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Opinião

John Stott, um dependente do protagonismo alheio

Por Zé Bruno
 
O reverendo John Stott foi um gigante da fé, cujo legado inspira, forma e auxilia cristãos ao redor do globo a entender as Escrituras, a servir a igreja local e a compreender a missão da igreja, a importância da pregação e a necessidade de comunicar o evangelho com amor. A sua grandeza é típica da dos grandes do Reino de Deus: “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mateus 20.26). Este era Stott, um servo de Cristo e da igreja.
 
Uncle John, como carinhosamente era chamado por seus alunos, foi capelão da rainha Elizabeth, esteve ao lado de Billy Graham na realização do Congresso Mundial de Evangelização e foi o consultor do Pacto de Lausanne. Foi também reitor da All Souls Church e fundou o Langham Partnership, uma fundação mantida pelos royalties de seus livros com o objetivo de ajudar na formação ministerial e teológica de pastores ao redor do mundo.
 
Um homem como Stott pode ser visto como um super homem. Alguém que pela fé fez tudo o que fez sozinho com Deus. No entanto, em seu último livro, O Discípulo Radical, assim como em sua biografia, vemos que ele não foi o que foi e fez o que fez sozinho. John Stott era um homem que dependia de Deus e de outras pessoas para auxiliá-lo.
 
Ele não chegou a Cristo sozinho. Foi através da vida do revendendo Eric Nash que Stott conheceu a Cristo ao ouvir o sermão “O que farei então com Jesus, que é chamado o Cristo?”, baseado em Apocalipse 3.20. Posteriormente, Nash o discipulou através de cartas que o enviava semanalmente, um hábito que faria parte de seu contato com seus alunos.
 
Ele não foi um prolífico escritor, mentor, pastor e professor sozinho. Stott dependia dos serviços de Frances Whitehead, que ficou conhecida como “a mão direita de John Stott” ou “a mulher sem a qual John Stott não podia viver sem”. Frances foi responsável por “datilografar/digitar todos os 50 títulos de John Stott e duas biografias escritas por Timothy Dudley Smith”.[1] Mas ela não se limitou a isto, pois também foi responsável por administrar todos os projetos de Stott. De 1956 até o dia de sua morte em 2011, Stott pode contar com o “ministério” dela sem o qual ele não teria tido êxito no seu.
 
Ele não mudou sua compreensão da missão da igreja sozinho. Em Berlim 66, John Stott estava alinhado com a Associação Billy Graham (ABG), organizadora do Congresso, quanto à missão da igreja, que naqueles dias era compreendida em termos de evangelização. Porém, em 1974, em Lausanne, Suíça, ocorreu o primeiro Congresso Mundial de Evangelização, que apesar de ser patrocinado pela ABG, sofreu uma reviravolta por parte dos teólogos latinos René Padilla, Samuel Escobar e Orlando Costas, os quais traziam uma compreensão de missão que ia além da evangelização. O impacto desta mensagem levou John Stott a uma nova compreensão da missão da igreja, a da sinalização do reino de Deus com palavras e obras. Em sua obra A Missão Cristã no Mundo Moderno, publicada um anos depois de Lausanne 74, Stott fez um mea culpa por ter entendido e ensinado de forma errada a missão da igreja.
 
Pensando nesses aspectos da história de John Stott, me lembrei da autobiografia de Eugene Peterson, onde ao longo de toda narrativa não encontramos apenas Peterson como protagonista, mas muitos outros nomes que compuseram a história de sua vida. Pessoas que contribuíram com ele, ajudando-o de alguma forma. Mencionar estes nomes e suas histórias com a história de sua vida é a grande lição que a dependência tem a ensinar. John Wyatt ensinou isto a Stott quando lhe disse: “o plano de Deus para as nossas vidas é que sejamos dependentes”[2]. Sim, isto é uma grande verdade, e uncle John aprendeu a lição: “Viemos a este mundo totalmente dependentes do amor, do cuidado e da proteção de outros. Passamos por uma fase na vida em que outras pessoas dependem totalmente do amor e do cuidado de nós. E isso não é nenhum mal ou realidade destrutiva. É parte do plano, da natureza física que nos foi dada por Deus”[3].

• Zé Bruno é graduado em Relações Internacionais e pós-graduando em Cristianismo e Política. Faz parte do Conselho do Coletivo Tangente, um grupo de cristãos que visa fomentar o debate sobre arte, cultura e cosmovisão cristã. É criador e tutor do Clube Stott.

Notas
1. CAMERON, Julia. A mulher por trás de John Stott. Blog John Stott, 2016. Disponível em: https://ultimato.com.br/sites/john-stott/2016/07/15/a-mulher-por-tras-de-john-stott/
2. STOTT, John. O Discípulo Radical. Viçosa: Editora Ultimato, 2011.
3. Ibidem.

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