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Palavra do leitor

Um balde água fria

Achei a ideia genial. Sim, pelo inusitado. Pelo humor involuntário que acaba produzindo em algumas situações. Pela liberdade que as pessoas encontraram de fazer versões variantes sozinhas ou em grupo do desafio do balde de água gelada. A causa, como se sabe, é nobre: financiar pesquisas para descobrir formas mais eficazes de tratamento ou cura de uma doença devastadora – esclerose lateral amiotrófica (ELA). Basta dizer que a ELA é progressiva e paralisante até o ponto em que a pessoa não conseguirá mais deglutir o próprio cuspe.
A palavra modernosa para este tipo de evento multiplicado milhares de vezes é viral. Uma ideia se espalha como fogo na grama seca nas redes sociais e se reúne certas qualidades: humor, uma boa causa, ser fácil de fazer, tem potencial de envolver milhões de pessoas. E tudo estava indo muito bem até que... sub-celebridades de todo tipo e feição começaram a tomar banho de balde publicamente. Aqui no Nordeste deveria ser de cuia. Nem se fale de alguns políticos em busca de espaço e promoção para sua cara encardida. Fala-se que muitos deles surfaram na onda e não deram um centavo para a causa.
Um movimento novo - o dos puros banhadores do balde de gelo –cobra dos oportunistas os comprovantes de depósito nas contas das organizações de pesquisa, senão serão aviltados nas redes virtuais como parasitas sugadores do sucesso alheio e ainda por cima de pessoas paralisadas e distorcidas em sua doença.
Sou quase forçado a lembrar de tantos encontros do Senhor com subcelebridades religiosas ou nem tanto. Pessoas auto-justificadas. Boas aos seus próprios olhos que o procuravam querendo mais justificação pública, ou alimentar sua curiosidade e fascínio pelo pregador que tinha a estranha mania de subverter as lógicas tão firmes e bem assentadas como as enormes pedras do Templo; ou queriam espremê-lo com perguntas capciosas para desmascará-lo como se fosse mais um falastrão, mais um metido a profeta, mais um libertador de meio ceitil.
As respostas eram sempre um balde água fria. Um banho involuntário. Quem é meu próximo? E lá vem uma história desconcertante. Ah, isso faço desde minha mocidade. Então nada mais me falta, apenas uma coisa: vende teus bens, dá-os aos pobres e segue-me. É justo pagar tributo a César? De quem é essa efígie e inscrição na moeda? Uma mulher casou-se com setes irmãos, um após o outro, de quem será ela esposa na ressurreição? Os ressurretos não se casarão nem se darão em casamento. Com que autoridade fazes estas coisas? O batismo de João era do céu ou dos homens?
De balde em balde, o Senhor molhava seu ímpeto eivado de malícia. Os de hoje, quais fariseus com suas borlas e sinetes em roupas espalhafatosas, se expõem publicamente, agora mais para patéticos, com seus baldes sobre a cabeça em busca da confirmação de sua mentira autocevada, da sua porca ilusão de serem bons, mas não darão um único asse como o fez a mulher viúva que em seu anonimato foi observada por Jesus. Dele veio a justa medida daquela que nada buscava. Ela era mais e deu mais do que todos os outros que, se pudessem, teriam publicado em seu facebook a foto da mão sobre o gazofilácio com direito ao close nas notas que caíam.
Sobre os exímios autopromotores de si, disse Jesus: já ganharam sua recompensa. Recompensa que esconde, lá e cá, a miserável condição narcisista de quem não encontra mais qualquer prazer na direção do outro, apenas em si mesmo. Eles que destroem toda possibilidade do encontro, da relação eu-tu, e em cada um deles mutilam e o pervertem para um eu-isso, numa contínua desconstrução do outro que meramente lhe serve de plateia. Mas, já dizia o poeta Quintana, são apenas atravancadores de caminhos: eles passarão; os que amam o encontro, passarinhos.
São Luís - MA
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