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Palavra do leitor

Trajetória pessoal: Dia Nacional da Consciência Negra

Minha avó nasceu na região de Sorocaba em 1871, ano em que foi promulgada a lei nº 2040 conhecida como a Lei do Ventre livre. Para minha família, o entendimento dessa lei significou a especulação da esperança de termos nascidas livres e orgulhosas de nossa raça e cultura negra.

Para mim, crescer foi uma busca do que era ser cristã e, ao mesmo tempo, carregar comigo, na cor e no coração, o que era ser negra. Estudando, descobrindo e conhecendo os valores da igreja local, através dos anos de ministério, pude sempre manter a indagação do que significava ser negra e cristã.

A primeira vez que o desejo de expressar a cultura negra e celebrá-la como igreja aconteceu no que chamávamos, nos anos oitenta, o Dia de Zumbi. Celebramos na Comunidade de Jesus, em São Paulo, o dia desse herói. Convidamos um africano evangélico que nos falou sobre o tema. Oferecemos um retrospecto do que significava ser negro no país... Foi para mim um marco na minha jornada: ter a igreja, ao menos, ouvindo um pouco o que estava no meu coração. É importante repetir com mais acuidade esse tipo de atividade hoje, quando as nossas igrejas buscam inserir sua marca na sociedade geral.

Hoje, sonho em promover junto às igrejas e centros missionários a aplicação da lei n.º 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que incluiu o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra (http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/consciencianegra/home.html).

Para concretizar esse sonho, deparamo-nos com algumas barreiras sociais:

1. A primeira delas é que a cultura negra foi compreendida como catimbó, feitiço, macumba, etc. Assim, nas igrejas, falar da cultura negra envolve uma atmosfera de suspeita do elemento afro-brasileiro e das religiões afro-brasileiras. O negro evangélico encontra dificuldade de expressão como negro, pois há uma rápida conexão da sua raça com as culturas afro-religiosas, e muitos não sabem fazer essa distinção.

2. Uma segunda barreira que observo é que os negros na igreja evangélica não sabem articular a força cultural que têm. Deixam de expressar suas raízes e adotam valores sociais distantes da cultura negra. A história registra essa lacuna na formação da consciência negra brasileira.

3. Uma terceira barreira, considerada por mim a mais difícil, é a desculpa “eu não vejo a cor”. Assim a pessoa negra, não tem cor. Sempre achei essa desculpa racista, pois amo as cores, aprecio muito a beleza de uma pessoa oriental, das pessoas brancas, do indígena. Gosto de ver as nuances da cor da pele, dos olhos, da estrutura óssea de cada uma delas. É o artista plástico em mim. E ouvindo essa desculpa, eu estava lá, escurinha e ignorada. Como é que não me davam o direito de ser o que eu era e me anulavam com essa expressão abarcadora e paternalista?

Pensando em tudo isso, tenho sugestões bem simples para as igrejas locais. No dia 20 de novembro, na Escola Dominical, mencione a questão da negritude como parte do mosaico divino. Deus é um Deus que ama as cores. Com certeza, as crianças negras vão apreciar serem integrantes desse mosaico, como iguais e não da ausência de cores.
Sabendo que os escravos eram considerados animais e não tinham almas, muitos negros não foram catequizados. No culto, os pastores podem mencionar Zumbi como luz para a liberdade sócio-política dos escravos. Também podem fazer referência às pessoas de outras culturas, por exemplo, Martin Luther King.

No boletim, talvez caiba uma entrevista com algum líder da igreja que tenha a consciência de que ser negro é essencial para que as futuras gerações de crianças do bairro de famílias negras conheçam e sigam o Messias.

E se sua igreja tem grupos de louvor com dança, sugere-se coreografias afro-brasileiras. Há vários cantores evangélicos cujas canções são de ritmos nacionais e que podem contribuir para o fortalecimento do espaço cultural do Dia da Consciência Negra.

E para 2011, deixe esse dia planejado como marco de sua igreja local. Afinal, milhões de brasilleiros tem um pé na cozinha ou senzala.
Guatemala - XX
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