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Opinião

Movimento missionário brasileiro – ao longo de tantas décadas há motivos para celebrar?

O Senhor é o dono da missão e a igreja ainda tem muito a fazer

Painel com a colaboração de Analzira Nascimento, Bertil Ekstrom, Cassiano Luz, Délnia Bastos, Durvalina Bezerra, Elizete Lima (Zazá), Lissânder Dias, Mila Kobi, Timóteo Carriker, Valdir Steuernagel

O movimento missionário brasileiro não é coisa nova. Ao mesmo tempo, não é possível afirmar exatamente quando começou – se com a chegada e distribuição dos primeiros exemplares da Bíblia, se com os missionários estrangeiros ou com pastores, evangelistas e missionários brasileiros. Mas algumas coisas são certas: pela graça de Deus e atuação do Espírito Santo, já transformou e impactou a vida de brasileiros e estrangeiros – cristãos e não cristãos –, produzindo muitos frutos, e tem uma história com motivos de celebração e desafios que precisa ser lembrada de tempos em tempos.

Encorajada pela matéria de capa e pelo 10º Congresso Brasileiro de Missões, Ultimato convidou pessoas envolvidas em diferentes frentes da missão para responderem quatro perguntas sobre o movimento missionário brasileiro. Elas diferem na idade, na experiência e na abrangência de ministérios que realizam.

O resultado é um material muito rico!

Não apenas por causa das análises, mas também:
. pela reunião num documento de tantos – e diversos entre si – motivos de celebração
. porque oferece um possível guia para a autocrítica
. porque reafirma que o Senhor é o dono da missão e a ele glorificam pelos resultados
. porque considera o Espírito Santo em ação na missão
. porque mostra o quanto ainda há por fazer

Boa leitura!

Painel - parte 1

Na sua perspectiva, qual é o principal motivo de celebração do movimento missionário brasileiro ao longo de tantas décadas?

Analzira Nascimento
– Convivendo com o movimento desde os anos 1980, penso que os maiores destaques se deram no aumento de envios de missionários, mas ainda somos uma força reativa que atua dentro de paradigmas definidos em outro continente, em diferente contexto e período.

Timóteo Carriker – O principal motivo está no tamanho do engajamento de poucas centenas, quando me envolvi no início dos anos 1980, para mais de 10 mil missionários brasileiros no ministério transcultural dentro e fora do país, a ponto de se destacar em segundo lugar como o país de maior envio missionário para o exterior (longe do primeiro lugar e bem próximo dos países de terceiro, quarto e quinto lugar).

Cassiano Luz
– Um dos maiores desafios do nosso tempo, como Igreja de Jesus, é o exercício da unidade. O pecado, como ideologias e competição, têm causado tristes e profundas divisões no Corpo de Cristo. A despeito deste cenário, o movimento missionário tem se desenvolvido, na minha percepção, como um ambiente de complementaridade e cooperação. A multiplicidade de parcerias, a amizade nutrida entre nós, é uma marca do reino de Deus que se evidencia em encontros como o Congresso Brasileiro de Missões (CBM).

Bertil Ekstrom – O principal motivo de celebração é o despertar das igrejas brasileiras para o desafio de contribuir para a evangelização mundial, alcançando os povos que ainda não conhecem o evangelho de Jesus Cristo. A frase cunhada pelo pastor Jonathan dos Santos, em artigo da edição de novembro de 1978 de Ultimato, do Brasil ser “um campo missionário para se tornar um país missionário”, exemplifica a mudança de atitude e de mentalidade em relação à vocação missional da igreja brasileira. A partir da década de 1980, o movimento tem crescido significativamente baseado na participação das igrejas locais, tanto por meio das estruturas denominacionais como das agências interdenominacionais, tornando o Brasil o segundo maior enviador de missionários da atualidade.

Délnia Bastos
– Fora o primeiro motivo de celebração, que é bastante óbvio – o crescimento numérico do movimento – para mim, o crescimento qualitativo é o principal motivo de celebração. Quero dizer, o crescimento em maturidade, unidade, perseverança e fé. Já podemos afirmar, com certeza, que o que aconteceu nos anos 1980 não foi fogo de palha, mas algo duradouro que está frutificando. Como exemplos, cito a preocupação com o cuidado integral do missionário e com a qualidade do ensino missiológico. É só visitar o site da Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB) e verificar a quantidade de departamentos operando... é impressionante! Nem sonhávamos com tudo isso no Brasil que ainda era campo missionário.

Lissânder Dias – A perseverança dos que são fiéis ao chamado. Os desafios são incrivelmente grandes – como 3 bilhões de pessoas que não conhecem a Jesus e uma geração que muda rapidamente –, mas temos uma minoria leal a Deus que continua servindo a Deus e ao próximo com seus “cinco pães e dois peixes”. Sei que o movimento missionário avançou em muitos aspectos (como estratégias, tecnologia e comunicação), mas sem fidelidade nada avança, de fato. Por isso, eu celebro as muitas histórias anônimas de missionários que não desistiram e que deixaram um legado encorajador ainda hoje.

Mila Kobi – O motivo da celebração é ver que Deus nos fez de receptores para enviadores de missionários. Lembro-me de há quase vinte anos, morando em Vila Velha, ES, obedecer decidir por missões. Eu não conhecia agências missionárias ou outros missionários capixabas que pudessem caminhar comigo. Hoje, isso mudou. Em quase todos os lugares que viajo no Brasil, eu encontro um vocacionado e alguma igreja desejosa em se envolver mais em missões.



Valdir Steuernagel – O movimento missionário é uma consequência natural e até necessária de uma igreja – no caso evangélica, que nas últimas décadas tem se mostrado ativa, intensa e até pujante. Isso se verifica em várias áreas, seja no processo de plantação e crescimento de igreja, ou seja numa enorme expansão ministerial, com os seus diferentes caminhos vocacionais, tais como atletas, médicos, enfermeiros, artistas, refugiados, para citar apenas alguns. O despertamento de um engajamento missionário que busca se expandir para áreas não alcançadas, numa perspectiva missional, é um resultado necessário e evangelicamente natural. Assim, o principal motivo de celebração é a vida da própria igreja e o tempo de graça que Deus tem concedido a ela. Missão é resposta à graça de Deus.

Desde o início, ainda no século 17, o movimento missionário moderno esteve vinculado, de uma forma ou de outra, aos países mais ricos, de corte ocidental e de maioria branca. Isso se evidenciou primeiro no período da expansão colonial europeia e, depois, no período pós-guerra, quando os Estados Unidos se tornaram um poder econômico, militar, tecnológico e político. Um poder de corte imperial e, também, de expressão racial branca. Quando chegamos à segunda metade do século passado, testemunhamos o emergir de movimentos missionários oriundos de igrejas novas, muitas vezes em crescimento, com poucos recursos, mas com uma vitalidade de fé que os levou a olhar e ir para além de suas próprias fronteiras, sejam étnicas ou nacionais. O movimento missionário brasileiro faz parte desse despertamento missionário e encontra companhia em missionários coreanos, indianos e africanos, entre outros. O presente movimento missionário é global, multiétnico e se viabiliza, inclusive, num universo de limitação de recursos econômicos e até tecnológicos. O movimento missionário moderno vive a mutualidade e isso deve ser celebrado.

Durvalina Bezerra – O despertamento da igreja brasileira para o cumprimento da missão global. O avanço missionário foi ascendente desde a década de 1970, nos tornamos o país da América Latina que mais envia missionários, que possui mais agências missionárias e conta com mais centros de capacitação missionária. Hoje, temos um significativo número de missionários nos grandes centros urbanos, nos oito segmentos menos evangelizados e no campo transcultural ao redor do mundo.

Também comemoramos a produção de literatura teológica e missiológica com grande quantidade de escritores brasileiros. Antes, era exclusivamente de estrangeiros, recebemos a contribuição deles, mas era necessário que os brasileiros produzissem materiais com a sua própria cosmovisão e identidade cultural.

Participei das dez edições do CBM, as sete primeiras eu estava na “comissão de programa”; posso constatar a riqueza que temos hoje. Esse desenvolvimento é confirmado pela qualificação do preparo dos nossos missionários e pela atuação da AMTB, que, por meio de suas variadas redes de trabalho, oferece suporte e ferramentas para o movimento missionário brasileiro.

Zazá Lima – Celebro a alegria de criarmos espaços de encontro dentro da diversidade do Corpo de Cristo e de sua multiforme graça. Continuamos lutando por uma teologia mais identificada com Jesus, encarnada e “kerigmática”, identificada com a cruz, com o sofrimento de Cristo e com a esperança de ressurreição. Buscamos fugir do show e do espetáculo e de uma missiologia gerencial esvaziada de Jesus.

Celebro o fato de integrarmos uma teologia diaspórica e hospitaleira em nossa teologia de missões.

Celebro o reconhecimento e a participação da igreja de Cristo em nossos movimentos missionários, pois precisamos de uma missão mais eclesiológica, de uma eclesiologia mais missiológica, na qual, humildemente, busquemos glorificar o nome de Jesus, nosso modelo de missão.


LEIA TAMBÉM:
Movimento missionário brasileiro – a direção e o poder do Espírito Santo
Movimento missionário brasileiro – nem tudo merece ser celebrado
Movimento missionário brasileiro – desafios globais e internos para os próximos 25 anos


Analzira Nascimento é missionária da Junta de Missões Mundiais. Doutora em ciências da religião e palestrante nas áreas de missão e alteridade, interculturalidade, formação e capacitação missionária, juventude com propósito e vocação.

Bertil Ekström é pastor batista, professor de teologia e de missiologia, autor de Missões em Toda a Bíblia: Teologia, reflexão e prática.

Cassiano Luz é diretor executivo na Aliança Evangélica Brasileira e na SEPAL

Délnia Bastos é casada, mãe de três filhos e avó de seis netos, e é membro do Conselho Missionário da Igreja Presbiteriana de Viçosa.

Durvalina Barreto Bezerra
é diretora do Centro de Educação Teológica e Missiológica Betel Brasileiro.

Elizete Lima (Zazá) é uma discípula peregrina de Cristo, servindo em contextos de difícil acesso.

Lissânder Dias é jornalista, cronista, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e do Movimento Vocare.

Mila Kobi é missionária transcultural, comunicadora intercultural e consultora em inteligência cultural. Viveu e serviu em seis países, incluindo Inglaterra, Austrália, Tailândia, Taiwan e Índia.

Timóteo Carriker, estadunidense naturalizado brasileiro, é teólogo, escritor, professor em diversas escolas de teologia e missões e editor geral da Bíblia Missionária de Estudo, da Sociedade Bíblica do Brasil.

Valdir Steuernagel é pastor luterano, membro da Comunidade do Redentor, em Curitiba, PR, e embaixador da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e da Visão Mundial.


REVISTA ULTIMATO - A IGREJA EM MISSÃO
Ultimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.

Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá,
no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.

É disso que trata a
edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» Série “O Cristão Contemporâneo”, John Stott e Tim Chester
» O Caminho do Coração - Meditações diárias, Ricardo Barbosa
» Sala de oração: um lugar que nos transforma, por Dora Bomilcar
» Acessibilidade no Congresso Brasileiro de Missões (CBM) 2025, por Mônica Freitas

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