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Palavra do leitor

Santo Anselmo: ontologia, razão e a fé

O emergente contexto histórico social, político, religioso e filosófico da época contemporânea a Sto. Anselmo correspondia diretamente ao estilo e a postura que ele como tantos outros religiosos ou mesmo pensadores vinham adotando, uns, pela força e repressão da igreja, outros, pela “sega” crença no processo “ideológico” que se desenvolvia ou mesmo, ainda, por crerem realmente nas concepções advindas de crenças religiosas e na histórica concepção cristã que ganhara força e poder.

O prisma central da época era as manifestações religiosas como questão de veracidade e verdade, das quais, a concepção “magna” era a cristã e, conseqüentemente, as demais despontavam como “heresias” ou simplesmente como vaidosas e refutáveis forma de erroneamente se conceber. Não obstante a isso a investigação acerca da existência de Deus como criador e da fé no mesmo como condição de salvação à qual todos teriam que aceitar e viver se afirmava.

Na euforia da conservação e expansão da fé vários padres, monges, “doutores”(...) da igreja aderiram as discussões “filosóficas” numa busca de ‘explicar’ e fundamentar as razões da fé e da existência de Deus bem como todos os elementos que implicariam na salvação via fé. Santo Anselmo foi um desses religiosos e também pensador. Nascido em 1033 (à 1109) em Aosta, Turim (Itália), foi monge prior e abade do mosteiro beneditino de Bec na Normandia e, depois, arcebispo de Canterbury na Inglaterra. As suas principais obras são Monologium, que trata da sabedoria divina e o Proslogium, cujo objeto é a existência de Deus.

Anselmo de Aosta foi um dos “grandes” filósofos e teólogos da era medieval. Também ele é um platônico-agostiniano. Ele não estava alheio aos acontecimentos que permeavam o cotidiano medieval e a obviedade de que mais que nunca se fazia necessário legitimar a Igreja chamando a atenção para o fato de que essa precisava também se modificar, para se moldar à nova sociedade que começava a surgir, o que era evidente e, a ele incumbiu essa tarefa desafiadora. Não obstante, o complexo contexto despontava com progressiva agressão e árduas cobranças ameaçavam a vida da igreja e consequentemente a fé. Por um lado, a Igreja perdia forças, em um momento em que as relações humanas ganhavam características mais complexas. Por outro lado, aumentavam os questionamentos, os poderes locais principiavam a se fortalecer, competindo, em grande medida, com os poderes eclesiásticos.

Envolto a este contexto o grande e ilustre teólogo e “filósofo” Santo Anselmo percebendo que as discussões e formulações teóricas se voltavam para uma junção do pensamento teológico com o filosófico e percebendo a estreita ligação entre ambos ele, Anselmo, se propõe “provar” mediante a razão a existência de Deus e demais verdades de fé. Sem dúvidas que para ele já que o homem é tão dotado de razão porque então o mesmo não compreenderia racionalmente a Deus. E é permeado nesta lógica que ele desenvolve sua teoria. Lógicamente que ele não abandona o fato de antes de tudo ter de se crer, a fé, para depois se compreender, já que este era o seu lema. Na base de sua fundamentação está a fundamentação ontológica com a qual ele tem a pretenção de demonstrar Deus a partir do conceito, ou seja, ele acreditava que como a concepção que temos de Deus é de um ser perfeitissimo(...) logo a partir desta Deus também existiria por condição na realidade. No entanto, seria necessaário partir da fé, pois esta é que nos fornece o conteúdo de nossa especulação. Ele dizia que

As verdades de fé estão pressupostas nos seus conteúdos (entenda-se nos conteúdos da razão), que não são frutos da investigação racional, mas a ela (a razão) são oferecidos pela própria fé, que permanece o ponto de partida, uma espécie de pilastra, de toda construção racional .

Anselmo buscava um argumento para provar a existência de Deus, e sua bondade suprema. Ele afirma que a crença e a fé correspondem a verdade, e que existe verdadeiramente um ser do qual não é possível pensar nada maior. Ele não existe apenas na inteligência, mas também na realidade. Anselmo desenvolveu uma linha de pensamento sobre essas bases, chamados de argumento ontológico, que foi retomada por Descartes e criticada por Kant e ela estava numa obra chamada Proslógio. Ele parte do fato de que o homem encontra no mundo muitas coisas, algumas boas, que procedem de um bem absoluto, que é necessariamente existente. Todas as coisas tem uma causa, menos o ser incriado, que é a causa de si mesmo e fundamenta todos os os outros seres. Esse ser é Deus.

Devido a sua concepção de Deus a fundamentação ontologica de Anselmo basicamente se resumiasm em quatro pontos fundamentais dos quais teriamos: o argumento, a crítica e a contra-crítica, o momento histórico-genético da prova e o conceito de Verdade.
Vejamos:
a) O argumento. -- A razão tem em si mesma a idéia de um ser maior do qual nenhum outro pode ser pensado (id quo maius cogitari non potest). Ora, se tal ser existisse só no pensamento, então não seria o máximo, porque nesse caso poderíamos pensar um maior, a saber, o que existisse não só no pensamento, mas também na realidade. Por onde, a idéia de um ser máximo exige uma existência não só lógica, mas também antológica.
b) Crítica- e contracrítica. -- Já o monge Gaunilão tinha replicado: não é pelo fato de eu supor idealmente existentes as Ilhas Afortunadas, que elas existem. O mesmo dirá Kant mais tarde: a idéia de uma cousa não implica na sua existência. Mas isso já o sabia também Anselmo: não é por um pintor conceber uma obra, que ela já existe, dizia ele- Por isso mantinha a sua prova da existência de Deus e respondia, no seu escrito contra Gaunilão, que exemplo das Ilhas Afortunadas não atinge a questão no seu âmago. Pois, a idéia de Deus é um caso único e incomparável, porque pensamos nele como um ser que necessariamente encerra e de toda a eternidade todas as perfeições, ao contrário de uma ilha, que é um ser limitado. E por aí se mostra o nervo da prova.
c) Momento histórico-genético da prova. -- Está na expressão -- "ser que encerra em si todas as perfeições". Não é outra essa idéia senão a idéia de Deus, de Boécio, a do sunimum onimnium bonorum cunetaque bona intra se continens; a de Agostinho do homum omnis boni; a idéia platônica do bem em si, ανυποθετον e ιχαλον. Isso resulta ainda mais claro da sua outra obra, o Monologium, onde são desenvolvidas duas provas de Deus tipicamente platônicas: a dos graus de perfeição e da idéia do ser supremo. Anselmo não caiu na μεταθασιζ ειζ αλλο γενοζ, mas tinha no pensamento a idéia apriori, que todo imperfeito supõe o perfeito, anterior, em toda a linha do ser, ao imperfeito. Ora, sendo o imperfeito uma realidade, com maioria de razão o perfeito, do qual o imperfeito não é senão cópia.
d) Conceito de Verdade. -- Se se aprofundar melhor o conceito de verdade de Anselmo, então mais claro ficará a sua prova da existência de Deus. Verdade significa para Anselmo a "retidão" das essências, a qual consiste em se conformarem com o seu modelo existente na mente divina. Está no espírito e só aí é perceptível {ventas est rectitudo solamente perceptibis); e precisamente quando o espírito descobre relações necessárias. Mas se a nossa mente descobre na idéia de Deus uma conexão, necessária entre essência e existência, então se nos., revela por isso mesmo uma verdade primeira, pois sc3 poderemos descobrir na cópia à verdade, por existir a verdade-modelo. Por isso não se pode dizer com exatidão que Anselmo passa ilogicamente do mundo conceptual para o real[...]

Como podemos perceber, a estreita relação a que Anselmo estabelece entre o conceito e a “real” existencia se da numa perspectiva de relação de existencia. Assim, ao apresentar sua visão de Deus, Anselmo fala que a essência suprema existe em todas as coisas e tudo depende dela. Reconhece nela a onipotência, onipresença, máxima sabedoria e bondade suprema. E afirma que ela criou tudo a partir do nada.
Paralelo a esta concepção Anselmo se propões a tratar a relação entre Fé e Razão. Neste contexto ele também não abandona os princípios de que os motivara a argumentar a sua fundamentação ontológica. Na verdade a base, segundo ele, para se chegar a conhecer seria mediante a fé. Ela estaria como verdade fundamental. Ele aceita sim a necessidade da razão como elemento de conhecer e aprofundar a fé mediante o contexto da fundamentação da veradade porém ele deixa claro que importa não esquecer que a confiança depositada na razão é sempre determinada e medida pela solidez da fé. Assim, Anselmo foi célebre no perfeito equilíbrio que soube manter entre a natureza e a graça, entre a razão e a fé. Alem do mais ele via na razão um meio e não um fim.
Diria ele em uma de suas passagem do Proslógio(p. 104):

Obrigado, meu Deus. Agradeço-te, meu Deus, por ter-me permitido ver, iluminado por ti, com a luz da razão, aquilo em que, antes, acreditava pelo dom da fé que me deste. Assim, agora, encontro-me na condição em que, ainda que não quisesse crer na tua existência, seria obrigado a admitir racionalmente que tu existes.

Anselmo reconhece o valor da razão e grande necessidade de o homem conhecer. Por isso ele deposita uma confiança na razão e, mediante isso, afirma a necessidade da mesma para o homem viver ainda mais intensamente a sua fé de forma sólida e completa. Ele não teme a razão pois ele sabe que esta é algo dado por Deus e que a Deus tem sua fundamentação. É como se ele cresce que não poderá o homem negar a Deus mediante as próprias capacidade que o mesmo lhe dera.
Anselmo, como Boécio,reconhece o quanto o pensamento reflexivo é essencial e condição primeira para que o homem seja diferente dos animais. Além do mais diante das capacidades racionais e a aceitação da fé como premissa da verdade não mais teriam o que temer os homens.
Assim como Santo Agostinho santo Anselmo foi, segundo as suas próprias palavras, “alguém que se esforça por elevar a sua mente à contemplação de Deus e que procura entender aquilo em que acredita”. Ele crê e depois procura entender aquilo em que acredita.

REFERÊNCIAS

Anselmo de Cantuária: Disponivel em:
Porto Velho - RO
Textos publicados: 12 [ver]
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