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Palavra do leitor

Vida, sem limites!

Eu estava em um evento sobre prevenção ao suicídio no qual duas palestras foram apresentadas, uma com abordagem teológica e outra da perspectiva psicanalítica. Ao final, os participantes poderiam fazer perguntas para uma mesa composta por psicanalistas e pastores.
Um pergunta que ficou por muito tempo em minha mente, por não ter sido devidamente respondida, indagava a respeito do papel da igreja local na prevenção de suicídio entre os pastores, fenômeno crescente nos últimos anos.
Há alguns limites que estão sendo cruzados, que estão a invadir o espaço de construção e atuação da individualidade desse ser que deveria ser considerado como igual a qualquer outro.
Dentre esses limites, gostaria de apresentar alguns para refletirmos e, se pudermos rever algumas abordagens e exigências quanto ao ministério pastoral, penso que o benefício seria de valor incalculável para a qualidade de vida daqueles que Deus estabeleceu a frente de seu rebanho.
É preciso respeitar o limite intelectual.
Embora pareça óbvio, é preciso lembrar que ninguém possui uma expertise universal. O pastor não tem todas as respostas e nem transita com habilidade por todo e qualquer assunto. Não se pode exigir que o ministro seja habilitado para orientar em questões que fogem ao seu escopo de formação. Para isso existem os profissionais nos campos do direito, da administração, das terapias relacionais, enfim!
A impressão que se tem ao analisar certos ministros é a de que paira sobre eles uma aura de sabedoria infinita, a que eu costumo chamar de Síndrome de Onisciência! Creio que muito desse esforço para ter todas as respostas advém dessa pressão por parte da comunidade que tem o perfil danoso do "Nós te pagamos, portanto diga-nos o que fazer"!
É preciso respeitar o limite financeiro.
Em muitas igrejas, a diversidade de classes sociais exige do pastor uma habilidade relacional que quase não se vê em outras situações. Em alguns casos, o círculo de amizade das classes mais abastadas quer incluir o pastor em seus eventos, viagens, almoços dentre outros. O problema é que, o investimento que banca esse estilo de vida, pode ser confortável para essas famílias mas inviável para o obreiro.
Outro aspecto é o cuidado que deve haver com o sustento do pastor. Se os rendimentos não forem suficientes, a pressão por sustentar a família de maneira digna e o status exigido pelo paradigma da prosperidade mínima, irão comprometer sua performance a frente do rebanho.
É preciso respeitar o limite físico.
Muitos cristãos realmente não acreditam que um pastor pode adoecer, se cansar ou ser acometido por estresse. Algumas igrejas impõem ao pastor um ritmo de trabalho de maneira desumana, suga toda sua energia. Essa pressão se apresenta muitas vezes de maneira pontual, mas a soma de todas as exigências acaba por exaurir suas forças.
Respeitar o dia de descanso e as férias do pastor é um aspecto que tem sido sistematicamente violado na prática. Algumas ovelhas simplesmente não tomam conhecimento dessa necessidade e invadem o descanso e a intimidade do pastor, com visitas e ligações, solicitando atenção de um "personal pastor" e com demandas que nem sempre requerem urgência.
É preciso respeitar o limite emocional.
Poucos profissionais em suas atuações, são expostos a tanta carga emocional como é o caso dos pastores. São preocupações de ordem eclesiástica, do desenvolvimento integral dos membros, da estabilidade das famílias e dos casamentos e do fazer-se entender nas ministrações e aconselhamentos. Muitos pastores relatam a respeito das noites sem dormir por conta de problemas que envolvem família e comunidade.
O pastor pode, em um único dia, visitar um recém-nascido pela manhã, ministrar em um velório a tarde e celebrar um casamento a noite. A dialética emocional envolvida exige uma saúde psíquica que poucos teriam. Some-se a isso o fato de o pastor, quase sempre, ser um solitário, que socorre a todos e muitas vezes não consegue encontrar com um companheiro de jugo.
Quando o pastor se vê invadido em todos esses limites por longos períodos e sem auxílio, dificilmente encontrará um escape emocional que possa trazê-lo de volta. As brumas da tristeza e da melancolia podem se tornar em densas nuvens de depressão.
Penso que essa seria uma resposta naquele evento. Dizer que ela atende à dimensão do problema seria simplista demais, mas pode ser um ponto de partida importante no esforço conjunto de enfrentamento da questão.
Paulo, refletindo sobre isso, assim se expressa a igreja em Corinto: "Além de tudo isso, pesa diariamente sobre mim a responsabilidade que tenho para com todas as igrejas. Ora, quem se enfraquece, que eu semelhantemente não me sinta enfraquecido? Quem se escandaliza, que eu de igual forma não fique indignado? Se, portanto, devo me orgulhar, então que seja nas atitudes que revelam minha própria fraqueza..." (2 Cor. 11.28-30)
Talvez por isso tenha aconselhado o jovem pastor Timóteo com essas palavras: "Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino..." (1 Tm. 4.16)
Sumaré - SP
Textos publicados: 8 [ver]
Site: http://www.rhemanescente.com.br
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