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Por Escrito

“Não volta vazia”

Por Gilberto Celeti

Aconteceu comigo – meu encontro com Jesus


Nasci em São Paulo, SP em 1949, portanto há 75 anos, sendo o mais velho de três irmãos. Meus pais, crentes fiéis, desde cedo incentivaram os filhos na memorização de versículos bíblicos, na realização de seus momentos devocionais diários e na participação nas reuniões regulares da igreja a que pertenciam, especialmente na Escola Bíblica Dominical (EBD).

Meu avô materno João, outro crente fiel, também me influenciou. Em sua casa havia um daqueles antigos quadros que retratam “os dois caminhos”: o caminho largo, que leva à perdição, e o caminho estreito, que leva à salvação. Eu gostava de ficar examinando demoradamente aquele quadro.

Mesmo vivendo como um menino “crente”, houve ocasiões em que senti muito medo de morrer. À noite, ficava pensando se de fato estava seguindo pelo caminho estreito ou se ainda estava no caminho largo.

Um fato marcante aconteceu quando eu estava com 10 anos de idade. Ao final de um culto de missões, em minha igreja, vi meu irmão Gerson, de 6 anos, ir à frente, chorando, para dedicar sua vida a fim de ser missionário. Nunca me esqueci daquele dia. Durante toda a infância, o Gerson repetiria que seria missionário entre os índios.

Aos 11 anos, descobri o gosto pela leitura graças à influência de minha professora na EBD. Ela organizou uma pequena biblioteca, com livros para crianças escritos por autores clássicos. Havia também uma biblioteca pública perto de minha casa e passei a frequentá-la. Fui me tornando um “devorador” de livros. Numa época em que a maioria dos meninos se interessava por futebol, eu me envolvi no mundo da literatura, familiarizando-me com os temas da filosofia e de várias áreas do conhecimento humano.

Quando ouvi na escola, pela primeira vez, a respeito da teoria da evolução, tive um choque. As afirmações se opunham ao que eu havia aprendido pela Bíblia sobre a criação do mundo. Somando-se a isso as leituras filosóficas, humanistas e materialistas que vinha fazendo, comecei a afastar-me da fé bíblica e cristã.

Ao entrar na adolescência, passei a estudar em escola noturna e a trabalhar durante o dia. Por volta dos 14 anos, as pessoas com as quais eu tinha relações de amizade, tanto no trabalho como na escola – e até alguns amigos da igreja, da qual eu ainda participava por pressão de meus pais – eram adolescentes e jovens que andavam, sem nenhum constrangimento, no caminho largo de uma vida pecaminosa. Por influência dessas “amizades”, vim a me envolver com o uso de bebidas alcoólicas.

Juntamente com alguns amigos que partilhavam comigo do gosto por música clássica, comecei a participar de reuniões em que se discutiam assuntos filosóficos, artísticos e políticos. Nesse ambiente, fui me familiarizando com ideias de se fazer mudanças políticas, que envolviam a derrubada dos que detinham o poder a fim de que outros pudessem ser os líderes, com a alegação de que isso traria benefícios para todos. Era o ano de 1964. Os militares assumiram o poder no país e houve uma ação enérgica contra esse tipo de reunião e ação, chegando ao ponto de muitos estudantes serem procurados e presos por estarem envolvidos em práticas não recomendáveis. Nos meses que se seguiram, alguns conhecidos foram presos ou “sumiram”. A situação tensa culminou em uma escolha radical: eu precisava desaparecer. No início de 1966, ainda não havia completado 18 anos quando decidi fugir de São Paulo, sem informar nada a ninguém. Nem eu mesmo sabia para onde estava indo.

Tomei um trem para a cidade de Fernandópolis, no noroeste do Estado, há mais de 500 km da capital. Dali segui para a divisa com o Estado de Minas Gerais e cheguei à cidade de Iturama, no Triângulo Mineiro. Prossegui até chegar ao Estado de Goiás. Ali, valendo-me do expediente de “pedir carona” a caminhoneiros, fui parar no bairro Campinas, na capital do Estado goiano. Hospedei-me na pensão mais barata que encontrei e diariamente saía para buscar trabalho.

Consegui uma vaga para participar de um treinamento do Ministério da Saúde para a função de “guarda” da malária, na campanha de erradicação da malária. Logo fui indicado para fazer o curso seguinte, de “chefe de guardas”. Fui designado para trabalhar na cidade de Jataí, no sudoeste de Goiás.

No final do ano de 1968, surgiram vagas para “inspetor” de turmas, e fui indicado para preparar-me para essa função, em um curso de três meses de duração, em Goiânia. Cada inspetor receberia um jipe para realizar seu trabalho, mas deveria ter carteira de motorista profissional para dirigir seu jipe. Por isso, após ser aprovado no curso, precisei ficar mais algum tempo em Goiânia, para obter a carteira de motorista. Assim, fui promovido a inspetor, sendo designado para Jataí e municípios da região. E agora possuía um jipe do governo para visitar as turmas sob minha supervisão.

Até então, meus pais não sabiam onde eu estava. Um concunhado de meu pai tinha um irmão que era tenente do exército. Este havia colocado meu nome em vários setores de inteligência, para que, caso eu fosse localizado, ele logo soubesse. Não existia internet naquela época, mas quando tirei minha carteira de motorista em Goiânia, meu nome surgiu e foi rastreado. O tenente descobriu onde eu trabalhava e passou essa informação aos meus pais. Foi uma grande alegria para eles, quando pudemos retomar o contato.



Entretanto, só retornei a São Paulo no fim de 1969. Por haver passado o tempo de me alistar, fui convocado para servir no ano de 1970 no Segundo Batalhão de Guardas da Polícia do Exército, no Ibirapuera. Durante os anos em Goiás e agora servindo ao Exército, continuava longe de Deus, andando no caminho largo de uma vida de pecado. Meu irmão Gerson, de certa forma influenciado pelo meu mau exemplo, também optou por um caminho longe de Deus, andando como hippie e usando drogas. Que tristeza imensa para meus pais ver dois de seus filhos longe de Deus!

Depois do período militar, fui trabalhar como vendedor em uma boa empresa em São Paulo. Então, o Gerson, que estava em Manaus, AM, escreveu para a família informando que ia sair do país, talvez para a Índia. Fiquei muito preocupado e disse aos meus pais que ia buscar o Gerson. Saí do emprego, vendi meu carro e fui para Manaus.

Comecei a trabalhar como motorista de táxi na cidade, esperando que em algum momento pudesse encontrar o Gerson. E foi o que aconteceu. O reencontro foi uma festa! Porém, não voltei para casa com meu irmão naquela ocasião. Como diz a Bíblia: “Um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7). Entreguei o táxi e passei a andar com o Gerson e seus companheiros, que me levaram a usar drogas pela primeira vez.

Vivi um bom tempo nesse “abismo”. Em 1973, em certa noite, no litoral do Piauí, Deus me encontrou. O Salmo 116 descreve exatamente a minha experiência. Eu estava cercado por laços de morte e envolvido em angústias do inferno; estava aflito e triste (v. 3). Então me lembrei de Deus e pedi socorro, não exatamente como o salmista, que disse: “Ó Senhor, livra a minha alma!” (v. 4). Meu grito foi: “Deus, se você existe, me dê vida para eu encontrá-lo!” Naquele instante, Deus se fez presente de forma bem real. Comecei a me lembrar de versículos e histórias bíblicas que havia aprendido na infância. Também do cântico: “Com Cristo no barco tudo vai muito bem!” Uma grande paz encheu meu coração. Com certeza, não fui eu que busquei a Deus. Foi o Bom Pastor que buscou sua ovelhinha desgarrada. Constrangido pela recordação do tão grande amor do Salvador, que pagou o preço dos meus pecados, eu me rendi a Jesus. Então, perdoado, fui tomado por um desejo de servir integralmente a meu Senhor.

Aquela experiência despertou a vontade de voltar para casa e fiz isso, trazendo o Gerson. Este, depois de alguns meses, também se rendeu a Jesus. Relembrando a decisão tomada na infância, ele foi se preparar em um Instituto Bíblico. Está servindo ao Senhor até hoje.

Em dezembro de 1973, fui trabalhar na APEC (Aliança Pró Evangelização das Crianças) como auxiliar de escritório e office-boy. No ano seguinte, matriculei-me em um curso teológico noturno. Depois, fiz os cursos oferecidos pela APEC, sentindo-me chamado para ser missionário de tempo integral nessa missão. Eu tinha convicção da importância de se apresentar Jesus bem cedo às crianças, por conta de minha própria experiência. Se não tivesse ouvido o Evangelho na infância, talvez hoje estivesse perdido ou, quem sabe, no inferno. Graças a Deus porque a palavra dEle “não volta vazia”! Em novembro de 1980, deixei meu trabalho administrativo e fui recebido como missionário na APEC, cujo versículo-chave é: “Assim, não é da vontade do Pai de vocês, que está nos céus, que se perca um só destes pequeninos” (Mt 18.14).

Em dezembro de 2023, ao completar 50 anos de trabalho na APEC, passei a ser um missionário jubilado. Sem uma responsabilidade fixa, busco servir ao Senhor, ao lado de minha esposa, com os dons que Deus nos deu, até quando Ele quiser.

Versão ampliada do artigo “Não volta vazia”, publicado na edição 407 de Ultimato.
  • Gilberto Celeti é bacharel em teologia, e serve como missionário na APEC (Aliança Pró Evangelização da Criança). Atuou em vários departamentos e campos da APEC e realizou inúmeros projetos missionários no Brasil e no exterior, de maneira especial nos países africanos de fala portuguesa. Em 1999, foi nomeado Superintendente Nacional da APEC, e coordenou, durante 23 anos, o trabalho da APEC em todo o Brasil. Em dezembro de 2023 completou 50 anos de ministério junto à APEC e foi nomeado missionário jubilado. É conselheiro, professor, palestrante e escritor, tendo dois de seus livros recebido o prêmio Areté, da Associação de Editores Cristãos (ASEC). Foi também agraciado, pela ASEC, com o título de personalidade literária do ano, em 2018. É casado, desde 1979, com Eneida Rangel Celeti. O casal tem três filhos: Débora, Queila e Filipe; e quatro netos: Lucas, Mateus, Otto e Dante.

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