Quem é o teu próximo?

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Quem é o teu próximo? Uma pergunta simples, contudo, difícil de ser não respondida, mas, sobretudo, praticada. A resposta para essa pergunta, não está nos lábios, mas nas atitudes, nos gestos e sinais de solidariedade. Ainda, insistimos em responder apenas usando os lábios, por isso, o próximo continua a ser um estranho, um desconhecido, alguém de quem temos receios e julgamentos. Continuamos a ser teimosos, na tarefa de responder responsivamente sobre quem é o nosso próximo, pois enquanto agimos com tagarelices, somos morosos em expressões de companheirismo. Desta forma, nos distanciamos do próximo, sendo este apenas uma penumbra em nosso coração. Um rabisco em nossa vida. Um apêndice na nossa existência. 

A cada dia estamos com mais dificuldades em trazer respostas concretas sobre quem é o nosso próximo. Quem é o nosso próximo? Deixemos os pre-conceitos e pré-julgamentos de lado para poder abraçar o próximo e fazer dele não alguém de quem temos ojerija, mas transformá-lo em um amigo leal, um companheiro de caminhada e aprendizagem. Quando realizarmos uma dieta em nossa alma, teremos então, forças suficientes para, quando necessário, caminhar um pouco mais com aquele de quem as pessoas já se distanciaram. Teremos tempo para aqueles que têm tempo de sobra, não devido a ociosidade, mas aos poucos amigos têm; onde a solidão é companheira fiel nas noites frias e chuvosas e manhãs de calor. O mundo teria menos pessoas adoentadas, caso, as pessoas descobrissem o quanto é terapêutico conhecer quem é o nosso próximo. Os governos gastariam menos com saúde. Os hospitais estariam com seus leitos vagos. Os asilos estariam as vesperas de fechamento. As ruas teriam menos indigentes. A volúpia econômica das empresas farmaceúticas estariam em colapso. Conhecer o próximo é mais do que meramente uma oportunidade de conhecer desconhecidos; fazer de estranhos, alguém familiar. Ah, quem dera, o mundo tivesse pessoas a fim de tornar outras próximas, achegadas. 

Mas, quem é o nosso próximo? Como posso identificá-lo? O teu próximo não é aquele que está ao teu lado todos os dias. Aquele que você senta a mesa e abre uma cerveja e assim, compartilha alguns copos de cerveja. Ou, aquele a quem você sempre pede um cigarro. Nem tão pouco, ao bajulador que lhe traz elogios infantis. Ah, também não é, aquele que é a tua companhia porque existe uma relação monetária muito forte entre vocês. Não, este não é o nosso próximo. Nosso próximo é aquele de quem instirmos em nos manter longe; é aquele que temos reservas em promover a aproximação; é aquele de quem não lembramos quando fazemos uma lista do nossos melhores amigos; são pessoas, que dentro, de uma escala de 0 a 10, teria uma nota 2 (para não ser tão radical). Estes são aqueles que deveríamos nos aproximar, pois eles desafiam nossa paciência; testam nossa calma; alfinetam nosso orgulho; enxergam nossas feridas; colocam a baixo as muitas máscaras que temos. Fácil é gostar de quem gostamos de gostar. Difícil é gostar de quem não gostamos de gostar. 

Assim, o próximo é aquele de quem não gostamos de gostar. Quem é o teu próximo? Agora, você sabe quem ele é, então vá até ele...

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Opinião do leitor