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Palavra do leitor

A espiritualidade negra

‘’As diferenças não devem ser tidas como divergências, mas enredos fundamentais para nossa singularidade, confirmação de nossa identidade e ênfase do respeito ao ser humano’’.

O derradeiro vinte de novembro de 2019, comemorou-se, em vários locais do país, o dia da consciência negra. É bem verdade, sejamos honestos, ainda não há uma consensualidade e encontramo-nos distantes de perceber o quanto essa data objetiva destacar a importância de caminhos a não serem feitos. De tais colocações, podemos testificar haver uma espiritualidade negra, uma teologia negra, uma salvação negra, uma fé negra? Ora, não estaria por eleger epítetos de pele ou, melhor dito, raciais ou étnicos para estabelecer uma ligação com a saga das boas novas? Não seria desatino, um amontoado de palavras lançadas ao vento e uma completa perda de tempo?

Faço observar, sem a finalidade de levantar uma paranoia racial, agora, quando atentamos para as figuras angelicais, os mosaicos de Jesus, as interpretações do céu não aponta para a cor branca. Vamos lá: o humor negro, a coisa está preta, a figura do capeta e dos demônios sempre associados ao negro não direciona a condicionar as pessoas a conceberem assim? Por mais que muitos relutem, por mais que os negros sejam considerados cristãos, não são tão, como se sua humanidade estivesse numa patamar abaixo.

Dou mais uma pincelada, na senzala há, também, espiritualidade, a presença afável e lenitiva das boas novas, o inundar da Graça Jesus Cristo. Vou adiante, enfoco a expressão ou a sonora palavra negra, como uma forma de afirmar à identidade, a pessoalidade, a personalidade, sem se colocar acima de outro ser humano (seja branco, seja mulato, seja indígena e por ai vai). Sem sombra de dúvida, no encontro da Cruz, cada um de nós é um eu, com suas idiossincrasias e particularidades.

Deve ser dito, isso nos remete a perceber a necessidade de desmanchar as ilusões de uma espiritualidade anglo-saxônica, de uma leitura neocolonialista, de uma derrocada de toda a presunção de uma interpretação, por exemplo, bíblica, segundo as lentes do homem branco ou europeu, com a tendência de fincar suas estacas de sua teologia, de sua educação, de sua ética, de sua justiça como uníssona fonte de virtude e relevância. Afinal de contas, onde quero chegar?

Simplesmente, nunca haverá uma espiritualidade absoluta, final, matriz, origem, porque a espiritualidade se manifesta nos aspectos específicos de uma comunidade, dentro de eventos temporais, a qual apresenta a Graça Jesus Cristo, como critério orientador. Ouso dizer, os cristãos não vivenciam a experiência das boas novas numa simetria ou da mesma maneira, porque a expressam em sua particularidade e peculiaridade, a qual Jesus se constitui no ponto fundamental.

Dou mais uma pincelada, somos alcançados pelas boas novas, por aquele que é continuamente o Deus Criador, tanto pelo que somos e quanto somos, ou seja, seres com suas singularidades e diferenças (raciais, culturais, históricas, sociais e outras). A espiritualidade negra não fecha os olhos para os ciclos de estigmatização de o negro ser tratado como uma espécie inferior, enfrenta a pergunta de como a palavra de Deus nos responde sobre a definitiva condição de libertação e liberdade do ser humano, seja quem for.

Sempre é de bom parecer, chama-nos com esse Deus ocupado com a nossa humanização, como um chamado para caminhar com o Deus da saída, do êxodo, da ruptura dos ferrolhos da doença (a doença da indiferença, da injustiça, da iniquidade, da impiedade, da sordidez, da arrogância, da violência, da hostilidade, da arbitrariedade, do abuso) e do pecado (da mais estampada alienação do homem do homem, porque vida, senão atingir os dois lados moeda).

A espiritualidade negra se dirige para os marginalizados, os excluídos, os oprimidos, os culpados, os desnudos de esperança e fé. Aliás, essa espiritualidade nos convoca para adentrar na nova Jerusalém, no novo éon, na Terra Prometida, a começar, a partir daqui, deste presente oikos. Deveras, a espiritualidade negra se regozija, com sua particularidade e peculiaridade, sem se eleger na palavra final e definitiva, sem trazer ranços e ressentimentos. Diametralmente oposto, aponta para o Deus ser humano Jesus Cristo, que desce as ladeiras e vai a direção das feridas da vida e dos vivos, conforme os textos de Lucas 1.46-55 e Isaías 61.1-3. Por fim, a espiritualidade negra não se desvencilha da confiança e da compreensão séria e sincera das verdades cristãs e sua consonância com as escrituras sagradas, a qual encontramos a Deus, descortinado em Jesus Cristo.
São Paulo - SP
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