Opinião
- 09 de dezembro de 2008
- Visualizações: 3286
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Eu vi Deus
Jorge Camargo
Todos têm acompanhado pela mídia a situação difícil do povo catarinense.
Em casa, nos mobilizamos e tiramos do armário as roupas menos usadas, os brinquedos já não tão populares e fomos à sede da Defesa Civil para entregarmos o que recolhemos. Ao nos aproximarmos do prédio, notamos uma fila enorme de carros e caminhões e fomos informados de que uma igreja evangélica na mesma rua havia cedido as dependências de seu templo para arrecadar donativos, uma vez que o espaço de que a Defesa Civil dispõe estava tomado, tal a resposta da população, sensibilizada pela tragédia causada pelas chuvas no sul.
Na igreja, fomos recepcionados por um senhor de sorriso largo que, ao ver um saco em minhas mãos, saudou-me com a ‘paz do Senhor’, orientando-me a depositá-lo ali mesmo na portaria. Quando viu que eu carregava outros, chamou-me de ‘abençoado’, à medida que lançava meus pacotes por sobre uma montanha às suas costas. Por fim, convidou a mim e a minha esposa que olhássemos dentro do templo o que havia sido arrecadado até ali.
Nos emocionamos diante de uma quantidade imensa de caixas de todos os tipos, amontoadas aos milhares no salão enorme onde a igreja se reúne. À saída, ele nos indagou: ‘viram a presença de Deus no templo?’.
A caminho de casa, a frase ressoava em meus ouvidos... ‘viram Deus...?’.
Deus a gente não vê. Só enxerga no outro. Sua imagem se materializa em corpos famintos, em olhos fundos, sedentos. E em caixas, muitas caixas.
Tenho lutado comigo mesmo para não ‘empacotar’ Deus em meus próprios conceitos, teologias e devaneios. Ele não se presta a esse tipo de padronização.
Porém, foi bom enxergá-lo dentro de um templo, não no que o pastor, o padre, o pai-de-santo ou o monge diriam a seu respeito, mas embalado em caixas, sacos e pacotes de solidariedade nos quais o amor, que é a sua essência, não tinha rótulos religiosos, mas manifestara-se em gestos concretos de cuidado, interesse e zelo pela vida.
• Jorge Camargo, mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br
Todos têm acompanhado pela mídia a situação difícil do povo catarinense.
Em casa, nos mobilizamos e tiramos do armário as roupas menos usadas, os brinquedos já não tão populares e fomos à sede da Defesa Civil para entregarmos o que recolhemos. Ao nos aproximarmos do prédio, notamos uma fila enorme de carros e caminhões e fomos informados de que uma igreja evangélica na mesma rua havia cedido as dependências de seu templo para arrecadar donativos, uma vez que o espaço de que a Defesa Civil dispõe estava tomado, tal a resposta da população, sensibilizada pela tragédia causada pelas chuvas no sul.
Na igreja, fomos recepcionados por um senhor de sorriso largo que, ao ver um saco em minhas mãos, saudou-me com a ‘paz do Senhor’, orientando-me a depositá-lo ali mesmo na portaria. Quando viu que eu carregava outros, chamou-me de ‘abençoado’, à medida que lançava meus pacotes por sobre uma montanha às suas costas. Por fim, convidou a mim e a minha esposa que olhássemos dentro do templo o que havia sido arrecadado até ali.
Nos emocionamos diante de uma quantidade imensa de caixas de todos os tipos, amontoadas aos milhares no salão enorme onde a igreja se reúne. À saída, ele nos indagou: ‘viram a presença de Deus no templo?’.
A caminho de casa, a frase ressoava em meus ouvidos... ‘viram Deus...?’.
Deus a gente não vê. Só enxerga no outro. Sua imagem se materializa em corpos famintos, em olhos fundos, sedentos. E em caixas, muitas caixas.
Tenho lutado comigo mesmo para não ‘empacotar’ Deus em meus próprios conceitos, teologias e devaneios. Ele não se presta a esse tipo de padronização.
Porém, foi bom enxergá-lo dentro de um templo, não no que o pastor, o padre, o pai-de-santo ou o monge diriam a seu respeito, mas embalado em caixas, sacos e pacotes de solidariedade nos quais o amor, que é a sua essência, não tinha rótulos religiosos, mas manifestara-se em gestos concretos de cuidado, interesse e zelo pela vida.
• Jorge Camargo, mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br
Mestre em ciências da religião, é intérprete, compositor, músico, poeta e tradutor.
- Textos publicados: 39 [ver]
- 09 de dezembro de 2008
- Visualizações: 3286
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Trabalho sob a perspectiva do reino de Deus
- Inteiros perante e para Deus
- Bíblia de Taipa – as Escrituras na língua do coração do sertanejo
- A sucessão na liderança e o futuro da missão
- Das ruas para uma nova vida
- Hinos e cânticos – um presente de Deus para o seu povo
- A diferença entre desejo e oportunidade
- Vem aí, de 29/11 a 1/12, a Business For Transformation Expo!
- Eu – antes e depois de Cristo
- A Igreja de 2050 será digital?