Palavra do leitor
06 de maio de 2011- Visualizações: 2170
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O que podemos refletiver com os eventos que cercaram a morte de Bin Laden?
Essa semana, o presidente Barack Obama trouxe uma informação muito aguardada – e até desacreditada – ao mundo: Osama Bin Laden estava morto em consequência de uma operação coordenada pela CIA na Líbia. Agora devemos nos perguntar: que significado pode ter a morte de Bin Laden para o mundo?
Acho o evento em torno da morte dele mais significativo que a própria morte do terrorista e compreendermos o que está acontecendo é importante para sabermos os rumos que o mundo está tomando.
Bin Laden comandou os ataques aos Estados Unidos em 2001. Lembro-me de ficar boquiaberto diante da situação. O World Trade Center em chamas, a população chocada nas ruas, a apreensão do que mais poderia acontecer naquele dia onde até o presidente Bush tardou em levantar-se da cadeira numa escola que visitava. Atônito, ele ficou sem reação como alguém que caminha pela rua e de repente é atacado.
Do outro lado do mundo, pessoas saiam às ruas para comemorar esta barbárie. Vibraram, tendo êxtases de prazer pelo sangue e pelas lágrimas de desespero dos inimigos. Lembro-me de ficar mais uma vez chocado. Uma coisa – que já é horrível – é você matar uma pessoa, outra é depois de matar e ir a uma festa para comemorar. Outra pior ainda é você conseguir seguidores que festejem com você.
Dez anos se passaram e os Estados Unidos conseguiram localizar o seu inimigo número um. O que fizeram? Entraram em sua casa e, depois de uma troca de tiros com um segurança, encontraram Bin Laden desarmado e lhe mataram com dois tiros, um na cabeça e outro no peito. Depois disso, a população dos Estados Unidos saiu às ruas para comemorar e festejar a morte do terrorista. Ricardo Gondim, em seu Twitter, lembrou que na execução dos nazistas – que causaram muito mais sofrimentos aos judeus, que os terroristas aos americanos – os judeus resignaram-se, não saíram às ruas festejando, somente tiveram um sentimento de alguma justiça sendo feita.
Quem julgou Bin Laden, que corte o condenou à morte? Nenhuma. Ele foi condenado à morte pelo sentimento de vingança, pela euforia de que precisaria estar morto. A Declaração dos Direitos Humanos em seu artigo V declara que “ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”; no artigo X continua dizendo que “toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e publica, por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele”.
Certamente alguns me diriam que Bin Laden era um terrorista sanguinário que não tinha nenhum sentimento de misericórdia e que, como tal, não merecia de misericórdia. Ao que eu respondo com algumas perguntas: será que os estados democráticos têm que se transformar em estados terroristas e sanguinários para combater o terrorismo? Será que vamos trabalhar para promover a selvageria ao invés da civilização?
Os Direitos da ONU foram escritos pouco tempo depois da II Guerra Mundial, exatamente porque os estados perceberam a importância de um acordo que constrangesse a selvageria. O mundo, naquele tempo, percebeu de forma clara que o ser humano pode se transformar no animal mais cruel que esse planeta já conheceu. Os animais matam por segurança e necessidade de sobrevivência – fome, por exemplo; nós matamos com requintes de crueldade, criamos a tortura, que procura matar moralmente a pessoa antes de matarmos seu corpo, criamos estados que podem se tornar ditaduras sanguinárias como a ex URSS e outros... o homem pode ser a pior besta contra ele mesmo.
Os direitos humanos procuram trazer o homem civilizado – o que vive em comunidade, capaz de ter um sentimento de justiça, da importância do outro, do acolhimento e de irmandade, racional – à tona, porque se esse homem não surge, a besta nos aparece e o pior não é haver – pois sempre haverá – bestialidades no mundo, mas é quando institucionalizamos essa sede por sangue.
Percebo claramente que depois dos ataques às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, Bush começou uma política de polarização do mundo, de cassação dos direitos humanos com a finalidade de obter confissões em Guantánamo para caçar terroristas, declarou unilateralmente guerra ao Iraque, passando por cima da resolução da ONU que foi contra a guerra, Obama continuou a política sanguinária desse governo e essa polarização maniqueísta. Na França, por exemplo, Sarkozy recentemente fechou as fronteiras para refugiados das guerras que estão acontecendo no norte da África, descumprindo assim mais um artigo XIV que diz que “toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar asilo em outros países”.
Estamos nivelando o mundo por baixo, pelo ressentimento, pela vingança, pela bestialidade, pelo terror e só poderemos colher no futuro o que essas atitudes nos oferece, ou seja, mais ressentimento, mais vingança, mais bestialidade, mais terror e dessa vez, como já fizemos no passado, tudo institucionalizado pelo estado.
Acho o evento em torno da morte dele mais significativo que a própria morte do terrorista e compreendermos o que está acontecendo é importante para sabermos os rumos que o mundo está tomando.
Bin Laden comandou os ataques aos Estados Unidos em 2001. Lembro-me de ficar boquiaberto diante da situação. O World Trade Center em chamas, a população chocada nas ruas, a apreensão do que mais poderia acontecer naquele dia onde até o presidente Bush tardou em levantar-se da cadeira numa escola que visitava. Atônito, ele ficou sem reação como alguém que caminha pela rua e de repente é atacado.
Do outro lado do mundo, pessoas saiam às ruas para comemorar esta barbárie. Vibraram, tendo êxtases de prazer pelo sangue e pelas lágrimas de desespero dos inimigos. Lembro-me de ficar mais uma vez chocado. Uma coisa – que já é horrível – é você matar uma pessoa, outra é depois de matar e ir a uma festa para comemorar. Outra pior ainda é você conseguir seguidores que festejem com você.
Dez anos se passaram e os Estados Unidos conseguiram localizar o seu inimigo número um. O que fizeram? Entraram em sua casa e, depois de uma troca de tiros com um segurança, encontraram Bin Laden desarmado e lhe mataram com dois tiros, um na cabeça e outro no peito. Depois disso, a população dos Estados Unidos saiu às ruas para comemorar e festejar a morte do terrorista. Ricardo Gondim, em seu Twitter, lembrou que na execução dos nazistas – que causaram muito mais sofrimentos aos judeus, que os terroristas aos americanos – os judeus resignaram-se, não saíram às ruas festejando, somente tiveram um sentimento de alguma justiça sendo feita.
Quem julgou Bin Laden, que corte o condenou à morte? Nenhuma. Ele foi condenado à morte pelo sentimento de vingança, pela euforia de que precisaria estar morto. A Declaração dos Direitos Humanos em seu artigo V declara que “ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”; no artigo X continua dizendo que “toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e publica, por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele”.
Certamente alguns me diriam que Bin Laden era um terrorista sanguinário que não tinha nenhum sentimento de misericórdia e que, como tal, não merecia de misericórdia. Ao que eu respondo com algumas perguntas: será que os estados democráticos têm que se transformar em estados terroristas e sanguinários para combater o terrorismo? Será que vamos trabalhar para promover a selvageria ao invés da civilização?
Os Direitos da ONU foram escritos pouco tempo depois da II Guerra Mundial, exatamente porque os estados perceberam a importância de um acordo que constrangesse a selvageria. O mundo, naquele tempo, percebeu de forma clara que o ser humano pode se transformar no animal mais cruel que esse planeta já conheceu. Os animais matam por segurança e necessidade de sobrevivência – fome, por exemplo; nós matamos com requintes de crueldade, criamos a tortura, que procura matar moralmente a pessoa antes de matarmos seu corpo, criamos estados que podem se tornar ditaduras sanguinárias como a ex URSS e outros... o homem pode ser a pior besta contra ele mesmo.
Os direitos humanos procuram trazer o homem civilizado – o que vive em comunidade, capaz de ter um sentimento de justiça, da importância do outro, do acolhimento e de irmandade, racional – à tona, porque se esse homem não surge, a besta nos aparece e o pior não é haver – pois sempre haverá – bestialidades no mundo, mas é quando institucionalizamos essa sede por sangue.
Percebo claramente que depois dos ataques às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, Bush começou uma política de polarização do mundo, de cassação dos direitos humanos com a finalidade de obter confissões em Guantánamo para caçar terroristas, declarou unilateralmente guerra ao Iraque, passando por cima da resolução da ONU que foi contra a guerra, Obama continuou a política sanguinária desse governo e essa polarização maniqueísta. Na França, por exemplo, Sarkozy recentemente fechou as fronteiras para refugiados das guerras que estão acontecendo no norte da África, descumprindo assim mais um artigo XIV que diz que “toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar asilo em outros países”.
Estamos nivelando o mundo por baixo, pelo ressentimento, pela vingança, pela bestialidade, pelo terror e só poderemos colher no futuro o que essas atitudes nos oferece, ou seja, mais ressentimento, mais vingança, mais bestialidade, mais terror e dessa vez, como já fizemos no passado, tudo institucionalizado pelo estado.
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