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Palavra do leitor

O enterro do Sr. Barzilai

Garoava incessantemente desde as primeiras horas da manhã naquele dia. O céu nublado mantinha a escuridão da noite que resistia dissipar-se, causando uma sensação incômoda de demora.

Os preparativos para o enterro continuavam sendo feitos mesmo assim. Na ante-sala, o corpo do Sr. Barzilai era velado por familiares e amigos. Homem grande, de aparência sisuda, porém dono de um coração bondoso, trilhado à espada durante seus oitenta anos.

Não era de admirar-se, portanto, o elevado comparecimento de almas durante a noite toda, um entra-e-sai interminável, até que finalmente, amanheceram os mais próximos do falecido.

A não ser pela presença duma senhora de aproximadamente 80 anos que chegara por volta das 3, se identificara como Joana e permanecera num canto reservado em espírito de oração. Ao chegar, dissera a uma das sobrinhas de Barzilai que Deus a havia enviado ali e assim a sua permanência foi consentida.

Ao princípio, sua presença incomodara a Sara, a filha mais velha de Barzilai, porém sua mãe a demoveu de qualquer comentário, fazendo com que conversasse com o Sr. Lottes, amigo de infância de seu finado marido.

- Seu pai foi um grande homem, Sara. Ele possuía o raro dom de persuadir os amigos através da sua conduta irrepreensível. Aprendi muito com ele, abreviou.

- Papai gostava muito das formalidades, não fazia negócio com quem não professava a mesma fé que ele. E, fazendo isso, não se equivocava e prosperava. E, como prosperava, terminava por convencer seu parceiro. Com o Sr. não foi diferente, não é mesmo Sr. Lottes?

- É verdade. Conhecia seu pai desde jovem, mas nunca havia experimentado nada parecido àquele episódio em que me obrigou a dizer a verdade a meu superior e cancelar o serviço que iria realizar...

- Mas vale a vida que o sustento, interrompeu Dona Joana, que acompanhava a conversa, colocando um fim ao seu silêncio e esboçando um meigo sorriso. – O Sr. Barzilai era um homem sábio, continuou, e sabia que o dinheiro não é tudo nesta vida.

- Isso mesmo, concordou o Sr. Lottes.

- Meu pai sempre ajudou aos necessitados, disse Sara, sentindo uma certa afeição por Dona Joana.

- Por isso sempre pode superar suas próprias debilidades, disse a Sra. Débora, viúva de Barzilai, entrando na conversa. – Nos momentos de grande angustia que passamos juntos, nunca deixou de sentir consolo em sua alma, era como se ele se transformasse num poço de jovialidade, transbordando para todos nós.

- O anjo virá mexer as águas, costumava dizer nessas horas - olhando diretamente por entre seus olhos ao horizonte, como quem fitava ao alvo, se levantando e se dispondo a cantar hinos da sua velha harpa: “Quando a angelical trombeta neste mundo estrugir, o meu nome ouvirei Jesus chamar...”.

Nesse momento repousava sob o teto da sala uma espécie de névoa, mas o verso do hino mencionado pela viúva havia despertado o espírito nas pessoas presentes. Foi ela mesma quem entoou o hino seguinte: “Sim, manda outra chuva, Ó bom Salvador! E com Tua chama destrói de nós o mal; ó dá-nos a chuva, do Consolador; ao Teu povo inflama com poder celestial!”

Um coro harmonioso se formou de repente, e seguiam-se os hinos: “Aleluia! P’ro céu vou Caminhando, nada me desanimará! Para o céu eu me vou aproximando, sempre meu Jesus me guiará!”

De longe se avistavam as silhuetas por entre as janelas, em pé, braços erguidos ao céu, e o coro uníssono obrigando os passarinhos a cantarem também. Aos poucos a garoa cessa e entre as nuvens já se podem ver alguns clarões azuis.

Quando o sacerdote chegou para realizar o enterro uma alegria santa estampava o rosto dos presentes e o sol já aparecia ainda que timidamente. Rapidamente tudo foi preparado e o caixão do Sr. Barzilai foi conduzido até uma tenda de lona impermeável disposta à beira do sepulcro.

O sacerdote então tomou a palavra:

- É para mim uma satisfação imensa estar aqui e presenciar o rosto de todos vocês neste momento. Lembro-me da oração de Moisés e contemplo a face de Deus em vocês. Deus está aqui. A glória de Deus está neste lugar. Irmãos e Irmãs, a humanidade tem perseguido a satisfação pessoal..., a realização profissional... e julga tê-la alcançado quando está de posse de muitos bens, assentada nas riquezas. Juntai tesouros nos céus, nos ensinaram nossos pais. Eu vejo em vocês o tesouro que vocês tem guardado em seus corações. Ninguém pode tirá-lo de vocês. Deus lhes deu. Essa alegria contagiante de quem um dia se encontrará com Jesus lá no céu. Eis o mistério que Deus deixou para o homem: o choro ao nascer e o canto ao morrer! Cantem irmãos, pois quando Jesus morreu na cruz, os anjos adoravam. Deus amou o mundo de tal maneira que deu a vida de Seu filho por amor de nós. É a morte que traz vida. A vida eterna. Barzilai era um homem que cria na vida eterna ofertada pelo Pai. Vai em paz Barzilai, os santos vos saúda. Cantemos irmãos, regozijemo-nos na presença do nosso Criador...

“E quando Cristo, o amado meu, voltando, vier dos céus o povo seu buscar, no lar eterno que
Maceio - AL
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