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08 de fevereiro de 2011- Visualizações: 3300
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Brasil, um país de todos?
Carta aberta dos Missionários Combonianos da Provincia Brasil Nordeste sobre o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes.
(ADITAL)O Ano 2011 foi declarado pela ONU Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. Neste ano os vários países do mundo deverão fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação contra os descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito a diversidade e herança culturais, ainda não oficialmente integradas nas identidades das várias nações americanas!
A nossa experiência pastoral no Brasil mostra como a população afrodescendente ainda hoje sofre o preconceito e a discriminação racial. Mesmo tendo contribuído enormemente com suor e criatividade na construção da matriz social e cultural dessa imensa nação pluricultural e pluriétnica, os afro-descendentes continuam ignorados. Mesmo representando mais da metade da população brasileira, os afrodescendentes vivem à margem da sociedade que eles mesmos têm ajudado a construir. De fato, são eles que encontramos morando nas periferias sem esgoto e sem infraestruturas. Apertados nos sistemas de transporte publico e sobrevivendo com salário mínimo. Lotando os sistemas prisionais do país, nas filas dos hospitais e mortos por atividades ilícitas e ações policiais.
Sabemos que eles vêm ocupando novos e legítimos espaços, mas graças à sua iniciativa e persistência, e não por serem reconhecidos como cidadãos/ãs com iguais direitos e oportunidades. Suas conquistas e lutas não ganham nem a visibilidade da mídia e nem se tornam um sinal sócio-educativo para as atuais e futuras gerações. O próprio lema que marcou o governo passado: "O Brasil, um país de todos”, parece reforçar mais a ideologia de que neste país foi alcançada definitivamente a suposta "democracia racial”, do que um efetivo reconhecimento de direitos universais respeitados. Não há como negar que, infelizmente, as estatísticas nas Américas e no Brasil demonstram que os afrodescendentes não têm tido as mesmas oportunidades que outros cidadãos/ãs. Ao contrário, temos assistido a verdadeiras formas de negação de direitos e acesso à justiça formal Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do DIIESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos) demonstram que nas regiões metropolitanas entre os negros e negras existe uma média de desemprego 50% maior do que entre a população branca. Além disso, os negros recebem, em média, somente cerca de 60% do valor dos salários oferecidos aos não-negros. Outro dado alarmante é a diferença entre a taxa de homicídios de negros e brancos. Dados da pesquisa "Mapa da Violência” revelam que as taxas brasileiras de homicídios têm como principal vítima a população negra de sexo masculino: de cada dez jovens assassinados, 7 são afrodescendentes.
Não é difícil perceber que nas grandes cidades brasileiras existe uma linha divisória imaginária, mas real entre os "brancos” e os "Afrobrasileiros”. Ela se torna visível pela localização e pela estrutura da moradia de uns e de outros. Nos lugares de classe alta, nos prédios altos e bonitos da cidade, os negros só aparecem para trabalhar! Para estes, a residência continua sendo nas longínquas periferias, nos amontoados de casas, nos cortiços, nas favelas, nos lugares de desmoronamento e enchentes.
Diante de tudo isso, nós Missionários Combonianos do Brasil Nordeste sentimo-nos provocados pelo testemunho de Jesus de Nazaré e pelo exemplo do nosso fundador Daniel Comboni, que doou sua vida para a vida da África. Queremos reforçar nossa causa comum com quantos são humilhados e discriminados pela cor da sua pele, pela vivacidade de seus costumes e celebrações e pelo seu modo de falar e de ser. Nos empenhamos a continuar nossa luta ao lado dos afrodescendentes do nosso País, do Continente e do Planeta inteiro, para que juntos possamos quebrar as barreiras históricas dos preconceitos e da exclusão em todos os espaços sociais.
Somos cientes que um ano não será suficiente para superar essas barreiras históricas, mas sabermos que o mundo todo estará lutando e conscientizando-se para combater o racismo nos anima a continuar a caminhar ao lado de nossos irmãos-ãs afrodescendentes!
(ADITAL)O Ano 2011 foi declarado pela ONU Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. Neste ano os vários países do mundo deverão fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação contra os descendentes de africanos. A iniciativa também quer promover o respeito a diversidade e herança culturais, ainda não oficialmente integradas nas identidades das várias nações americanas!
A nossa experiência pastoral no Brasil mostra como a população afrodescendente ainda hoje sofre o preconceito e a discriminação racial. Mesmo tendo contribuído enormemente com suor e criatividade na construção da matriz social e cultural dessa imensa nação pluricultural e pluriétnica, os afro-descendentes continuam ignorados. Mesmo representando mais da metade da população brasileira, os afrodescendentes vivem à margem da sociedade que eles mesmos têm ajudado a construir. De fato, são eles que encontramos morando nas periferias sem esgoto e sem infraestruturas. Apertados nos sistemas de transporte publico e sobrevivendo com salário mínimo. Lotando os sistemas prisionais do país, nas filas dos hospitais e mortos por atividades ilícitas e ações policiais.
Sabemos que eles vêm ocupando novos e legítimos espaços, mas graças à sua iniciativa e persistência, e não por serem reconhecidos como cidadãos/ãs com iguais direitos e oportunidades. Suas conquistas e lutas não ganham nem a visibilidade da mídia e nem se tornam um sinal sócio-educativo para as atuais e futuras gerações. O próprio lema que marcou o governo passado: "O Brasil, um país de todos”, parece reforçar mais a ideologia de que neste país foi alcançada definitivamente a suposta "democracia racial”, do que um efetivo reconhecimento de direitos universais respeitados. Não há como negar que, infelizmente, as estatísticas nas Américas e no Brasil demonstram que os afrodescendentes não têm tido as mesmas oportunidades que outros cidadãos/ãs. Ao contrário, temos assistido a verdadeiras formas de negação de direitos e acesso à justiça formal Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do DIIESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos) demonstram que nas regiões metropolitanas entre os negros e negras existe uma média de desemprego 50% maior do que entre a população branca. Além disso, os negros recebem, em média, somente cerca de 60% do valor dos salários oferecidos aos não-negros. Outro dado alarmante é a diferença entre a taxa de homicídios de negros e brancos. Dados da pesquisa "Mapa da Violência” revelam que as taxas brasileiras de homicídios têm como principal vítima a população negra de sexo masculino: de cada dez jovens assassinados, 7 são afrodescendentes.
Não é difícil perceber que nas grandes cidades brasileiras existe uma linha divisória imaginária, mas real entre os "brancos” e os "Afrobrasileiros”. Ela se torna visível pela localização e pela estrutura da moradia de uns e de outros. Nos lugares de classe alta, nos prédios altos e bonitos da cidade, os negros só aparecem para trabalhar! Para estes, a residência continua sendo nas longínquas periferias, nos amontoados de casas, nos cortiços, nas favelas, nos lugares de desmoronamento e enchentes.
Diante de tudo isso, nós Missionários Combonianos do Brasil Nordeste sentimo-nos provocados pelo testemunho de Jesus de Nazaré e pelo exemplo do nosso fundador Daniel Comboni, que doou sua vida para a vida da África. Queremos reforçar nossa causa comum com quantos são humilhados e discriminados pela cor da sua pele, pela vivacidade de seus costumes e celebrações e pelo seu modo de falar e de ser. Nos empenhamos a continuar nossa luta ao lado dos afrodescendentes do nosso País, do Continente e do Planeta inteiro, para que juntos possamos quebrar as barreiras históricas dos preconceitos e da exclusão em todos os espaços sociais.
Somos cientes que um ano não será suficiente para superar essas barreiras históricas, mas sabermos que o mundo todo estará lutando e conscientizando-se para combater o racismo nos anima a continuar a caminhar ao lado de nossos irmãos-ãs afrodescendentes!
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