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04 de dezembro de 2025- Visualizações: 42
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Uma direção espiritual no ritmo da vida
Numa cultura impessoal, a espiritualidade cristã tem a vocação de ressignificar a jornada de cada um
Por Lissânder Dias
“Direção Espiritual: um caminho de fé, vida e missão”. Esse foi o tema da última live de 2025 do Diálogos de Esperança, realizada na noite de terça-feira (dia 02/12) no Youtube da Ultimato. Além dos âncoras Valdir Steuernagel e Erica Neves, participaram o pastor Ricardo Barbosa, a empreendedora social Karen Brandoles, a tradutora Silêda Steuernagel e o capelão escolar Samuel Schaeffer.
Recondução de Deus
Os convidados compartilharam suas jornadas espirituais que, em algum momento, foram reconduzidas por Deus em direção a uma espiritualidade mais “pé no chão”, mais simples e que valoriza disciplinas espirituais como o silêncio e a comunhão – mais do que eventos, programas e projetos.
Ricardo Barbosa lembrou-se da primeira conversa que teve com o professor James Houston, no Regent College do Canadá no início da década de 90. Houston o desafiou a mudar de “eu tenho um projeto; portanto, existo" para “eu amo, eu me relaciono; portanto, existo”. “E foi com essa conversa, com essa proposta, com essa provocação que as coisas começaram a mudar. Eu fui para lá com um projeto e saí transformado. Isso para mim foi a experiência mais rica na minha fase adulta da vida cristã”, lembra Barbosa.
Já a Silêda experimentou o redirecionamento de Deus num retiro de silêncio de quatro dias numa cidadezinha na Suíça. “Eu estava brigando com o ritmo do meu marido Valdir, que é muito acelerado. Eu torci o pé e eu tive que parar. E essa foi uma experiência muito profunda de descobrir Deus me dizendo: ‘Eu criei vocês diferentes’. Precisei ser aquietada para poder descobrir, de fato, a importância da quietude e do silêncio diante de Deus”, conta ela.
Karen lembra que foi criada num ambiente cristão que valorizava uma vida vitoriosa, com ministérios fortes, agendas cheias e muitas atividades e programas. Só mais recentemente, quando teve contato com Osmar e Isabelle Ludovico, e depois com o Projeto Grão de Mostarda (PGM), é que Karen passou a ter proximidade com um estilo de vida cristã mais contemplativo. “Para mim, era muito estranho fazer silêncio, ficar parada, meu pé não parava, né?”. Karen, que trabalha com mulheres do sistema penitenciário por meio da moda, começou a desenvolver essa espiritualidade com as mulheres nas prisões.
Samuel também compartilhou sua vivência com uma direção espiritual mais voltada para ouvir do que falar. Ele lembra que as crianças que atende chegam quebradas por dentro, sentindo falta de uma presença real dos pais. Samuel também participou do PGM e lá ele aprendeu sobre a escuta espiritual, o que transformou seu ministério. “Esse encontro com as disciplinas espirituais tem me ensinado a ser mais atento, e a treinar, por assim dizer, o meu ouvido, para que eu possa estar mais disponível, disposto e interessado nos dilemas das pessoas”.
Igreja: lugar de cansaço
Ricardo analisou que vivemos uma “cultura extremamente impessoal”, o que nos torna uma sociedade em busca de espiritualidades que nos tirem dessa impessoalidade. “A nossa tendência, porém, é transformar tudo, mais uma vez, em projetos, em programas, em cursos, em etapas, passos etc. E a espiritualidade hoje, infelizmente, em muitos contextos, em muitos segmentos, transformou-se em mais um item nesse vasto cardápio para o mundo moderno, esse mundo cansado, esse mundo já sofrendo de esgotamento”.
Para Karen, a falta de vínculos profundos também afeta a igreja, transformando nossas comunidades em lugares de cansaço, e não de alívio. “As nossas igrejas acabam sendo percebidas como igrejas do cansaço - não por intenção, mas pelo ritmo que a gente vai criando sem perceber: excesso de atividade, expectativas altas demais, muito entretenimento, pouco espaço para vulnerabilidade e uma compensação até mesmo equivocada de serviço, como sinônimo de esgotamento. A minha experiência mostra que isso acontece quando a gente esquece que o evangelho começa no ‘Vinde a mim’ antes do ‘Ide’. Quando a gente fala mais alto que a alma, e quando a própria comunidade celebra produtividade, mas não sustenta processos de descanso, cura e cuidado mútuo, isso é um problema”.
Silêda lembrou do episódio em que algumas mulheres dormiam na hora da pregação do seu esposo. No início, isso o incomodava muito, até o momento em que ele entendeu que é melhor que as pessoas vejam a igreja como um lugar onde podem descansar do que o contrário. Samuel ressaltou que “as pessoas esperam por um lugar de significado”. “A igreja precisa voltar a ser o que ela já foi, o que ela pretende ser, que é uma igreja do encontro”.

Espiritualidade no ritmo da vida
Os entrevistados concordaram que a espiritualidade de Jesus acontece no “ritmo da vida”.
“A nossa experiência espiritual não se dá num ‘mosteiro’, mas num ambiente agitado da família, do trabalho, do trânsito. Essa é a forma como Deus se faz presente em todos esses movimentos e o discernimento que nós temos dessa presença. Isso faz a diferença”, diz Ricardo.
Karen: “Essa interioridade, esse tocar o chão não é flutuar, mas é tocar o chão, tocar realmente o chão, pisar, porque a gente tem uma tendência de flutuar. Eu vou tocar o meu chão com intencionalidade. É assumir a responsabilidade das coisas, com consciência, numa espiritualidade que realmente nos ensina a ter ritmo e não pressa”.
>> NA ÍNTEGRA
Assista, na íntegra, a live no canal da Ultimato no Youtube e no Spotify (em breve).
Última live do ano
Essa foi a décima e a última live do ano realizada pelo Diálogos de Esperança. O projeto deve voltar nos primeiros meses de 2026.
O que é Diálogos de Esperança
São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.
Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.
Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e Vida&Caminho.
REVISTA ULTIMATO - A IGREJA EM MISSÃO
Ultimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.
Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá, no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.
É disso que trata a edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Caminho do Coração - Meditações diárias, Ricardo Barbosa
» A Igreja - Uma comunidade singular de pessoas, John Stott e Tim Chester
Por Lissânder Dias
“Direção Espiritual: um caminho de fé, vida e missão”. Esse foi o tema da última live de 2025 do Diálogos de Esperança, realizada na noite de terça-feira (dia 02/12) no Youtube da Ultimato. Além dos âncoras Valdir Steuernagel e Erica Neves, participaram o pastor Ricardo Barbosa, a empreendedora social Karen Brandoles, a tradutora Silêda Steuernagel e o capelão escolar Samuel Schaeffer. Recondução de Deus
Os convidados compartilharam suas jornadas espirituais que, em algum momento, foram reconduzidas por Deus em direção a uma espiritualidade mais “pé no chão”, mais simples e que valoriza disciplinas espirituais como o silêncio e a comunhão – mais do que eventos, programas e projetos.
Ricardo Barbosa lembrou-se da primeira conversa que teve com o professor James Houston, no Regent College do Canadá no início da década de 90. Houston o desafiou a mudar de “eu tenho um projeto; portanto, existo" para “eu amo, eu me relaciono; portanto, existo”. “E foi com essa conversa, com essa proposta, com essa provocação que as coisas começaram a mudar. Eu fui para lá com um projeto e saí transformado. Isso para mim foi a experiência mais rica na minha fase adulta da vida cristã”, lembra Barbosa.
Já a Silêda experimentou o redirecionamento de Deus num retiro de silêncio de quatro dias numa cidadezinha na Suíça. “Eu estava brigando com o ritmo do meu marido Valdir, que é muito acelerado. Eu torci o pé e eu tive que parar. E essa foi uma experiência muito profunda de descobrir Deus me dizendo: ‘Eu criei vocês diferentes’. Precisei ser aquietada para poder descobrir, de fato, a importância da quietude e do silêncio diante de Deus”, conta ela.
Karen lembra que foi criada num ambiente cristão que valorizava uma vida vitoriosa, com ministérios fortes, agendas cheias e muitas atividades e programas. Só mais recentemente, quando teve contato com Osmar e Isabelle Ludovico, e depois com o Projeto Grão de Mostarda (PGM), é que Karen passou a ter proximidade com um estilo de vida cristã mais contemplativo. “Para mim, era muito estranho fazer silêncio, ficar parada, meu pé não parava, né?”. Karen, que trabalha com mulheres do sistema penitenciário por meio da moda, começou a desenvolver essa espiritualidade com as mulheres nas prisões.
Samuel também compartilhou sua vivência com uma direção espiritual mais voltada para ouvir do que falar. Ele lembra que as crianças que atende chegam quebradas por dentro, sentindo falta de uma presença real dos pais. Samuel também participou do PGM e lá ele aprendeu sobre a escuta espiritual, o que transformou seu ministério. “Esse encontro com as disciplinas espirituais tem me ensinado a ser mais atento, e a treinar, por assim dizer, o meu ouvido, para que eu possa estar mais disponível, disposto e interessado nos dilemas das pessoas”.
Igreja: lugar de cansaço
Ricardo analisou que vivemos uma “cultura extremamente impessoal”, o que nos torna uma sociedade em busca de espiritualidades que nos tirem dessa impessoalidade. “A nossa tendência, porém, é transformar tudo, mais uma vez, em projetos, em programas, em cursos, em etapas, passos etc. E a espiritualidade hoje, infelizmente, em muitos contextos, em muitos segmentos, transformou-se em mais um item nesse vasto cardápio para o mundo moderno, esse mundo cansado, esse mundo já sofrendo de esgotamento”.
Para Karen, a falta de vínculos profundos também afeta a igreja, transformando nossas comunidades em lugares de cansaço, e não de alívio. “As nossas igrejas acabam sendo percebidas como igrejas do cansaço - não por intenção, mas pelo ritmo que a gente vai criando sem perceber: excesso de atividade, expectativas altas demais, muito entretenimento, pouco espaço para vulnerabilidade e uma compensação até mesmo equivocada de serviço, como sinônimo de esgotamento. A minha experiência mostra que isso acontece quando a gente esquece que o evangelho começa no ‘Vinde a mim’ antes do ‘Ide’. Quando a gente fala mais alto que a alma, e quando a própria comunidade celebra produtividade, mas não sustenta processos de descanso, cura e cuidado mútuo, isso é um problema”.
Silêda lembrou do episódio em que algumas mulheres dormiam na hora da pregação do seu esposo. No início, isso o incomodava muito, até o momento em que ele entendeu que é melhor que as pessoas vejam a igreja como um lugar onde podem descansar do que o contrário. Samuel ressaltou que “as pessoas esperam por um lugar de significado”. “A igreja precisa voltar a ser o que ela já foi, o que ela pretende ser, que é uma igreja do encontro”.

Espiritualidade no ritmo da vida
Os entrevistados concordaram que a espiritualidade de Jesus acontece no “ritmo da vida”.
“A nossa experiência espiritual não se dá num ‘mosteiro’, mas num ambiente agitado da família, do trabalho, do trânsito. Essa é a forma como Deus se faz presente em todos esses movimentos e o discernimento que nós temos dessa presença. Isso faz a diferença”, diz Ricardo.
Karen: “Essa interioridade, esse tocar o chão não é flutuar, mas é tocar o chão, tocar realmente o chão, pisar, porque a gente tem uma tendência de flutuar. Eu vou tocar o meu chão com intencionalidade. É assumir a responsabilidade das coisas, com consciência, numa espiritualidade que realmente nos ensina a ter ritmo e não pressa”.
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Assista, na íntegra, a live no canal da Ultimato no Youtube e no Spotify (em breve).
Última live do ano
Essa foi a décima e a última live do ano realizada pelo Diálogos de Esperança. O projeto deve voltar nos primeiros meses de 2026.
O que é Diálogos de Esperança
São lives mensais ancoradas por Claudia Moreira e Valdir Steuernagel.
Iniciado em 2020, no período da pandemia, o projeto tem como objetivo promover, entre os cristãos, diálogos profundos, desafiadores e construtivos sobre temas atuais - sempre apontando para a Esperança.
Parceiros: Aliança Evangélica, Editora Ultimato, Tearfund, Visão Mundial e Vida&Caminho.
REVISTA ULTIMATO - A IGREJA EM MISSÃOUltimato celebra a igreja em missão, a missão da igreja e o movimento missionário brasileiro, cuja história é quase tão longeva quanto a do Brasil.
Ao longo de mais de 10 páginas, o leitor vai encontrar parte das palestras do 10ª edição do Congresso Brasileiro de Missões (CBM 2025), que aconteceu em outubro, em Águas de Lindóia, SP, e lerá, no "Especial", um painel com uma avaliação ampla e crítica do movimento missionário brasileiro.
É disso que trata a edição 416 de Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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» O Caminho do Coração - Meditações diárias, Ricardo Barbosa
» A Igreja - Uma comunidade singular de pessoas, John Stott e Tim Chester
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 144 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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