Palavra do leitor
04 de fevereiro de 2011- Visualizações: 2436
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O reino e a igreja
Sou pastor, mas demorei me admitir assim. Isso porque sempre quis e não quis ser pastor.
Sempre quis por crer na minha vocação para viver no Reino, e para o Reino, de maneira mais exclusiva, e também não quis porque sempre me senti um estranho dentro da igreja. Para dizer a verdade muitas discussões que estão na pauta do universo eclesiástico ou nunca estiveram ou não estão mais na minha e também porque desde minha conversão, em 1993, comecei a conhecer a igreja por dentro e vi presenciei muita coisa que fez mal a minha alma.
Não estou falando de presenciar pessoas falhando por qualquer falha de caráter. Pessoas são pessoas e o próprio Paulo escreve que o bem que queria fazer não conseguia. O ser humano é contraditório, complexo, sapiens et demens, como já escreveu o grande Edgar Morin, filósofo francês, pai do pensamento complexo (dialógico). Até aí nenhuma surpresa, pois não podemos ser fatalistas. A mesma pessoa que pode ter o nome no SPC, pode também saber acolher pessoas, ser uma boa mãe e uma amiga fiel, outra pode ter o nome limpo, mas ser uma péssima mãe, mesquinha e interesseira. A vida é complexa, o ser humano tem um mundo interior complexo que se expressa no dia a dia e por isso não podemos ser fatalistas.
Não falo de falhas pessoais, nem de estruturais, falo de um sistema que faz a máquina da igreja funcionar. Toda instituição tem uma finalidade além dela. Uma nação deve ser uma nação para acolher e dar oportunidade aos seus patrícios, uma escola tem a finalidade de intelectualizar as pessoas que ali estudam, mas o que fazer quando a instituição é uma finalidade em si mesma? Assim vejo a igreja, assim não vejo o Reino.
Jesus disse que ninguém pode dizer que o Reino está aqui ou acolá, porque o Reino de Deus está dentro de nós. O Reino é vida, é transformação (trans – forma – ação), é fonte que jorra de dentro para fora, é liberdade, é a potencialização da pessoa em Deus.
Infelizmente na igreja estamos cheios de dogmas e métodos. Caímos em um só pecado, mas antigo: querer ser igual a Deus. Nos tornamos dogmáticos para defender a verdade e, em nome da defesa da fé a igreja se sujou de sangue e censurou muitas pessoas. No primeiro século um debate teológico entre Pedro e Paulo culminou no primeiro concílio da igreja. Paulo saiu vitorioso no debate, mas Pedro, nem por isso foi excluído ou chamado de Herege. Pode parecer um debate ameno porque hoje é uma questão superada, mas ninguém chama um concílio por algo pequeno. A questão era teológica e séria para aquele tempo. Depois desses vieram muitos outros, mas não para pensar a expansão do Reino, simplesmente para defender a verdade. Construímos um sistema que não há espaço para Deus, dizemos que está ali, mas só porque confundimos o próprio sistema com Deus, o que para mim é idolatria.
Fazendo uma paráfrase do filme Tropa de Elite, o sistema trabalha para o sistema. É verdade, mas o Reino mostrado em Jesus não trabalha para ele mesmo, não se encerra nele, vai além, não busca seus próprios interesses, humilha-se a si mesmo tomando forma de servo e sendo obediente até a morte e morte de cruz. É doação de vida. Quando o Reino chega as vidas se derramam, o mundo é reencantado, as espigas são colhidas no sábado porque o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Não digo que não devemos extinguir os dogmas. Eu tenho meus dogmas sociais, familiares e religiosos. Jesus tinha seus dogmas, como vemos na conversa com a mulher samaritana (a salvação vem dos Judeus), mas também ia além deles quando dizia que não era em montes, mas em vidas que Deus era adorado.
Resolvi meu problema com a igreja há algum tempo. Escolho o Reino para viver, a igreja também deveria escolhê-lo. Viver para o Reino é viver além de seus próprios interesses, é entregar-se a algo maior que você mesmo (Reino). Pelos frutos conhece-se a árvore, não pelos dogmas, mas pelos frutos. Gandhi viveu mais o Reino, sem ser dogmaticamente cristão (no sentido cristológico) do que os cristãos dogmáticos que colonizaram a índia. Veja os frutos e diga se me equivoquei. Jesus disse sobre o centurião romano, que nem em Jerusalém encontrou tal fé.
Renuncio esse sistema para caminhar no Reino. Não renuncio a igreja em si, porque isso seria fatalismo, mas renuncio a opressão, o peso, a massacre, a idiotice e a demência sacralizada, o sistema em si eu renuncio. Renuncio porque não se pode ter dois senhores, o meu eu já escolhi, mas estou na igreja por acreditar que há pessoas lúcidas que também escolhem o Reino e ali na igreja se acolhem.
Sempre quis por crer na minha vocação para viver no Reino, e para o Reino, de maneira mais exclusiva, e também não quis porque sempre me senti um estranho dentro da igreja. Para dizer a verdade muitas discussões que estão na pauta do universo eclesiástico ou nunca estiveram ou não estão mais na minha e também porque desde minha conversão, em 1993, comecei a conhecer a igreja por dentro e vi presenciei muita coisa que fez mal a minha alma.
Não estou falando de presenciar pessoas falhando por qualquer falha de caráter. Pessoas são pessoas e o próprio Paulo escreve que o bem que queria fazer não conseguia. O ser humano é contraditório, complexo, sapiens et demens, como já escreveu o grande Edgar Morin, filósofo francês, pai do pensamento complexo (dialógico). Até aí nenhuma surpresa, pois não podemos ser fatalistas. A mesma pessoa que pode ter o nome no SPC, pode também saber acolher pessoas, ser uma boa mãe e uma amiga fiel, outra pode ter o nome limpo, mas ser uma péssima mãe, mesquinha e interesseira. A vida é complexa, o ser humano tem um mundo interior complexo que se expressa no dia a dia e por isso não podemos ser fatalistas.
Não falo de falhas pessoais, nem de estruturais, falo de um sistema que faz a máquina da igreja funcionar. Toda instituição tem uma finalidade além dela. Uma nação deve ser uma nação para acolher e dar oportunidade aos seus patrícios, uma escola tem a finalidade de intelectualizar as pessoas que ali estudam, mas o que fazer quando a instituição é uma finalidade em si mesma? Assim vejo a igreja, assim não vejo o Reino.
Jesus disse que ninguém pode dizer que o Reino está aqui ou acolá, porque o Reino de Deus está dentro de nós. O Reino é vida, é transformação (trans – forma – ação), é fonte que jorra de dentro para fora, é liberdade, é a potencialização da pessoa em Deus.
Infelizmente na igreja estamos cheios de dogmas e métodos. Caímos em um só pecado, mas antigo: querer ser igual a Deus. Nos tornamos dogmáticos para defender a verdade e, em nome da defesa da fé a igreja se sujou de sangue e censurou muitas pessoas. No primeiro século um debate teológico entre Pedro e Paulo culminou no primeiro concílio da igreja. Paulo saiu vitorioso no debate, mas Pedro, nem por isso foi excluído ou chamado de Herege. Pode parecer um debate ameno porque hoje é uma questão superada, mas ninguém chama um concílio por algo pequeno. A questão era teológica e séria para aquele tempo. Depois desses vieram muitos outros, mas não para pensar a expansão do Reino, simplesmente para defender a verdade. Construímos um sistema que não há espaço para Deus, dizemos que está ali, mas só porque confundimos o próprio sistema com Deus, o que para mim é idolatria.
Fazendo uma paráfrase do filme Tropa de Elite, o sistema trabalha para o sistema. É verdade, mas o Reino mostrado em Jesus não trabalha para ele mesmo, não se encerra nele, vai além, não busca seus próprios interesses, humilha-se a si mesmo tomando forma de servo e sendo obediente até a morte e morte de cruz. É doação de vida. Quando o Reino chega as vidas se derramam, o mundo é reencantado, as espigas são colhidas no sábado porque o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Não digo que não devemos extinguir os dogmas. Eu tenho meus dogmas sociais, familiares e religiosos. Jesus tinha seus dogmas, como vemos na conversa com a mulher samaritana (a salvação vem dos Judeus), mas também ia além deles quando dizia que não era em montes, mas em vidas que Deus era adorado.
Resolvi meu problema com a igreja há algum tempo. Escolho o Reino para viver, a igreja também deveria escolhê-lo. Viver para o Reino é viver além de seus próprios interesses, é entregar-se a algo maior que você mesmo (Reino). Pelos frutos conhece-se a árvore, não pelos dogmas, mas pelos frutos. Gandhi viveu mais o Reino, sem ser dogmaticamente cristão (no sentido cristológico) do que os cristãos dogmáticos que colonizaram a índia. Veja os frutos e diga se me equivoquei. Jesus disse sobre o centurião romano, que nem em Jerusalém encontrou tal fé.
Renuncio esse sistema para caminhar no Reino. Não renuncio a igreja em si, porque isso seria fatalismo, mas renuncio a opressão, o peso, a massacre, a idiotice e a demência sacralizada, o sistema em si eu renuncio. Renuncio porque não se pode ter dois senhores, o meu eu já escolhi, mas estou na igreja por acreditar que há pessoas lúcidas que também escolhem o Reino e ali na igreja se acolhem.
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