Palavra do leitor
- 02 de março de 2019
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A dor ao lado
Não há de se encontrar dor, que de tanta dor dói além de mim – a "dor do outro".
É dor desconhecida em suas razões e motivos. É dor que se dispersou para bem longe do meu entendimento e compreensão. Entendo-a sim, como luto, perda, sofrimento, doença, aflição, angústia, mal. Mas, são meras explicações. Elas ainda não clarificam o significado de tal dor. É certamente impossível explicar quando não se sabe o que é.
Cada dia que tento tratar a dor ao lado, ela só me informa que continua sendo dor muito maior do que a que há em mim. É sempre dor do e no outro, não em mim, não minha.
A dor que há em mim, vem com as portas abertas para entendê-la, aceitá-la, e até tratá-la. Ela se explica melhor para o meu coração. É plausível. Está ao alcance do meu saber. Está aqui. Está em mim.
A dor de lá é diferente.
É tão dor que faz doer o peito de lá, deixando confuso e perdido o peito daqui. É dor que não espera. É dor que desrespeita o tempo. Não era pra chegar e insiste em não sair. É dor que vem e fica.
A dor ao lado tem uma legitimidade que ninguém consegue dimensionar. É dor que de tão grande aos meus olhos acabou ficando sem tamanho. Ela é sempre maior, mais profunda e mais extensa do que eu posso entender.
Seus motivos parecem destituídos de sentido e significado. Por ter esta índole ela não se rende a conselhos e palavras de consolo. Ela pede pra ser dor enquanto dolorido for o caminhar.
Muitos dizem que é experiência passageira. Entretanto, é bem mais permanente do que se espera. É dor que não se entretém. Não se entrega a distrações e não se ausenta. É dor que com o outro repousa, para com ele levantar.
A dor ao lado é embaraço sempre. Me vejo em desvantagem e desapreço diante de toda tentativa para resolvê-la. Ela bane com toda a soberba do meu coração.
Diante da "dor do outro" só me resta consentir e respeitar. Este é o melhor abrigo que posso oferecer ao outro enquanto "em dor". Que isto se faça no silêncio e ausência de palavras. E enquanto vazio me sentir, que haja uma oferta constante e permanente de um ombro.
Para a dor que em mim não está, o ombro basta. É acolhida e morada. Abraço e guarida. Quem na dor está, precisa mais de uma presença silenciosa de um ombro, do que o alarido de palavras mil.
Eis o meu ombro. No silêncio, mas sempre presente e próximo. Fique à vontade para chorar a sua dor, porque sobre nós repousa o amor que nos ensina a "chorar com os que choram"
(Rm 12.15).
Pr. Ismar Junior (Henrico – VA – USA)
É dor desconhecida em suas razões e motivos. É dor que se dispersou para bem longe do meu entendimento e compreensão. Entendo-a sim, como luto, perda, sofrimento, doença, aflição, angústia, mal. Mas, são meras explicações. Elas ainda não clarificam o significado de tal dor. É certamente impossível explicar quando não se sabe o que é.
Cada dia que tento tratar a dor ao lado, ela só me informa que continua sendo dor muito maior do que a que há em mim. É sempre dor do e no outro, não em mim, não minha.
A dor que há em mim, vem com as portas abertas para entendê-la, aceitá-la, e até tratá-la. Ela se explica melhor para o meu coração. É plausível. Está ao alcance do meu saber. Está aqui. Está em mim.
A dor de lá é diferente.
É tão dor que faz doer o peito de lá, deixando confuso e perdido o peito daqui. É dor que não espera. É dor que desrespeita o tempo. Não era pra chegar e insiste em não sair. É dor que vem e fica.
A dor ao lado tem uma legitimidade que ninguém consegue dimensionar. É dor que de tão grande aos meus olhos acabou ficando sem tamanho. Ela é sempre maior, mais profunda e mais extensa do que eu posso entender.
Seus motivos parecem destituídos de sentido e significado. Por ter esta índole ela não se rende a conselhos e palavras de consolo. Ela pede pra ser dor enquanto dolorido for o caminhar.
Muitos dizem que é experiência passageira. Entretanto, é bem mais permanente do que se espera. É dor que não se entretém. Não se entrega a distrações e não se ausenta. É dor que com o outro repousa, para com ele levantar.
A dor ao lado é embaraço sempre. Me vejo em desvantagem e desapreço diante de toda tentativa para resolvê-la. Ela bane com toda a soberba do meu coração.
Diante da "dor do outro" só me resta consentir e respeitar. Este é o melhor abrigo que posso oferecer ao outro enquanto "em dor". Que isto se faça no silêncio e ausência de palavras. E enquanto vazio me sentir, que haja uma oferta constante e permanente de um ombro.
Para a dor que em mim não está, o ombro basta. É acolhida e morada. Abraço e guarida. Quem na dor está, precisa mais de uma presença silenciosa de um ombro, do que o alarido de palavras mil.
Eis o meu ombro. No silêncio, mas sempre presente e próximo. Fique à vontade para chorar a sua dor, porque sobre nós repousa o amor que nos ensina a "chorar com os que choram"
(Rm 12.15).
Pr. Ismar Junior (Henrico – VA – USA)
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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