que não se sabe se Deus está controlando a si mesmo; se Deus existe para controlar; se Deus quer mesmo controlar as mazelas da vida; ou se Deus se envolveria em erros alheios, como essa do sujeito do sujeito passando no sinal amarelo.

Minha adorável sogra defende Deus com unhas e dentes como se a Santíssima Trindade precisasse de defesa pessoal para Seus atos. Suspeito que a opinião teológica dela é a média do Evangélico hoje.

Temerosos de que Deus possa dar algum cochilo diante da confusão que reina no mundo; suspeitando que algum malvado possa insistir que alguma coisa tenha dado errado na Criação; admitindo que tudo o que existe é bom mesmo e não se questiona; logo, isso tudo é possível por que Deus, afinal, está no controle de “tooooodas as coisas”, com reforço da linguagem, como ela gosta de enfatizar.

“Mas e o mal?”

Bem, a resposta aqui inclui a dela e de uma penca de ‘sábios’: o mal está sob o controle Dele também, portanto, nada a temer. Pouco importando a questão anterior se o mal existe e se existe quem o criou.

Certamente o “tooooodas” da minha sogra não deixa margens a dúvida alguma. Tudo, menos o mal, claro.

Mas essa porta entreaberta aí (existência do mal) é logo fechada porquanto a Sua SOBERANIA suficientemente ampla, geral e irrestrita, e cunhada a ferro e a fogo com essa palavra, cobre uma multidão de teologias anabolizadas!

Lembrei-me mais tarde, porém, que a frase no carro acidentado não era aquele que geralmente se lê por aí, DEUS ESTÁ NO CONTROLE. Era outra: DEUS ESTÁ SOB CONTROLE.

Então estava explicado: numa velocidade daquelas, Deus realmente não poderia fazer rigorosamente nada mesmo, nem NO nem SOB, inclusive quanto às leis da física e do bom senso: de ‘mãos’ e ‘pés’ amarrados, a Divindade não poderia fazer nada!

Suspeito que no afã de ‘cercar’ todas as saídas, muitos acabam por fazer Deus objeto de suas próprias invencionices teológicas. Exemplifico.

Antigamente respondia-se a presença na escola dominical com versículo bíblico. O secretário declinava o nome do indigitado e este atendia ficando de pé, escolhendo um.

Belo dia um recém-convertido inovou. Declinado o nome, respondeu, “pote tanto vai a bica que um dia vai e fica” (‘quebra’). Informado de que não estava na bíblia, retrucou: “se não está na bíblia, pode colocar que é pura verdade!”.

Talvez seja, com as ‘exceções’ de praxe, pura verdade mesmo: no caso do semáforo, aquele ‘Deus’ da frase conversava com ‘São Pedro’ e nem percebera a tragédia, estava literalmente amarrado, NO e SOB CONTROLE.
P - RN
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