Sem rótulos

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A tolerância, em nossos dias, tem sido um pretexto, pelo qual tem tornado as pessoas reféns de uma leitura unilateral da realidade’’.

Lucas 9.49

As pessoas são marcadas por serem reconhecidas como se fossem rótulos e com o advento das redes digitais, ainda mais. Se portam como pertencentes a um rótulo considerado as tornarem diferenciadas. Atentemos para essas afirmações, quando uns rotulam os outros e tais causam uma aceitação ou um descartamento. Nessa linha de raciocínio, observa-se o quanto as pessoas escravizam outras, por as conceberem como escória, como não escolhidos, como abominações, como desprezíveis e afins. São os rótulos dos progressistas, diga-se de passagem, aversivos aos conservadores. São os rótulos dos fundamentalistas, em oposição aos liberais. Sinceramente, estamos diante de todo um emaranhado de rótulos mais compromissados a cindir as pessoas, a acentuar os problemas e a anular quem discorda de suas posições. Ultimamente, basta uma simplória manifestação que, porventura, não se alinhe certas direções, por conseguinte, para ser rotulado como abusivo, arbitrário, ofensivo e hostil. Sempre se faz de bom parecer, o texto de Lucas 9.49 menciona sobre a prática de submeter as pessoas em rótulos, de serem vistas como aprovadas ou reprovadas, como pertencentes ou desprovidas de participarem. Ora, a maneira como os discípulos se portaram demonstra, com toda a propriedade, o cenário de inclusive de rotularmos a fé e não se atenta para a questão do conteúdo. Anota-se, sem rótulos, sem disferir as pessoas todo um compêndio de ideias distorcidas e acarretadoras de malefícios. Vamos adiante, deparamo-nos com uma leitura unilateral da realidade, sem discernir o quanto o evangelho da esperança de modificações e transformações se direciona a todo o ser humano e não se converte em monopólio destinado a uns e em prejuízo de outros e muitos. Sem sombra de dúvida, os rótulos chancelam os escolhidos e os condenados, os bons e os maus, os certos e os errados. Os rótulos da segregação racial ocorrida nos espaços dominados pela Ku Klux Klan, pelas castas, pelo antissemitismo, pela conceituação de povos subjugados. Os rótulos da intolerância, da injustiça, da iniquidade, da violência, da mentira, do engano, da farsa, da falseabilidade. Eis a indignação dos discípulos, por estarem revoltados diante de um homem e que se apresentava como um meio para promover vida. Decerto, a bíblia não fala sobre se aquele homem estava ligado a rótulos, o rótulo de uma pretensa condição socioeconômica, de algum status quo, de fazer parte de um nicho privilegiado ou não, de ser dotado de um acumulo de dons ou de atributos. Não e não, presumidamente, há um homem e a resposta do Deus Ser Humano Jesus Cristo, ajustou-se por se não está contra mim, é por mim. É bem verdade, ecos podem refutar essas afirmações, entretanto, o foco, aqui, adquire sua consistência em não incorremos na tolice e muito menos na estupidez de restringir a vivacidade do evangelho, devido aos rótulos forjados pelos homens e suas incoerências. Afinal de contas, como já dito, em outras ocasiões, a crença verdadeira desencadeia modificações e transformações, a partir do Kairos para todos. Destarte, muitas vezes, os nossos rótulos desenham uma manifestação equivocada do evangelho e reduz a uma mensagem vaga e vazia. Nem a gregos e a troianos, nem a homens e a mulheres, nem jovens e a anciãos, nem a ricos e nem a pobres, nem a este ou aquele, porque não fomos alcançados para sermos definidos por causa de rótulos e, diametralmente oposto, como seres humanos.

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Opinião do leitor