Palavra do leitor
- 02 de maio de 2012
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Quando Crescer... Quero ser Teólogo [evangélico]!
Um teólogo Evangélico tem enormes vantagens. Pensando bem, a primeira não é financeira.
Imaginei-me em um futuro distante um teólogo de profundo pendor Evangélico, desses que fala mais de uma língua, versado em filosofia e afável; bem vestido e com um olhar que misturaria bondade e severidade teológica com afago retórico refletindo a verdade.
Garanto que se souber jogar com política eclesiástica, acabarei por ser catedrático em uma universidade Presbiteriana de tradição.
Assim como funcionário público pode ser um ‘batata-tonta’ com garantia até a segunda vinda de Cristo no emprego e com aposentadoria, salário e outros babados quinquenais, o teólogo Evangélico teria total apoio de sua igreja ou denominação. E ainda seria tido como emérito, ao final.
O teólogo Evangélico não responde a nenhum critério de verdade objetiva. É antropocêntrico!
Diferente de um cientista-pesquisador, ele não tem concorrentes. Ele e o seu conjunto de valores teológicos, já devidamente elaborados nos últimos séculos, constituem verdades fundantes que não precisam jamais passar pelo critério da verdade. São, por definição e história, verdades. É 'geocentrista'.
Ele também não tem que competir com ninguém.
Isso, claro, se for Evangélico primeira linha, não um conservador abestado. Avaliará o momento histórico da sua denominação, repetirá fundamentos que não terá nunca que provar, cercar-se-á de vultos e ideias históricas de peso, atualizar-se-á e os trará como cimento armado a reforçar pontos cardeais da fé, repetindo como um diplomata, estadista e político eclesiástico, verdades eternas.
A rigor, a denominação, sua igreja e ele mesmo, não precisam mais de verdades, sejam elas quais forem e que natureza tiverem.
Elas existem e já foram devidamente descobertas e catalogadas. A validação vem pela via do peso institucional e histórico do que representa e o que deve ser mantido. Por isso ele é tido e visto como teólogo. Grande emprego!
Sua cabeça é muito curiosa.
Conheço um que gosta de explicar-se ao redor de um certo café. Peguei um texto seu outro dia, indicado até por um de seus serviçais no portal ULTIMATO. Em seguida fiz a mesma coisa com a sua temática 30 anos atrás. Cotejei.
Descobri, por exemplo, que é capaz de dar roupagem rigorosamente diferente às palavras, para repetir, hoje, o que escreveu há 30 anos. É um gênio! Admito que sabe mais do que os ‘Quatro Grandes’: Aurélio, Houaiss, Sacconi e Aulete. Quanto ao conteúdo...
Outros há, vetustos, que trazem para o presente, metem-lhe roupagem nova, capricham nos pontos e contrapontos, inserem contrastes chocantes que corariam jovens da sua época, hoje matronas, e diante de uma plateia ávida por segurança, carente de autoridade, perdida em um emaranhado de ideias tolas e toscas, conseguem manter-se teólogo e Evangélico sem ser nenhum nem outro. E ainda são aplaudidos.
Recentemente li artigo de outro. Pastor, professor de uma dessas instituições tradicionais, figura de escol, pessoalmente um cavalheiro, vestido em ‘pinstrip’ bem cortado por algum alfaiate Paulista e metido em gravata de fina seda Italiana. É profundamente convicto no que crê, sustenta e propaga.
Coloquei-o lado a lado com o do café. Não havia diferença alguma! A diferença estava naquilo que os leitores liam o que ambos diziam (que era a mesma coisa, com sinais trocados).
Ambos centravam suas críticas em dois pontos cardeais: imoralidade, que no linguajar Evangélico tem peso de ‘mensalão’ em política; e em termos teológicos, aquilo que a massa ignara não faz a menor ideia.
Nada, nada rigorosamente nada do que propagavam em seus artigos faria sentido fora de um universo pequeno e específico para alguns, isto é teológico e Evangélico.
Os dois, porém, tinham essa vantagem enorme: ambos tinham suas respectivas audiências e o que diziam não interessava em nada ao valor intrínseco das ideias e conceitos que poderiam ou não ser verdadeiros em um universo maior. Mas a audiência de ambos criam como sendo verdades verdadeiras e anunciadas como se verdades fossem.
Quero ser teólogo quando crescer!
Não tanto pelo salário ou pelas garantias que todo mortal asseguraria a si ao chegar à idade da aposentadoria, mas pelo mérito que os outros dariam a mim não tanto pelas verdades que eu dissesse ou deixaria de dizer, mas pela maneira como eu sustentariam-nas ao longo de minha carreira sem provar que são verdades, posto que consagradas desde a fundação do mundo e sem jamais serem questionadas. Oh! Gloria!
Assustei-me, porém, quando um desses famosos deixou escapar em um artigo que repetir verdades fundantes que recebera ao longo dos últimos 500 anos, sem concorrência, já não fazia mais efeito e sentido para os dias de hoje. Intriguei-me.
Perguntado a razão, respondeu que uma nova concorrência teológica e evangélica fazia a mesma coisa!
“Mas você é um teólogo Evangélico!”, retruquei. Melancolicamente, mas com a solenidade de um político escovado, respondeu, “mas a concorrência também o é!”, admitiu.
Imaginei-me em um futuro distante um teólogo de profundo pendor Evangélico, desses que fala mais de uma língua, versado em filosofia e afável; bem vestido e com um olhar que misturaria bondade e severidade teológica com afago retórico refletindo a verdade.
Garanto que se souber jogar com política eclesiástica, acabarei por ser catedrático em uma universidade Presbiteriana de tradição.
Assim como funcionário público pode ser um ‘batata-tonta’ com garantia até a segunda vinda de Cristo no emprego e com aposentadoria, salário e outros babados quinquenais, o teólogo Evangélico teria total apoio de sua igreja ou denominação. E ainda seria tido como emérito, ao final.
O teólogo Evangélico não responde a nenhum critério de verdade objetiva. É antropocêntrico!
Diferente de um cientista-pesquisador, ele não tem concorrentes. Ele e o seu conjunto de valores teológicos, já devidamente elaborados nos últimos séculos, constituem verdades fundantes que não precisam jamais passar pelo critério da verdade. São, por definição e história, verdades. É 'geocentrista'.
Ele também não tem que competir com ninguém.
Isso, claro, se for Evangélico primeira linha, não um conservador abestado. Avaliará o momento histórico da sua denominação, repetirá fundamentos que não terá nunca que provar, cercar-se-á de vultos e ideias históricas de peso, atualizar-se-á e os trará como cimento armado a reforçar pontos cardeais da fé, repetindo como um diplomata, estadista e político eclesiástico, verdades eternas.
A rigor, a denominação, sua igreja e ele mesmo, não precisam mais de verdades, sejam elas quais forem e que natureza tiverem.
Elas existem e já foram devidamente descobertas e catalogadas. A validação vem pela via do peso institucional e histórico do que representa e o que deve ser mantido. Por isso ele é tido e visto como teólogo. Grande emprego!
Sua cabeça é muito curiosa.
Conheço um que gosta de explicar-se ao redor de um certo café. Peguei um texto seu outro dia, indicado até por um de seus serviçais no portal ULTIMATO. Em seguida fiz a mesma coisa com a sua temática 30 anos atrás. Cotejei.
Descobri, por exemplo, que é capaz de dar roupagem rigorosamente diferente às palavras, para repetir, hoje, o que escreveu há 30 anos. É um gênio! Admito que sabe mais do que os ‘Quatro Grandes’: Aurélio, Houaiss, Sacconi e Aulete. Quanto ao conteúdo...
Outros há, vetustos, que trazem para o presente, metem-lhe roupagem nova, capricham nos pontos e contrapontos, inserem contrastes chocantes que corariam jovens da sua época, hoje matronas, e diante de uma plateia ávida por segurança, carente de autoridade, perdida em um emaranhado de ideias tolas e toscas, conseguem manter-se teólogo e Evangélico sem ser nenhum nem outro. E ainda são aplaudidos.
Recentemente li artigo de outro. Pastor, professor de uma dessas instituições tradicionais, figura de escol, pessoalmente um cavalheiro, vestido em ‘pinstrip’ bem cortado por algum alfaiate Paulista e metido em gravata de fina seda Italiana. É profundamente convicto no que crê, sustenta e propaga.
Coloquei-o lado a lado com o do café. Não havia diferença alguma! A diferença estava naquilo que os leitores liam o que ambos diziam (que era a mesma coisa, com sinais trocados).
Ambos centravam suas críticas em dois pontos cardeais: imoralidade, que no linguajar Evangélico tem peso de ‘mensalão’ em política; e em termos teológicos, aquilo que a massa ignara não faz a menor ideia.
Nada, nada rigorosamente nada do que propagavam em seus artigos faria sentido fora de um universo pequeno e específico para alguns, isto é teológico e Evangélico.
Os dois, porém, tinham essa vantagem enorme: ambos tinham suas respectivas audiências e o que diziam não interessava em nada ao valor intrínseco das ideias e conceitos que poderiam ou não ser verdadeiros em um universo maior. Mas a audiência de ambos criam como sendo verdades verdadeiras e anunciadas como se verdades fossem.
Quero ser teólogo quando crescer!
Não tanto pelo salário ou pelas garantias que todo mortal asseguraria a si ao chegar à idade da aposentadoria, mas pelo mérito que os outros dariam a mim não tanto pelas verdades que eu dissesse ou deixaria de dizer, mas pela maneira como eu sustentariam-nas ao longo de minha carreira sem provar que são verdades, posto que consagradas desde a fundação do mundo e sem jamais serem questionadas. Oh! Gloria!
Assustei-me, porém, quando um desses famosos deixou escapar em um artigo que repetir verdades fundantes que recebera ao longo dos últimos 500 anos, sem concorrência, já não fazia mais efeito e sentido para os dias de hoje. Intriguei-me.
Perguntado a razão, respondeu que uma nova concorrência teológica e evangélica fazia a mesma coisa!
“Mas você é um teólogo Evangélico!”, retruquei. Melancolicamente, mas com a solenidade de um político escovado, respondeu, “mas a concorrência também o é!”, admitiu.
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