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Opinião

A Páscoa, o coelho e a comunhão fraterna da fé

Por João Paulo Gouvêa

A associação do coelho com os ovos de Páscoa chegou aos Estados Unidos pela imigração germânica por volta do século 18. As primeiras menções aos ovos de Páscoa aparecem em textos germânicos entre o século 16 e 17. Rapidamente se transformaram em um dos símbolos da Páscoa moderna secular. A tradição dos ovos de galinha coloridos e decorados perderam espaço para os ovos de chocolate produzidos pelos confeiteiros franceses, já no século 19. Esta tradição tem tomado força e se popularizado pela questão lúdica que envolve as crianças que procuram ovos escondidos pela casa no dia de Páscoa.

Existem muitas teorias a respeito da origem do coelho da Páscoa, mas, a que talvez faça mais sentido, está na cultura pagã europeia. O ovo está intrinsecamente ligado à deusa mitológica da Germânia, “Ostara”, da fertilidade, conhecida como Easter (em inglês) e Ostern (em alemão). Em alemão, a propósito, “coelho da Páscoa” é “osterhase”. A estória descreve a deusa Ostara transformando um pássaro em coelho para divertir algumas crianças. Porém, o pássaro não estava feliz e Ostara devolve sua forma original, então, como forma de agradecimento, o pássaro deixa alguns ovos coloridos para as crianças.

Passando pelas mitologias e teorias pagãs sobre a Páscoa, o que realmente nos interessa é que esta celebração remonta a tradição judaica do Pessach (“passagem”, em hebraico). Tradição relatada no capítulo 12 do livro de Êxodo, onde se celebra a passagem da escravidão do povo hebreu no Egito, para a liberdade na Terra prometida. O Pessach é celebrado por oito dias no sétimo mês do calendário judaico, tempo em que as famílias se reúnem e ceiam em comunhão, lembrando a ação de Deus em seu favor.

A perspectiva bíblica da ceia pascal no Novo Testamento está baseada na morte e na ressurreição de Jesus e celebra a unidade da igreja promovida por este milagre (1Co.10-14), esta unidade transcende e deve transcender todas as divisões que fazem parte do imaginário ideológico do mundo. A base da vida social cristã está na comunhão da igreja e de suas famílias, porém, a base da vida social secular é o impulso instintivo da separação. Parece natural que nossas individualidades se sobreponham aos processos coletivos, porém, o evangelho nos mostra, de maneira bastante subversiva, que, em Cristo, todas as barreiras foram derrubadas e que a unidade da igreja é a extensão exata do corpo material de Jesus. É na comunhão da igreja com o seu Senhor, que vemos a criação de uma nova humanidade. Russel Shedd explana a unidade desta nova humanidade no conceito de “solidariedade da raça”1 , ou, ainda, temos o conceito, trabalhado por H. Wheeler Robinson2 , de “personalidade corporativa”. A humanidade solidária a Adão é a humanidade caída que perdeu seu propósito original e que está debaixo do juízo de Deus, enquanto, a nova humanidade solidária a Jesus3 rompe as trevas avançando para a luz e tem restaurado o propósito original de Deus para a humanidade, ser uma família homogênea, unida, fraterna e solidária.

O apóstolo Paulo não poderia se furtar deste tema, observando os caminhos tortuosos que a igreja estava traçando, copiando, em suas reuniões, a cultura e as intenções da antiga estrutura de pensamento humano. Paulo chama a atenção da igreja para uma nova forma de ação promovida por esta nova humanidade construída em Cristo Jesus. Assim, em Cristo, foram derrubadas as barreiras que nos separavam, e tanto a circuncisão, quanto a incircuncisão são nada e o que importa é que nos comportemos como nova criação (Gl 6.15,14). As divisões humanas entre judeus e gentios ficaram no passado (Ef 2.11), os dois inimigos agora estão unidos como um só corpo (Ef 2.16). Na circuncisão promovida por Jesus somos libertos das amarras do pecado e podemos lutar contra a natureza pecaminosa que nos impulsiona a divisões, discórdias, facções e infidelidades (Cl 2.11). Antes éramos estrangeiros e agora somos concidadãos dos santos e membros da família de Deus (Ef 2.19). Edificados para ser morada do Espírito Santo de Deus (Ef 2.22).



A ceia do Senhor torna-se, então, a confissão de fé material desta nova criação, desta nova humanidade selada e circuncidada em Cristo Jesus. É na comunhão dos irmãos que vemos ativo, material e espiritualmente, o corpo de Cristo em movimento. E como é prazeroso pertencer e perceber a movimentação da unidade (Sl 133), da unicidade, da ação amorosa de Jesus por meio de sua igreja, sólida, uníssona, fraterna, piedosa e humilde.

Olhando para o Cristo e sua prática, notamos uma teologia de “pernas longas” ligadas ao corpo e à cabeça. Ela é ao mesmo tempo pregação, vida comum e obediência. Ela é composta da preocupação de Deus. Preocupação com a justiça na vida comum, com a reconciliação entre os homens e Ele mesmo (individual e coletiva), com a libertação dos pecados da vida material e espiritual e com as opressões emocionais e espirituais vividas por todos. A práxis de Jesus envolve um olhar integral dos seres humanos, suas emoções (alma), sua relação com Deus (espírito) e sua vida material (corpo). Quando a igreja vive estes aspectos da práxis de Jesus ela passa a ser fisicamente o Cristo encarnado. O Cristo deixa de ser meramente místico, separado, distante e passa a ser vivo e presente para os que creem e para os que ainda crerão.

Mas como podemos alcançar este tão maravilhoso grau de maturidade espiritual, que nos faz renunciar a nossos impulsos individuais pecaminosos? Simples, porém, complexo. Buscando o único dom do Espírito capaz de mudar-nos por completo, o amor. O capítulo 13 de 1Coríntios diz isso, não se pode mudar o pensamento mundano separatista com o dom de línguas espirituais, não se pode avançar apenas focados em profecias e em nos dedicar a conhecer todos os mistérios da vida, e mesmo que tenha fé suficiente para mudar montanhas de lugar, se não tivermos amor de nada valeria, seríamos como um metal que soa e um prato que retine. O amor é o dom que pode mudar todas as estruturas destrutivas do pecado, pois, ele é paciente; benigno; humilde; decente; abnegado; perdoador, justo e verdadeiro. Os que amam sabem que este dom nunca poderá ser vencido, pois tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. É a única coisa que depois de tudo consumado permanecerá. Só o amor é capaz de nos mostrar todas as verdades de Deus, só ele pode nos fazer amadurecer como Jesus e só ele pode nos proporcionar uma família coesa, fraterna, que produz alimentação espiritual forte e sadia, somente o amor nos fará sair da exclusividade nociva, para uma vida inclusiva e compartilhada.

É necessário amar para mudar nossa mente e transformar tudo o que está à nossa volta e assim poderemos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).

Notas
1. Shedd, Russell P. O homem em comunidade: a solidariedade da raça na teologia paulina. Vida Nova. São Paulo, 2018.
2. Robinson, H. Wheeler. Corporate Personality in Ancient Israel. Clark Publishers. 1973.
3. Padilla C. René.
Missão Integral: o reino de Deus e a igreja. Editora Ultimato. Viçosa, MG. 2014.
  • João Paulo Gouvêa é apresentador da RTM Brasil, autor de Corpo e Sangue (RTM Editora), pastor da Igreja Batista Chácara Flora, em São Paulo, SP, e professor no Seminário Batista Mizpá.

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