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Opinião

As sete igrejas do Apocalipse

Por Zé Bruno
 
 
De todas as doutrinas bíblicas, a que menos me atraia era a escatologia. Isso por dois motivos: as diversas escolas de interpretação (e as várias especulações nas quais alguns de seus expoentes caiam) e a tola ideia de que se creio que Jesus vai voltar, então não me interessava como isso iria acontecer. Quão errado eu estava, eu sei, pois embora o Apocalipse não acrescente nada de novo a vida cristã que os Evangelhos e as Cartas do Novo Testamento não tenham trazido, ele, segundo Eugene Peterson, “acentua, realça, destaca, torna mais vívido, assopra a poeira da vida que se inicia em Cristo, permanece em Cristo e termina, sem terminar em Cristo”.1 Além disso os versículos iniciais do livro dizem que se trata da “revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer…”. Apocalipse foi escrito para os servos do Senhor Jesus. Ele foi escrito para que nós o lêssemos e estudássemos.
 
Dentre as revelações que há no livro, encontramos as cartas de Jesus às igrejas da Ásia Menor. Iniciando por Éfeso, passando por Esmirna, Pergamo, Sardes, Tiatira, Filadélfia e terminando por Laodiceia. O Senhor fala a cada uma destas igrejas considerando cada uma de suas peculiaridades, afinal se trata daquele que João viu passeando entre os sete castiçais de ouro, ou seja, as igrejas. Por isso em cada carta Jesus sempre diz: “Conheço as tuas obras”. A mensagem de Cristo a estas igrejas não são apenas para elas, mas para igreja global e de todas as épocas. Suas advertências e elogios ou só advertências ou só elogios também são ditas a todas as gerações eclesiásticas. O Espírito Santo que falou no primeiro século é o mesmo que continua a falar com aqueles que têm ouvidos para ouvir. Daí a importância de pararmos não só para ler, mas também para estudar as cartas. Precisamos aprender o que os mestres da Igreja têm a nos ensinar sobre estas cartas e suas implicações e aplicações para nossa geração de cristãos.
 
John Stott, um pastor e teólogo anglicano, cuja vida foi totalmente dedicada a causa de Cristo e de sua igreja nos legou uma importante obra sobre esse trecho do Apocalipse. O Que Cristo Pensa da Igreja chega ao público brasileiro num tempo oportuno, pois são inúmeros os desafios que a cristandade tem passado no Brasil sem falar na tentação de fundir a identidade cristã com projetos político-ideológico, nos quais se encontra a divisão no seio cristão entre “nós e eles”. Nesta obra uncle John destaca sete marcas da Igreja de Cristo, cada uma apresentada a cada uma das sete igrejas da Asia Menor: amor, sofrimento, verdade, santidade, realidade, oportunidade e dedicação.

 
Eféso, a igreja dedicada, perseverante e ortodoxa, mas que havia deixado o primeiro amor. O que Cristo disse a ela serve para nós, que podemos ser zelosos no serviço e na doutrina, mas esfriar na devoção ao Senhor. Sua mensagem é oportuna, pois não é tão difícil deixar de amor ao Senhor servindo ao Senhor. Esmirna, a igreja sofredora e fiel. Ela nos ensina que o sofrimento não é algo anômalo ao cristão, antes uma marca, pois seguir a Cristo é uma vocação contracultural e ser contracultural traz consigo um preço, porém não devemos temer o sofrimento, pois Jesus está no controle e ele é bom. Pérgamo, a igreja fiel e perseverante, mas que tolerava os falsos ensinos. A exortação do Senhor Jesus é clara, não podemos ser contra a verdade, mas a favor da verdade e a verdade é o que Deus diz, o evangelho. Não podemos ser condescendentes com o falso ensino, quando este fere temas centrais da fé cristã. Tiatira, a igreja do amor, da fé, do serviço e da perseverança, mas que tolerava a imoralidade sexual. O Senhor da Igreja é santo, e nós devemos sê-lo como ele é santo. Uma tarefa impossível para nós, mas não para ele, que não descarta nosso esforço e dedicação em obedecê-lo. 
 
Sardes, a igreja que vivia de aparências, mas tinha um remanescente fiel. A crítica de Cristo a ela nos lembra que a hipocrisia não convém ao cristão, mas a realidade, pois não andamos em trevas, mas na luz do Senhor. Logo é preciso preservar e fortalecer o grande repertório que a fé cristã nos legou. Filadelfia, a igreja fraca, mas que Deus honrou com uma porta aberta. Ela nos ensina que a força de uma igreja não está nela mesma assim como o brilho da lua não está nela, mas no sol que a alumia. A igreja é forte por causa de Cristo e quando esta depende deste, fiel é ela mesmo em meio as tentações e adversidades. Laodiceia, a igreja morna, mas que o Senhor amava. A mensagem de Cristo é dura, pois ao contrário de Filadélfia, esta igreja tinha uma visão exagerada de si, daí sua derrota, pois ainda que fosse rica, o Senhor a via como pobre, cega e nua. A quem ele estaria vomitando, porém por amá-la, a chamou ao arrependimento, dando-lhe uma nova chance.
 
O Que Cristo Pensa da Igreja chegou num tempo preciso, pois em meio a toda essa polarização que divide a Igreja a partir de personalidade e temas políticos, e ser cristão para muitos é abraçar este ou aquele candidato, precisamos parar para ouvir o Senhor Jesus, o cabeça da Igreja, e saber o que ele pensa de nós, em meio a toda esta conjuntura na qual estamos inseridos e fazemos parte. A leitura do Apocalipse não vem com uma mensagem nova, mas a reafirmação de uma velha verdade que soará nova para muitos ouvidos. Pois a despeito do que popularmente se pensa, a revelação da beleza de Jesus é muito mais central na narrativa do Apocalipse do que os eventos dos fins dos tempos. Sua grande mensagem não é o futuro, pois a depender da escola de interpretação de cada um o que para uns ainda irá acontecer, para outros já aconteceu ou está acontecendo. O coração do livro do Apocalipse é entender que todos os eventos que João viu tem a ver com quem Jesus é. E somente quando sabemos disto é que poderemos entender o que ele pensa da Igreja.
 
Nota 
1. PETERSON, Eugene. Trovão Inverso. Editora Habacuc.
 
  • Zé Bruno é graduado em relações internacionais e pós-graduando em cristianismo e política. Faz parte do Conselho do Coletivo Tangente, um grupo de cristãos que visa fomentar o debate sobre arte, cultura e cosmovisão cristã. É criador e tutor do Clube Stott. @Ze_Bruno.
 

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