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Palavra do leitor

A eugenia e a Torre de Babel

‘’O amor não se encontra nas conveniências, mas sim diante dos conflitos e das distinções, pelo qual nos tornam tão singulares e especiais. ’’


A torre de babel simboliza o sonho de chegar ao céu, como a constituição e comprovação de uma raça perfeita, ideal, célebre e suprema, sem a atenção para os ecos do não, da discordância, dos conflitos, de nem tudo pode ser lido e interpretado, a partir das imposições de uns, enquanto outros deveriam se curvar e aceitar. De maneira semelhante, a eugenia representou um conceito voltado a formar uma raça de seres humanos talentosos, dotados de habilidades, vistos como os mais bem qualificados, os mais bem dotados, como os mais bem designados para erguer uma nova realidade humana.

Aliás, tanto no aspecto dos homens, em babel, quanto como os ferrenhos defensores da eugenia, eram impulsionados a corrigir, a reformar e estabelecer uma geração forte, senhora de si mesma. De um lado, construiremos uma sociedade perfeita, célebre e ideal e, de outro lado, formaremos uma raça, uma geração e um modelo de seres humanos, na mesma propositura. As consequências dos apologistas da eugenia advogavam em prol da esterilização de pessoas com deficiências, pobres, pessoas consideradas como dotadas de pouca qualificação e, acredito, piamente, arrisco dizer, em babel qualquer postura de oposição não seria acolhida e vista de bom grado, como os inaptos.

Tristemente, os dois exemplos nos levam a uma reflexão minuciosa sobre a nossa tendência de estar ao lado, de optar, de deliberar pelos mais qualificados, pelos mais habilitados, pelos mais dotados de recursos e subsídios. De certo, um dos mais ardorosos discípulos dessa eugenia, teve em Adolf Hitler, em seu livro Mein Kampf (Minha luta), por onde se valeu desse idealismo, como uma desculpa e justificativa desumana, para eliminar doentes mentais, paralíticos e desafortunados. O interessante dos adeptos da eugenia e dos protagonistas da torre de babel pode ser identificado na ausência de contraponto, de uma via dialogal, de uma narrativa histórica alinhada a uma construção ética de intenso e profundo compromisso, em favor do outro.

Eis, aqui, o quanto as palavras de Jesus incomodam um cenário cultural movido e promovente dos bem nascidos, dos participes de uma beleza ideal, de um corpo ideal, de idealismos ideais, porque não descarta os pobres, em todas suas dimensões e muito menos se fecha para negativas. Em outras palavras, o cego Bartimeu, a mulher do fluxo de sangue, os leprosos, o jovem possesso gadareno, os miseráveis deveriam ser erradicados, riscados do mapa, deletados, porque eram os mosaicos de uma crua e nua situação de feiura, de desprezo, de repulsa, de peso e fardo para os sãos e merecedores dos benefícios da vida, dentro da ótica da eugenia ou não? Na mesma sequência, provavelmente, nem sequer serião lembrados pelos laboradores da Torre de Babel ou não?

Evidentemente, não adentro numa discussão sobre os benefícios da engenharia genética, de todo o melhoramento ancorado a ajudar o ser humano. Não e não, abordo a mensagem do evangelho para não nos esquecermos de contextos de marginalizados, de excluídos, de esquecidos, de abatidos, de gente roída e corroída pela violência, pela hostilidade, pela corrupção, pela beligerância (étnica, religiosa, ideológica), por gente sem pátria, por refugiados largados a míngua e por tantas marcas de vidas desfiguradas. Vou adiante, ultimamente, as plataformas das redes sociais evocam pessoas ou imagens fantasiosas de um mundo legal e toda e qualquer menção sobre os desqualificados, os não bem vistos, os nãos aprovados, os que não se encaixam, em nossas expectativas de ideal acabam por serem rechaçados.

Nada da consideração, nada de atentar para os desalentados, para os submergidos em lágrimas gélidas de intolerância. Afinal de contas, lanço uma tentadora analise e ponderação, com relação a nossa conduta, como cristãos, e será que não nos filiamos a crença de nos interarmos com os ‘’bem nascidos’’, expressão nomeada por Franciso Galton, em 1883, primo Charles Darwin, para sonharmos e lutarmos por um evangelho dos bem sucedidos, conquistadores, dos imunes as mazelas e intempéries da vida, com suas incertezas, com suas injustiças, com suas iniquidades, com suas inquietudes?

Cada vez mais, muitos se incomodam com pessoas que não são modelos de vitórias, de avanços, de progressos, de bênçãos e os consideram como desafortunados e os mantem, de preferência, nos recônditos, sem visibilidade, sem percepção, sem voz, sem o direito de serem ouvidos e amados. Deveras, os homens em babel buscavam serem célebres ou, pelo menos, os interlocutores dessa ânsia, sem nenhuma importância sobre os meios e mecanismos para assim chegar a esse objetivo; os nazistas, amantes da eugenia, primavam por fazer da raça ariana algo sublime, estonteante, sem mácula, sem arranhões, sem rasuras, sem manchas.
São Paulo - SP
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