Palavra do leitor
- 17 de maio de 2021
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O filho não pródigo e a benção de sê-lo
(Quando digo não "sê-lo" irmãos refiro-me a não sê-lo em alguns momentos é claro, posto que somos todos pecadores, perdidos e devassos, longe da graça de Deus)
Ocorre que se uns discorrem sobre a exacerbação do culto ao filho pródigo como crítica – pelos atos cometidos etc. (o que não discutirei aqui), penso que pouco se fala sobre a possível inveja/ira sentida pelo filho fiel, que como dito "todos os anos estivera trabalhado como um escravo a serviço do pai e nunca desobedeceu às ordens dadas, inobstante nunca recebera um cabrito para festejar com os amigos" (Lucas 15:29), mesmo sabendo que por vezes somos como o "filho fiel", e sentimos em dados momentos no fundo de nossas almas uma certa inveja/ira, por ver aqueles que possuindo uma vida "regalada dos prazeres que o mundo oferece" ao final recebem o mesmo perdão daqueles que estiveram trabalhando incansavelmente ao lado do pai, e mais, ainda veem o pródigo receber celebração pela sua volta após o cometimento de tantos impropérios.
Inobstante, cegos pela ira/inveja pecaminosa nascida em nossos corações, por vezes não nos damos conta da benção que é ser o "Filho fiel", aquele que estivera sempre ao lado do pai (Lucas 15:31); Pai esse que afirma tudo que eles têm é comum. Que benção é não ter arrependimentos para amargar, é não ter cometido devassidões para se envergonhar, e não saber de fato o que é comer com os porcos, posto que sempre estivera ao lado do pai. Que benção é não ter se ausentado dessa presença maravilhosa, amorosa e fiel!
Oh Deus, perdoa-nos quando não nos damos conta de que ser o "filho fiel" - em algumas circunstancias , haja vista que nenhum de nós pode ser de fato chamado fiel - é a maior benção recebida, que o fato de estar em sua presença de maneira tal que não precisemos nos alegrar por estar mortos e ressuscitar no sentido espiritual, deve ser agradecida, contemplada, motivo de prazer e gozo, gozo este não externo como o festejo que se deu em razão da volta do filho pródigo, mas interno, real e silencioso como a paz que inunda nosso ser, sempre na presença do Pai.
Desta feita, o desejo maior é que nunca sintamos mais qualquer tipo de ira, revolta ou inveja ao ver muitos pródigos em diversas áreas voltarem e se arrependerem e a festa que daí advém, pois benção tão profunda, tão graciosa e indizível é ser o filho que não foi, o filho que ficou, o filho que pode viver na presença do pai, em paz e comunhão (lembre-se que o pai disse a este, tudo que tenho também é teu, isso não é composse é comunhão). Assim, sejamos gratos pelas vezes que não fomos embora, e em decorrência disso não termos que voltar, e consequentemente não termos do que nos envergonhar e arrepender.
E que possamos também nos lembrar com toda clareza que em muitas outras vezes, sim, fomos pródigos, desprezamos tudo de maravilhoso que tínhamos junto ao pai, mas que mesmo assim ele nos aceitou, festejou nosso renascimento/volta, nos perdoou, e entender e nos lembrar de outrora compreendendo com mansidão assim os "filhos fiéis" e sua possível ira em relação as nossas desventuras pródigas.
E que Deus nos conceda sabedoria sempre, para nos reconhecer (2 Coríntios 3.18), seja pródigo, seja fiel, acima de tudo nos reconhecer alcançados pela imerecida graça.
Graça e paz.
M.F.O.
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